Recomendação: Leia, imagine essas fotos, pense nelas e continue!

Foto1:

Domingo de inverno na capital econômica de um dos países mais ricos do mundo. Zurique, na maravilhosa Suíça.

Mesmo com forte influência das igrejas reformadas, a parte alemã do país ainda tem forte presença de fiéis católicos.

Contudo, o que se vê no “Dia do Senhor” é uma catedral, das dimensões da grande igreja paulista da Sé, vazia. Com algumas dezenas de idosos, além de nós, um grupo internacional de jovens que estava visitando a cidade.

“O que será da Igreja Católica em dez, vinte anos? O que esperar de uma Igreja sem jovens? Como acreditar em uma fé que não procura se adaptar as realidades, a fim de tocar o coração das Novas Gerações?”

Pela primeira vez na vida vi e entendi que o catolicismo mostrava sinais claros de fraqueza diante do niilismo que atinge principalmente a Europa.

Foto2:

1 de abril de 2005.

Parecia mentira, mas na virada daquela noite, um dos principais personagens da história moderna estaria deixando este mundo.

Não interessa a religião ou a ausência dela, de modo geral todos admiravam o polonês de Wadowice, Karol Józef Wojtyła, mais conhecido como João Paulo II.

Como esquecer aquela cena?

Uma Roma silenciosa, milhares de pessoas nos metrôs que não cobravam a viagem naquela noite.

Da “stazione Ottaviano” até a “Piazza San Pietro” são necessários poucos minutos de caminhada. Durante aquele breve percurso sentia-me, em meio aquela multidão, já com o coração aquecido.

Contudo, o inesquecível foi passar entre as colunas que levam até a grande basílica e contemplar milhares de pessoas ali, ajoelhadas, lembrando-me imediatamente as tomadas aéreas das mesquitas em dias de Ramadã.

Aquela praça lotada, tudo iluminado por velas e alguns refletores. Todos rezando pela vida daquele homem que mudou a história da humanidade.

Um ano antes eu estava há poucos metros de João Paulo II, em uma sua visita na Suíça. Aquele corpo frágil, massacrado pela doença, mas um sorriso quase constrangedor, o aceno e as palavras de esperança.

Será que tudo isso justificava que, a grande maioria daquelas pessoas ajoelhadas na Praça São Pedro, naquela noite, eram jovens?

Não me contive e chorei!

Borbulhavam em minha cabeça as inúmeras experiências “mágicas” de sentir a presença de Deus na minha vida.

Independente do nome que damos a Ele (Allah, Maomé, Luz, Força, Espírito…), pude experimentar essa forte realidade que até hoje dá sentido a minha vida, nesse constante mar de indiferença que somos obrigados a mergulhar.

Na Praça São Pedro jovens que, como eu, acreditam que a vida não é só um jogo sem sentido e, por isso, não deve ser vivida com descaso, não podemos admitir-nos infelizes, acomodados.

A figura daquele homem iluminava a minha desesperança. O desespero em ver a minha fé (católica) esmorecida com o tempo, auxiliada pelo niilismo.

Foto 3

De volta a casa. Hoje, na missa em uma das igrejas mais freqüentadas do centro de São Paulo.

Apesar da quantidade de pessoas, na fila da comunhão olho ao meu redor e percebo… cadê os jovens? Não encontrá-los me deixou instantaneamente triste, me senti incomodado.

Sim… era uma missa comum, de “meio de semana”, mas mexeu comigo só ver velhinhos naquela Casa que também é minha e dos meus coetâneos.

Fiquei com questionamentos preconceituosos do tipo… será que esses idosos não têm o que fazer em casa e por isso correm pra igreja?

Mas não estava ali para julgar e tentei me concentrar na missa.

Durante a homilia o mesmo sermão de ontem, as mesmas palavras. Parecia discurso decorado e admito que fiz um esforço sobrenatural para não me distrair.

Uma celebração nem um pouco atraente. Um rito nada solene. Não consegui nem me desligar das minhas preocupações, para entrar em comunhão com Deus.

Conclusão:

Mas será que é culpa minha? Claro!

Contudo, venho constatando que a Igreja (instituição católica) vem perdendo a capacidade de mostrar a beleza de Deus. De fazer de momentos sagrados essenciais, (missas, adorações, festas como o Natal e a Páscoa…) oportunidades de entender o sentido dos acontecimentos cotidianos, na perspectiva divina.

No final de 2009 participei de um culto evangélico. Uma experiência nova, de abertura e de conhecer um modo “diferente” de estar CONECTADO (para usar uma das concepções etimológicas da palavra religião) com Deus.

Senti uma presença NOVA, que raríssimas vezes tenho encontrado na minha Igreja… uma solenidade e uma preocupação introspectiva de preparar o espírito para construir esse momento pessoal/comunitário com o Divino. Entendi na hora o porquê de tantos jovens ali, pois me senti acolhido.

Porque a Igreja Católica não consegue mais, exceto por meio dos Movimentos, proporcionar essas experiências, sobretudo aos Jovens?

Vinha-me sempre a figura de João Paulo II, aquele grande homem, que tinha um olhar particular para as Novas Gerações. Que sabia ser duro, amável e que PRINCIPALMENTE era testemunho vivo do Evangelho que nós cristãos tanto acreditamos.

Mesmo diante de tantas perguntas, questionamentos sem respostas, pensar nele me deu tranqüilidade hoje. É preciso viver com coerência o catolicismo e mostrar que por meio dele está escondida a nossa felicidade. Que custa, claro! Custa abrir mão de Verdades que o niilismo questiona. Mas o caminho da Felicidade é realmente duro!

3 fotos!

3 momentos!

1 certeza!

Vale a pena olhar pra frente e ver que é impossível ser feliz de outra forma, mesmo o caminho sendo as vezes “monocromático”.

Contudo, ir contra esse sentimento interior seria enganar-se, enganar-me.

A felicidade é inegociável.