luz

Vontade… Desejo… Duas palavras tão parecidas. Sinônimas, direi. Mas que para mim têm forças distintas. Enquanto a primeira descreve um impulso exterior, superficial, a outra carrega em si um anseio profundo, uma vontade que vem de dentro. Digo isto porque, se dependesse da minha vontade, não estaria hoje no advento da minha formatura na PUC-SP.

Depois de algumas experiências pelo mundo, me encontrei diante das inscrições do vestibular e mais uma problematização: Que faculdade eu presto?

Decidido a dar exclusividade para faculdades públicas, fui questionado por um grupo de amigos (que, como eu, acreditam que somos agentes concretos na construção de um mundo melhor) sobre a possibilidade de prestar PUC e assim ficar em São Paulo (tinha feito a inscrição só na UNESP, em Bauru) continuando a fazer parte desse grupo.

Movido por esse desejo e sem me questionar demais, decidi correr o risco, ciente de que, mesmo se passasse, não poderia estudar na PUC por estar desempregado e não ter condições de ser patrocinado pelos meus pais.

Enfim, fiz o vestibular e em janeiro tive a paradoxal notícia de que havia sido aprovado. E agora?

Lembro-me como se fosse ontem da inscrição. Minha mãe, mais preocupada que feliz, disse que só teria condições de pagar a matrícula, que eu deveria encontrar um emprego urgente.

Até aqui, tudo muito natural, nada de surpreendente mas, uma semana antes do inicio das aulas, recebi a ligação de um antigo chefe, gerente de uma loja de informática onde trabalhei alguns anos antes, me perguntando se não estava querendo um trabalho.

Feliz e muito surpreso (talvez assustado fosse a palavra mais adequada) disse que sim e fui conversar com ele no dia seguinte. Fui com o discurso pronto: “só posso trabalhar aqui se o senhor pagar a minha faculdade”, mas nunca na minha vida acreditaria que receberia um SIM sem questionamentos.

Foi assim que vivi o meu primeiro ano de faculdade. Mesmo não trabalhando na área pude cumprir com as obrigações financeiras sem prejudicar o orçamento familiar. Era uma conquista desses meus cientes “99% de transpiração” e do imensurável “1% de inspiração divina”.

Porém, depois disso, senti que aquele mesmo desejo que me havia colocado na PUC me empurrava para mergulhar na minha área. Precisava de um emprego ligado à comunicação.

Em dezembro, fui informar o meu chefe que estava procurando outra coisa e me vi diante de mais um problema: irritado ele disse que se não quisesse ficar, teria que ir embora no final daquela semana.

Após alguns minutos de desespero. Sentei diante do computador e “disparei” currículos por toda a parte. Até aí, novamente, nada de anormal. Surpreendente foi receber uma ligação dois dias depois para uma entrevista na quinta-feira.

Feliz, fui bem preparado para a Editora Análise e na sexta-feira, 20 minutos após estar oficialmente desempregado, fui informado que havia sido selecionado para começar a trabalhar na primeira semana de janeiro.

Fiquei mudo, afinal de contas, além do emprego, ainda ganharia duas semanas de descanso. Mas, como “nem tudo são rosas”, o salário era menor e assim, teria que contar com a ajuda financeira dos meus pais.

Isso realmente me incomodava, mas não tinha escolha e aquele desejo interior não me deixou desistir.

Depois de quatro meses lá, aprendendo “na prática” o jornalismo, construindo relacionamentos, recebi um email da PUC dizendo que o edital de 70 bolsas integrais para toda a faculdade tinha sido aberto.

Sem muita esperança me inscrevi, procurando não falhar na entrega dos documentos do “atestado de pobreza”, porque seria o primeiro parâmetro, seguido pelo desempenho no primeiro ano do curso.

Até aí, novamente, tudo tranqüilo. Quantas pessoas não fizeram o mesmo que eu? Mas o desfeche é que foi surpreendente, com diversos pormenores que não vou acrescentar para não virar uma grande novela. Mas, enfim, a partir de março do meu segundo ano de faculdade, comecei a estudar de graça em uma das melhores faculdades do Brasil.

A minha felicidade só não foi maior do que a certeza de que realmente era tudo fruto da fidelidade àquele desejo…

Links no Youtube:

Parte1: http://www.youtube.com/watch?v=JIBpbzzyqEU

Parte2: http://www.youtube.com/watch?v=gm9LQuVCOo8

Parte3: http://www.youtube.com/watch?v=TmRjBdtlzd0

Parte4: http://www.youtube.com/watch?v=Fxw7Wzqxw-A

Parte5: http://www.youtube.com/watch?v=lmHvfyau2QU

Parte6: http://www.youtube.com/watch?v=Emrn1Evaq7o