Month: September 2008 Page 2 of 3

Zé e o trabalho como sentido da vida

working_overtime

Era uma vez um homem centrado em si mesmo.
Louvado pela sua equipe de trabalho, Zé era extremamente bom naquilo que se propunha a fazer, mas não conseguia se relacionar nem mesmo com uma porta.

De nada adiantavam as manifestações de carinho dos colegas de trabalho. Zé continuava sempre focado, não tinha tempo a perder com sentimentalismo.

Passaram-se os anos e Zé foi aumentando sua visibilidade dentro da empresa. Passou de efetivo à coordenador. “Em pensar que alguns anos atrás estava de Boy, entregando boletos de banco para o Financeiro”.

Agora Zé já era Assessor da Diretoria e seu prestígio chegou até o presidente da empresa, que o chamou para um colóquio particular:

“Entre meu jovem. Gostaria de saber o que você tem feito…”
“Bom… desenvolvi um sistema de informações com tabelas, gráficos, para calcular o desempenho da empresa, com a finalidade de identificar todas as falhas de procedimento que geram déficits e…”
“Basta! Não foi na empresa que eu perguntei. Quero saber o que você faz da vida. Se você é casado, tem filhos, seus hobbys..” E Zé emudeceu. Percebera que até ali tinha se desenvolvido como funcionário. Chegava mais cedo, era sempre o último a sair do escritório central, mas não tinha amigos, apesar da idade avançada nunca havia encontrado uma mulher que estivesse disposta a dividir a vida com ele, ou seja, vivia exclusivamente para o trabalho.

Enquanto o presidente da empresa aguardava Zé, o som do “tic tac” do relógio o fez pensar em sua infância, adolescência e o quanto era feliz naquele período.

“Joga a bola Zé!!! Para de ficar enrolando porque a gente ta perdendo o jogo!”
“Calma, já vai o zabezão!!”

O chute do garoto atravessou todo o campo e caiu bem no pé do talentoso Henrique que foi rápido o suficiente para driblar o goleiro e fazer um belo gol. O apito do juiz decretava o fim do jogo e o empate garantia o tão sonhado titulo do Jogos Universitários.
A festa foi longa. Joana, sua namorada correu para beijá-lo, enquanto todos se abraçavam e festejavam a vitória. “Parabéns amor. Estou orgulhosa de você!”.
Nesse período Zé era mesmo feliz… tinha amigos, praticava esportes e namorava a garota que ele desejou a vida toda.

“Como foi que você deixou de fazer as coisas normais?”.
A voz do presidente da empresa trouxe Zé novamente para a sala do grande chefe e aqueles momentos de glória se esvaeceram, da mesma forma que o sentimento de segurança que tinha tomado conta dele. Sem saber o que dizer Zé abaixou a cabeça.

O presidente se decepcionou pois acreditava que o trabalho dignificaria o homem, faria com que as pessoas entendessem que tudo é parte do desenvolvimento humano-afetivo pessoal.

“Pode passar no DHO. Não posso mais aceitar homens-máquinas na minha empresa, quero gente com coração, que saiba se relacionar, são essas as novas diretrizes estipuladas pela Academia do Grupo”.

“Ok, irei imediatamente.”, disse Zé, que na mesma tarde, jogou-se da ponte e tirou sua vida, pois já havia perdido tudo aquilo que dava sentido a ela.

Sucesso paraolímpico

Que a participação brasileira nas Olimpíadas chinesas foi um vexame, acho que não é preciso acrescentar mais nada. Ainda mais diante de toda a expectativa que foi gerada em torno dos atletas tupiniquins.

O humilhação só não foi maior, porque boas surpresas como César Cielo, Maurren Maggi e a equipe feminina de voleibol douraram a nossa decepção.

Ficou mudo o grito de “Brasiiiiiiiiiiiiiiiiil” do Galvão Bueno e talvez fosse mais adequado gritar a cada “vitória”: “BRONZIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIL!!!

Mas, em compensação, estamos gozando da melhor participação da delegação brasileira paraolímpica, no mesmo palco onde brilharam os atletas considerados “normais” ou “sem necessidades especiais”. Enfim, não é preciso nenhum juízo de valor, pois os números dizem tudo:

JOGOS/ MEDALHAS

OLÍMPICOS

PARAOLIMPICOS*

OURO

3

15

PRATA

4

13

BRONZE

8

17

TOTAL

15

45

NÚMERO DE ATLETAS

277

188

MODALIDADES

32

17

*Os jogos ainda não acabaram

Na média, 5,4% dos atletas brasileiros ganharam medalhas nas olimpíadas, enquanto 23,9% foi a porcentagem dos paraolímpicos que ganharam medalhas até agora. Exatamente o triplo do número total, mesmo diante de uma delegação com quase 100 atletas a menos.

E as respostas? Quem dará? As especulações são inúmeras.
Antes das olimpíadas diziam que nunca havia sido investido tanto dinheiro na delegação que iria representar o país nos Jogos Olímpicos. E porque então o vexame? Em compensação, sabe-se muito bem de toda a deficiência administrativa que existe no suporte aos portadores de necessidades especiais. E por que o ótimo desempenho?

