I-181-0415Atualmente existem cerca de 1,5 bilhões de usuários de internet, segundo a Internet Worlds Stats (www.internetworldstats.com).

Esse enorme contingente de “surfistas” coloca em questão quais são os limites da esfera pública e particular na internet. Muitas pessoas acreditam que, porque o computador para acessar a Rede está em suas casas, tudo aquilo que é feito nesse ambiente não é passível de intervenção do Estado.

Contudo, além dessa discussão existe outra, também muito importante, que dialoga diretamente com a lógica capitalista, cada vez mais questionada no limiar de um colapso global que vem se configurando atualmente no mundo e provém justamente desse modelo de sociedade.

As informações da internet são de maneira geral mal concebidas pelos seus usuários. Muitas pessoas acreditam que tudo aquilo que está dentro do universo Web tem existência material, sem se dar conta de que tudo que transita neste universo está alocado em servidores reais, com limite e capacidade de armazenamento e, sobretudo, dentro do espaço físico de empresas privadas. (Estima-se que a americana Google possui um imenso arsenal de informações dos seus usuários em seus servidores, compiladas pelos seus programas como: Orkut, You Tube, Blogger, Gmail, entre outros)

Porém, o que precisa estar claro por quem usa a internet é que essa grande massa de “conteúdo” precisa necessariamente desses servidores físicos para existir. Nada está fora dessa condição. Com o Capitalismo a relação é a mesma.

Todo o dinheiro produzido no mundo – papel moeda – necessita de uma relação direta com riquezas físicas, materiais como ouro, petróleo, plantações e etc. Mas, também aqui existe um entrave. A mesma incapacidade de relacionar a informação da internet com a necessidade de servidores físicos, é transferida para o modelo econômico vigente. As pessoas não conseguem entender que o dinheiro é só uma maneira simbólica de representar as riquezas específicas de um determinado local, ele em si, não tem valor algum.

Assim, chegamos a primeira grande crise do século XXI.

A lógica especulativa transformou, de maneira inconseqüente, “achismos” em dinheiro. Dessa forma se chegou a uma dívida de 600 trilhões de dólares, enquanto a economia mundial só é capaz de produzir 50 trilhões e os EUA, principal motor da lógica especulativa, 13 trilhões em riquezas.

Essa perda catastrófica da relação dinheiro-riqueza acabou gerando um enorme problema para a economia global e os governantes ainda estão buscando uma forma pacífica para resolver o problema.

Em meio a tudo isso o pensamento socialista vai ganhando voz, principalmente nos países sul-americanos. Em contrapartida, as empresas capitalistas tentam abafar esse emergir de uma nova sociedade, temerosas da perda de seus bens, do capital privado.

No Brasil o episódio da “Ditabranda” (em que o editorial da Folha de S.Paulo usou este termo para dizer que a ditadura brasileira não pode ser comparada aos outros regimes ditatoriais da América Latina) foi um exemplo quase escandaloso das estratégias políticas que visam controlar a ebulição social pró Esquerda no Brasil, ás vésperas das Eleições presidenciais, e intensificar a retomada do poder pela Direita. (Aqui, cabe lembrar que a principal candidata da Esquerda brasileira, Dilma Ruosseff, foi uma das protagonistas da luta contra a Ditadura).

A falta de diálogo entre “as partes” ideológicas, tanto no Brasil, como no resto do mundo, gira em torno da necessidade de manutenção do poder. O pensador Herbert Marcuse em seu ensaio sobre a Ética da Revolução justifica a violência prol revolução (mudança de modelo de sociedade) como necessária para o desenvolvimento social, porque “ninguém estaria disposto a abrir mão dos próprios privilégios de maneira pacifica”. Por isso o conflito, o combate entre forças divergentes. No Socialismo: primeiro a ideologia, depois os seres humanos. Enquanto no Capitalismo é o dinheiro que toma lugar das pessoas.

Essa força da Esquerda ecoa justamente com o ruir das grandes empresas capitalistas. A General Motors é um exemplo simbólico da necessidade de readaptação do Capitalismo sobre as condições em que ele mesmo chegou. A massa de desempregados vai crescendo e transformando o planeta numa imensa panela de pressão, prestes a explodir, mas a maioria da população mundial continua vivendo a sua vida, trabalhando, estudando, sem perceber que a lista dos desempregados corre “de baixo para cima”.

Diante dessa conjuntura existe um impasse sem soluções.

Não, talvez exista uma única plausível: o diálogo.

Enquanto os “Dinheirocratas” e os “Ideologiogratas” não estiverem, ambos, dispostos a abrir mão do pouco suficiente para que esse diálogo se estabeleça será impossível encontrar uma saída sadia para os problemas do mundo.

Seria ingenuidade acreditar que uma forma ou outra de governo é capaz de transformar a sociedade. A história mostra o falimento de ambos. Estados Unidos, União Soviética, Cuba, União Européia. Todos, independentemente do regime, acabaram colocando outras coisas à frente do Homem.

A situação é esta. O tempo vai passando e o cenário vai se desenhando com dramaticidade crescente. Como um vírus que corre pela INTERNET, sem vacina, e que é capaz de destruir todas as informações da Rede: contas bancárias, registros pessoais, fotos de família, trabalhos universitários e etc… a “vida” de cada cidadão do século XXI.

Uma frase há tempos vem ecoando na minha cabeça. “Confundimos de maneira insana radicalismo e extremismo. Qualquer forma extrema de afirmar uma idéia é suspeita. A ética coloca a pessoa em primeiro lugar, principalmente aqueles que pensam diferentemente de mim. Eles também são gente como a gente e a Verdade é a união de inúmeras peças, fragmentos, pensamentos. Ela não exclui, engloba”.