3171153888_f9d49e970d_bFui feito com a melhor e mais bem curada borracha que a cidade oferecia. Coisa fina.

Nada frágil demais que seja destruído no primeiro golpe, nem muito rígido ao ponto de suportar as “porradas” que o meu ofício atribui.

Por meio do alvoroço que faço, sempre fui responsável em transformar o acontecimento “festa”, em algo agradável para o maior número de convidados. As crianças sempre esperam com ansiedade o momento do estouro do bexigão.

Mas, ser bexigão tem também seus paradoxos.

A gente sabe que a festa não depende da gente para acontecer. Também estamos cientes que, ás vezes, para que somente poucas pessoas sejam convidadas e não haja alvoroço na festa, acabamos sendo dispensados.

Se formos rígidos demais, acabamos sendo trocados. Afinal de contas, sem explosão não tem o que o dono da festa quer: estouro e distribuição de doces (circo e pão).

Já ser frágil também promove dispensa, porque os convidados precisam passar o máximo de tempo possível entretidos com a brincadeira.

Mesmo com tudo isso, a pior coisa de ser bexigão é viver todos esses paradoxos calado. Sem poder escolher quando e como serei estourado, quem vai participar da festa ou que tipos de doces vamos oferecer para quem nos “acertar”.

Não… nada disso… bexigão vai pro abate quieto, exerce a própria função calado, servindo de manobra para fazer a festa mais ou menos visível. Ai daqueles que, em vez de oxigênio, queiram ser enchidos de hélio, como os balões, para voarem bem alto, sem serem estourados.

Também porque, mesmo sendo balão, você ainda vai depender da boa vontade dos outros para efetivamente existir!

Pensamentos:

Pensando na relação em que me encontro profissionalmente quase não consigo me ver de maneira diferente.

Estou me formando em uma faculdade que me molda de maneira “eficaz” para o Mercado… Nem vazio, nem fraco, nem muito forte nos meus paradigmas, mas sim aberto aos fragmentos de verdade que cada acontecimento tem.

(Ser jornalista, para as empresas de comunicação, é ter conteúdo suficiente para identificar esses fragmentos, mas sem a “consciência” que atrapalha “A verdade” que deve triunfar)

Esses acontecimentos, a festa, devem seguir a parcialidade dos diretores, chefes de redação, editores ou mesmo os jornalistas formados que, mais por respeito humano do que por competência efetiva, ditam.

Ser socialmente “dispensável”, estar em uma classe trabalhadora desunida e principalmente incapaz de lidar com as diferentes posições, nos faz sermos escravos dos mandos e desmandos das empresas. Somos massas de manobra política que torna um acontecimento mais ou menos relevante. (Afinal somos só acessórios)

Existe um silêncio prudente (ou covarde) que pode acarretar ou não no crescimento profissional dentro de uma empresa de comunicação. O famoso “engolir sapo”.

Esse é o meu sentimento no advento de me tornar jornalista. Ter que lidar com problemas, paradoxos, paradigmas frágeis e manter-me “bexigão”. Ali, no alto, para estourar ou não, quando necessário.

E mesmo se contemplo uma forma de fazer a festa ser mais animada, tenho que me manter calado, na minha indigna pequenez.