Enquanto o melhor nadador brasileiro das Olimpíadas chorou com um singelo ouro e um “heróico” bronze, (pouquíssimo, se comparado as 8 medalhas conquistadas pelo americano Michael Phelps) o “Phelps brasileiro”, Daniel Dias, ganhou 4 ouros e 3 pratas nas Paraolimpíadas.

Sim, é verdade que as categorias são bem mais segmentadas e as chances de vitória são mais concretas. Mas isso só serve de desculpa para justificar o fiasco olímpico. Nada mais.

Antônio Tenório é o exemplo claro de sucesso brasileiro nas Paraolimpíadas da China. O atleta conquistou seu tetracampeonato seguido e dedicou essa medalha para si “e para todos os brasileiros” que torceram por ele. “Muito obrigado a todos é um prazer levar essa alegria a todos os brasileiros”, disse o tetracampeão. Antônio Tenório perdeu a visão de um dos olhos ainda quando criança, após receber uma pancada no rosto numa brincadeira com os amigos. Uma infecção acabou tirando a visão de seu outro olho. Após ficar cego, ele intensificou os treinos para poder defender o Brasil na Paraolimpíada.

SIM! Presto minha homenagem a esses brasileiros batalhadores, que não só venceram seus adversários, mas lutaram contra si mesmos, o preconceito e a falta de esperança. Cada medalha de ouro, prata ou bronze conquistada pela delegação brasileira paraolímpica merece palmas, merece festa, merece lágrimas e sorrisos dos quase 200 milhões de corações do país.

Espero que o Lula, o Polvo, o Tubarão e todos os políticos populistas que estão lá em Brasília sem ter muito que fazer, preparem muitas medalhas de honra para a delegação paraolímpica, que os jornais façam especiais, pôsteres e o Fantástico faça um bloco de homenagens e perfis, pois esses atletas são o exemplo concreto que, não basta ir à uma olimpíada, é preciso lutar e preservar o espírito guerreiro que o esporte gera nos seus praticantes.

Parabéns atletas paraolímpicos! Vocês são mais que especiais! São exemplos.

Viver um falsa felicidade

ser-o-que-nao-soua

(escrito em 2004)

Um dia me questionaram sobre a felicidade… se era realmente feliz.
Claro que não levei muito a sério, pois como todos, nunca presto atenção nesses besteirols de teorias filosóficas.

Uma noite, não me lembro bem quando, dormi. Quando acordei estava em frente a uma grande escadaria e vi que em cada degrau havia uma figura que não conseguia dicernir à distância.

Quando pisei no primeiro, como num redemoinho, fui transportado para um momento em particular que havia vivido há muito tempo atrás, porém agora era somente espectador.

O engraçado é que foi num dia em que um amigo bateu na minha porta, pedindo uma ajuda com algumas mudanças e eu, fingindo estar cansado o dispensei.

Acima deste estava o dia da minha formatura da faculdade, a mesma que havia pagado para não fazer o burocrático exame de vestibular e que pra estar lá naquele momento, também paguei ( e muito bem ) os professores e o Reitor.

Uns degrais sobre esses, o dia em que tapeei um colega de trabalho para posteriormente subir de cargo e depois que isso ocorreu, pude disfrutar de uma vida MARAVILHOSA.

A cada degrau a mais que subia, via o quanto tinha feito muitas coisas para o meu próprio benefício e ao mesmo tempo, a minha tamanha indiferença com as pessoas ao meu redor.

Contudo… Quando pisei no último degrau, percebi que aquela cena era bem recente, lembrava bem dela, talvez porque tenha acontecido antes de eu dormir.

Numa grande festa com meus amigos…
Acho que num bar… Isso… Num Bar…
Combinamos todos de levarmos algo para beber e havia uma grande mesa na entrada para deixarmos essas bebidas. Logicamente, escondi as que mais me apreciavam para poder disfrutar sozinho das mesmas.

Bebi com prazer e satisfação escondido, rindo, pois os outros não tinham nada além de uma cervejinha. Na volta pra casa, de carro, estava visivelmente alterado, fazendo loucuras, até…

… Caramba!!!! Morri… Estou morto!!!

No final da escadaria havia um senhor alto, barbudo e muito receptivo…
Quando alcancei-o, quase que subitamente ele me perguntou… Você é FELIZ???

Logo de cara pensei em dizer sim, porque vi aquilo que havia conquistado… Carros, casa, faculdade pública, trabalho… Tudo com muita esperteza. Mas… antes que eu desse a minha resposta, fui surpreendido com mais duas perguntas.

