Passadas as festividades da Páscoa o que sobrevive dentro de mim são as chaves de leitura oferecidas pelos evangelistas Mateus e João sobre qual tipo de amor o cristianismo anuncia.

Conversando com a viúva do fundador do Conselho Ecumênico das Igrejas, Lukas Vischer, pude refletir sobre a necessidade de “re-encarnar” o aspecto universalista do amor que o apostolo Paulo descobriu e testemunhou, e isso me serviu de Luz para uma nova compreensão das “verdades evangélicas”.

Interessante é que durante esse período de descoberta de Paulo e de reflexão sobre o que significa ser cristão no mundo contemporâneo, me reencontrei no coração do Magistério da igreja, no estado pontifício (Vaticano), que infelizmente ainda respira de uma concepção vertical do cristianismo.

Foi essa sucessão de encontros, primeiro com o Magistério e depois com a Sagrada Escritura no período pascoal, que me ajudou a perceber que a resposta é única: o tal amor cristão, defendido e buscado pela comunidade crista é o Serviço.

Na quinta-feira santa João deixa claro O TIPO DE AMOR que é o cristão, quando Jesus lava os pés dos seus apóstolos, evidenciado o paradoxo da grandeza do homem que está no servir, no doar a si mesmo. O ato de Jesus repete o mesmo feito anteriormente pela prostituta com ele (Lc 7:36-50) e que foi discriminado pelos apóstolos, como pelos fariseus no episódio com a “pecadora”, mas que simbolicamente deixa claro que o amor não olha nada além do presente.

Esse amor que se doa, alcança o ápice na sexta-feira santa, com Mateus que mostra A MEDIDA DO AMOR em Jesus que dá a sua vida. A morte do Filho de Deus não é só redenção dos pecados, mas proporciona uma nova compreensão do que é o verdadeiro amor: doação profunda e consciência de que é necessário “morrer” para encontrar a verdadeira Felicidade. O sofrimento, a dificuldade e a dor são passagens necessárias para o crescimento de todo ser humano e que o convida a estar sempre mais EM DEUS.

Porém é na ressurreição do sábado de aleluia O VERDADEIRO NATAL dos cristãos. O nascer para uma nova vida, alcançada por meio da dor onde se conclui a catequese do amor, que não termina na dor, mas na alegria, na festa algo que extrapola a pseudo-felicidade que o mundo contemporâneo insiste em tentar nos convencer.

Se cada cristão vivesse esses três passos com radicalidade o anúncio evangélico não permaneceria culturalmente estático, como tantas vezes se vê hoje.

A crença na Verdade cristã nada tem a ver com a ilusão romântica ou ingenua que muitas vezes o catolicismo prega, e se afirma “condicionante”. Acreditar e viver o amor cristão é praticar o necessário exercício de reconhecimento de Deus que atua hoje no mundo, por meio de cada um de nós. Convite UNIVERSAL que não se limita a raça, cor, crença ou status social.

Com a DEI VERBUM, documento do Concílio Vaticano II, o Magistério se coloca à serviço do Amor e não como possuidor do mesmo. Na leitura desse documento pude sentir o mesmo espirito de abertura que Paulo questionou no Concilio de Jerusalém, que culminou com o respeito aos hábitos pagãos, colocando como única condição à salvação:

a Fé no Verdadeiro e “pascoal” amor cristão.