O aspecto religioso da minha vida sempre foi diretamente ligado à educação cristã que recebi de herança dos meus pais. Lembro-me bem de que eu era sempre obrigado a participar dos rituais que a Igreja Católica propõe aos seus seguidores, até ter a capacidade pessoal de fazer as minhas próprias escolhas.

Assim, escolhi Deus na minha Confirmação. Um momento forte em que eu busquei explicações racionais ao inexplicável Mistério. Paralelamente à vida dentro da Igreja, fui inserido em uma realidade chamada Focolares.

Um movimento ligado à Igreja, fundado por uma então jovem italiana chamada Chiara Lubich que, em meio à Segunda Guerra Mundial descobriu que diante do Fim, a única coisa que permanece é Deus. Assim, ela se consagrou e vivendo concretamente as passagens do Evangelho foi aos poucos descobrindo a potência da Palavra de Deus na vida das pessoas.

Meus pais se conheceram (e se casaram) por conta desse Movimento e dentro dessa atmosfera de Família, vivi a minha infância, adolescência e agora vivo a minha juventude.

O amor concreto, o saber perdoar, viver pelos outros, acolher a dor, a importância de RECOMEÇAR quando não conseguir nada disso que mencionei, foram alguns dos aspectos que sempre me acompanharam, principalmente baseados na certeza de que Deus me ama e assim, não preciso me preocupar tanto com as “pequenices” humanas que produzem o chamado “medo de ser feliz”.

Contudo, neste final de semana, entrei pela primeira vez em uma “outra porta” que me levou aos mesmos questionamentos sobre o Mistério de Deus e assim, pude descobrir um novo modo de diálogo com o Divino. Festivo, massivo, fantástico.

Passei grande parte da minha vida edificando pré – conceitos a respeito da Renovação Carismática. O caráter festivo sempre me causou a impressão de um “OBA OBA” que impossibilita estar em diálogo perene com Deus.

O final de semana na Canção Nova, em Cachoeira Paulista, 2,5 horas da Capital, me fizeram mergulhar em um novo modo de entender o Divino, completamente diferente daquilo que estava acostumado até então.

Foi estranho chegar em um lugar tão cheio de gente, ouvindo um discurso direto, quase fundamentalista à respeito da Salvação, pouco “misericordioso”, mas especial.

Participei do famoso PHN, sigla que convida ao mote “Por hoje não vou mais pecar”, um conceito que vai muito mais além do ato auto repressivo, mas que vislumbra uma iniciativa de viver de maneira radical à Palavra de Deus.

As festas, os shows, também fizeram parte desse modo de viver a religiosidade. Tudo muito alegre, divertido, uma experiência que muitos deveriam experimentar.

No segundo dia, depois que os pré conceitos foram abafados pelo clima especial que existia naquele local, senti uma alegria estranha. Não me importavam mais as diferenças conceituais no modo de dialogar com Deus, mas a alegria de poder fazê-lo de diferentes formas.

Claro, construí também os meus conceitos em relação à estrutura, ao discurso, e concluí que realmente não existe um modo perfeito de viver a religiosidade, porque ela é efetivamente feita de homens.

Voltei para casa plenificado. Um pouco triste porque não consegui externar de maneira profunda todo esse meu entendimento, acabando evidenciando só os aspectos negativos que colhi dos Carismáticos. Mas, enfim, valeu muito à pena!