Month: August 2021

Partilhar nos preserva – 15 anos de eLe.com

Uma das lembranças curiosas que tenho da minha adolescência era o meu estranho saborear das crises típicas daquele período. Estar em crise, era sinônimo de busca, de insatisfação. Muitos daqueles conflitos existenciais serviam como combustível para inúmeras reflexões sobre o mundo, as pessoas, os sentimentos.

Fases da intensa juventude paulistana, de mergulho profundo nas minhas crenças e valores, do amor binacional e das andanças pelo mundo, até experimentar um amor incomensurável com a paternidade. Tudo para me trazer de novo aqui, em um novo ciclo de reconstrução da minha própria identidade.

O escrevo logo existo.com é o fruto concreto dos últimos 15 anos de caminho. Como escrevi na apresentação do blog ” O eLe existe graças aos inúmeros encontros e desencontros de mais de uma década. Amigos, amores, dúvidas, certezas, e mais dúvidas. Momentos de Luz, de sombras e vazios. Histórias divertidas, poesias profundas e banais. O resultado nunca realmente importou. Este blog sempre foi caminho, processo.”

Hoje festejo não somente os 15 anos de história desse companheiro de viagem, mas a certeza de que o partilhar preservou meus sonhos e sobretudo meus ideais.

Gratidão imensa por todos aqueles que inspiraram os textos do blog. Alguns que não estão mais por aqui, mas que me acompanharam nas diferentes fases. Um carinho especial aos leitores, sobretudo aqueles que com coragem criticaram e com lindas mensagens agradeceram.

Continuemos a caminhar, juntos. Até quando a vida permitir.

Porto Seguro

Porto Seguro

Hoje o dia amanheceu diferente.

Não que tenhamos nos surpreendido pelo mau tempo e a chuva se preparando para cair. Afinal de contas, isso aconteceu durante quase todo o “projeto de verão” que tivemos esse ano aqui na Suíça.

A grande novidade dessa Segunda-Feira estava na mais importante mudança na nossa família desde a chegada da Yara, há quase dois anos. Hoje, porém, os holofotes e a nossa alegria estavam particularmente na Tainá, nossa primogênita.

Há meses temos conversado sobre o seu ingresso no Jardim de Infância. Procurado explicar as novas dinâmicas e o fato de que agora ela começaria a trilhar seus caminhos sem a presença da sua irmãzinha e grande parceira de aventuras.

Pais e mães nunca estão preparados para esses momentos de desapego. Esse novo ciclo tira das nossas mãos o controle, o monopólio dos estímulos e de sermos figuras únicas na educação das nossas filhas. Agora a Tainá terá novos amigos, novos modelos que vão contribuir para quem ela será mais adiante.

Algumas lágrimas escorrem, de alegria e um pouco de apreensão. Mas a nossa passarinho foi voando, destemida, alegre, 100% Tainá.

Hoje, de certa forma, ressignificamos o nosso papel de pai e mãe, aceitando o convite da vida para sermos, sobretudo, grandes acompanhantes das nossas filhas. São elas as verdadeiras protagonistas das próprias histórias.

Um detalhe.

Ao sair de casa, a Tainá escolheu pegar na minha mão no caminho da escolinha. Dentro senti uma alegria incrível por me sentir “Porto Seguro”.

Muitos novos ciclos virão, mas é esse o meu maior desejo. Continuar sendo um “lugar” visível onde ela pode ancorar segura, sempre que precisar.

Re-começar

Re-começar

Pés calejados, mas não por caminhar em círculos.

E sim tentando me reconstruir, sem muletas.

Carente de pessoas pretas

e de profundos vínculos.

Os passos em direção ao mar acalentam

Dias de luta e de glória que se complementam

Com sorrisos sonoros, olhares quentes

Experimento o amor e o amar, interdependentes.

E no repousar, recobrar o respiro

ressignifico derrotas, vitórias, inspiro.

Para que o ar entre, e eu reencontre a paz

Certo de que nem sempre a gente é capaz

Cair, levantar, perder,

aprender a lutar.

E diante das intempéries,

dia após dia,

re-começar.

Dia dos pais

Dia dos pais

Acabei de falar com o meu pai, que semana passada festejou seus 73 anos de vida. Que privilégio eu sinto de ser filho dele!

Pensar no meu pai me faz sempre refletir sobre o impacto dele na minha vida enquanto pai, homem e, acima de tudo, ser humano. Apesar dos seus limites e vazios, ele sempre esteve presente, com um olhar sereno e um sorriso acolhedor que me fez sentir amado. 

Hoje, mesmo com toda abertura da sociedade e o incentivo do Feminismo, o papel do homem continua problemático. Além do machismo estrutural, que muitas vezes custa a vida de mulheres em todo mundo, outro aspecto negativo de impacto avassalador é justamente a aceitação da ausência dos pais dentro de casa. Na partilha das tarefas domésticas, mas sobretudo na falta de participação na educação e no acompanhamento de filhos e filhas.

Infelizmente, existe também um certo conservadorismo imbecil que sustenta a manutenção de papéis ditos tradicionais com justificativas religiosas. Família é um espaço dinâmico, que encontra o próprio equilíbrio no esforço comum e cotidiano de pais e filhos para que todos encontrem a propria realização. TODOS.  Nos mais variavelmente coloridos caminhos.

Rotular ou encaixotar os papéis de pais e mães é como cultivar um jardim monocromático.

Que hoje seja um dia para festejarmos pais presentes (valeu pai!), protagonistas, abertos e dinâmicos.

É esse pai que eu tento ser, esforçando-me e rezando todo dia para me aproximar mais dele.

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