Quantos relacionamentos verdadeiramente profundos você construiu durante a sua vida ??? Você disse há alguém que a amava???
Fiquei mudo…

Percebi que vivi uma vida correndo atrás de todas as realizações pessoais possíveis e que chegando ali, elas não tinham valor algum.
Vi que não procurei acrescentar em nada… fui ao mundo a passeio…
E… agora era tarde…

… só posso conviver pela eternidade com o meu remorso, por haver disperdiçado todas as minhas oportunidades de amar e de não perceber que a verdadeira felicidade está nos relacionamentos construídos e nos Atos de Amor…
Que pena!!!!

Carol faz anos

281827

Estou a entender
Tamanha saudade no peito
E em Cada momento eu sinto
Que é melhor aceitar viver desse jeito.

Calar o coração nos momento que devo ouvir
E reconhecer as vezes que acabo por Cair
E assim nada parece impossível,
E estar em Casa com os meus é incrível.

Visto a Camisa mais bela, pois hoje é dia de festa
E enquanto construo meu Castelo, sem nenhuma pressa.
aCabo lembrando que hoje a CAROL faz anos.

Embarco minhas palavras no avião dessa poesia,
Estar aí e te dar um belo ganso era tudo o que eu queria.
aCabei lembrando que hoje, amada Carol, você faz anos.

Poesia dedicada a minha querida irmãzinha que mesmo longe, vive dentro do meu coração. PARABÉNS PEPÊ!!!

O Mercadofobismo e o Efeito Viral

foto-06a

Por que existe tanto problema em vislumbrar a possibilidade de haver uma tentativa de desenvolvimento do senso crítico, dentro da esfera mercadológica? Passei a noite tentando dormir pensando nessa pergunta.

Sim, o Mercado vive imerso numa dinâmica entre “gerar necessidades de consumo” e “satisfazer demandas”, mas será que tudo isso gera determinismos maléficos? A comunicação não pode se desenvolver a partir desse contexto?

Em vez de pensar na possibilidade de encontrar algo que possivelmente exista “fora do mundo capitalista”, acho mais coerente descobrir formas de desenvolver “brechas” dentro do Sistema, da mesma forma como agem os vírus.

Não cabe mais discutir a falta de “visão” do comunicador, pois o que se vê são profissionais que sequer “olham” a realidade. De acordo com Roanet “para ver é preciso olhar. Mas, o que existe é uma escassez de demanda crítica que impulsione a busca desse olhar que precede “a Visão”, vinculada diretamente às verdades deterministas divulgadas pelos detentores do poder e que são retransmitidas pelos meios de comunicação.

Mas, dentro desse ciclo de reproduções é preciso algum mecanismo propulsor que redirecione a sociedade pela busca do pensamento crítico que denominei Efeito Viral.

O Efeito Viral parte do pressuposto que, através de organismos extremamente simples, monocelulares, pode-se desencadear uma “doença” que contamine diversas células e termine por eliminar a vida de um Sistema. Dessa forma, por iniciativa individual, que contamine o maior número de pessoas (células) – e isso é imprescindível – pode-se estimular o crescimento da demanda do desenvolvimento do senso crítico, que acarrete na emancipação do “olhar” para uma “visão”, sem os conceitos e preconceitos determinados pelo Sistema.

A transformação social não depende exclusivamente do modo de organização econômica. Existe uma grande parcela de “mudanças” que surgem de iniciativas individuais e que se transforma em ideologias, que podem mudar os rumos da Sociedade como um todo.

Preocupar-se demais com a “Mercantilização da cultura e do senso crítico” pode nos fazer esquecer da força protagonismo. Martin Luther King, Che Guevara, João Paulo II, Nelson Mandela são exemplos POPs de indivíduos que não perderam tempo se preocupando tanto em transformar a estrutura socioeconômica e colocaram a mão na massa, a fim de buscar humanizá-la, começando pelas práticas individuais.

Claro, o mundo aparentemente não mudou nada. Continuamos cotidianamente lidando com os nossos infinitos dilemas e paradoxos. Mas, sendo protagonistas da história, fica difícil contemplar qualquer tipo de mudança social pequena, que só é percebida com o desenrolar do tempo.

O que me parece evidente é que o comunicador tem um papel importante no desenvolvimento social por meio da divulgação da informação. Esse simples atos de “relatar os acontecimentos” de maneira transparente (no sentido de estar livre de si) possibilita a sociedade analisar os movimentos realizados, os passos dados.

A busca da imparcialidade “divinifica” o trabalho jornalístico, pois dá a liberdade para que o leitor tenha elementos para tirar as próprias conclusões sobre um fato. Para isso existem as ferramentas técnicas: pauta, apuração, redação e edição, que justificam a necessidade de profissionalizar dessa prática, diferencial de qualquer tipo de produção “não jornalística”.

Portanto, o desenvolvimento do senso crítico pode partir, inicialmente, do protagonismo jornalístico, gerando um Efeito Viral que aumente a demanda de senso crítico e possibilite a emancipação do olhar, buscando “VER”. Mas, essas transformações devem nascer de “dentro para fora” do Capitalismo e “não de fora para dentro”.

Page 2 of 3

Powered by WordPress & Theme by Anders Norén