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Casar é ser livre e feliz: reflexões sobre a liberdade na vida à dois

Casar

Casamento é uma experiência curiosa. É um exercício constante de autoconhecimento e de dilatar o coração para acolher o outro com seus limites e qualidades. Enganam-se os pessimistas libertários que pensam que casar é sinônimo de privação definitiva! Tem gente que acredita que deve se divertir, curtir a vida e somente quando já tiver feito, sozinho, tudo de bom possível,  é que vale a pena se casar.

A falácia do prisioneiro

CasarFalácia, por definição, é um raciocínio errado com aparência de verdadeiro. É verdade que as condições de vida individual se transformam, de maneira radical, após a união entre duas pessoas, completamente diferentes, mesmo que essencialmente iguais.

No casamento as decisões não são mais expressão de uma única vontade. Passa-se a negociar cada coisa pensando, em primeiro lugar, na família. Contudo, negociar as individualidades não é condenar-se à prisão, mas lançar-se em uma vida aventurosa, repleta de desafios constantes.

Quem relaciona o casamento à prisão é aquele que rejeita, de todas as maneiras, negociar. O individualista quer preservar os seus direitos, acima de tudo, rejeitando os “sufocantes” deveres que qualquer relação incute.

O pior de tudo isso é que existem muitas pessoas que decidem casar motivadas por interesses arbitrários sem algum sentido. Essa atitude é, porém, garantia de nulidade do casamento (ao menos no aspecto religioso), pois é uma união que não parte do desejo comum de viver junto e, negociando, construir um “novo”, fruto da soma e síntese das individualidades existentes.

Casar é ser livre e feliz

Hoje eu completo 13 meses de casado e, no próximo dia 8 de fevereiro, festejarei com a minha esposa 4 anos de união.

Nos últimos quatro anos eu concluí meu mestrado no estrangeiro e, minha esposa, a graduação. Trabalhei em projetos internacionais, participei de seminários e, minha esposa, trabalhou em uma organização não governamental na favela, na câmera de comércio Suíço-Brasileira. Viajamos pela Europa e pelo Brasil inúmeras vezes. Passamos muito tempo juntos, construímos muitas amizades com pessoas de diferentes lugares do mundo, estivemos próximos de nossas famílias. Infinitas experiências. Vividas juntos, mas de maneira livre, fantástica e, principalmente, feliz.

O ápice desta fase inicial, iremos viver daqui a duas semanas: realizaremos o sonho, individual e familiar, de passar alguns meses no solo sagrado do continente africano, na Costa do Marfim.

A liberdade está em viver pelo outroCasar

Difícil explicar o tamanho da nossa felicidade em poder viajar juntos para a África. Mais fácil é, contudo, explanar a respeito do que nos faz viver, mesmo casados, uma vida aventurosa e desapegada de coisas e pessoas.

Para nós, certamente, a liberdade está em viver, juntos, pelos outros, oferecendo cada experiência, conquistas, talentos, para a construção de uma sociedade melhor, mesmo que em “pequena escala”.

Desde o início do nosso caminho juntos percebemos que é esse o caminho da felicidade. Que não adianta vivermos preocupados com coisas que não dependem absolutamente de nós. O importante é fazermos a nossa parte com simplicidade e dedicação  e nos “abandonarmos” ao amor de Deus (ou Força), capaz de nos levar “lá onde a felicidade repousa”.

Casamento pode ser sim sinônimo de liberdade e aventura! Basta querer juntos e perceber que viver com “o outro” é, acima de tudo, um convite à plena felicidade.

Bate papo com José Salvador Faro sobre o jornalismo – Segunda parte

perguntas-sobre-o-jornalismo-na-internet

Faro,

Escrevo só pra dizer que a carta publicada no meu blog teve quase 100 acessos em menos de uma semana. Percebi que realmente estão colocadas algumas questões que fazem parte de um universo amplo de perguntas “sem resposta”.Ontem, depois da aula, tive a tentação de escrever outra carta para você, mas achei que talvez devesse pensar mais, antes de dizer o que penso.

O filme (Leões e Cordeiros) me fez pensar realmente se a ética ainda move as atitudes do ser humano, do jornalista em especial, pois o ego passou a ser o principal foco que o Sistema busca alimentar, para ter em troca todo o “poder” que a posição da profissão nos confere.

Colocar o interesse público sobre o pessoal é uma opção cotidiana que começa no “jogar um papel incômodo no chão” a decidir se o que vai ser noticiado tem realmente princípios que não ferem a sociedade…

Mas como ir contra a nossa individualidade egoísta, hedonista, dentro do contexto liberal pós moderno e assim evidenciar valores fraternos e justos, se já na universidade não existe uma preocupação cidadã por parte dos jornalistas??

Fiquei pensando em materializar as minhas idéias sobre como propiciar essa tal formação “humana” para os candidatos à jornalista e concluí que só o contato (físico) com o mundo “além das perdizes” permitiria uma emancipação da visão enquadrada que encontramos nos “filhos da PUC” (ou da USP, Mackenzie… )

Acho que uma opção seria talvez uma disciplina prática em que fosse possível entrar em contato com alguma comunidade carente (de recursos financeiros, pois na maioria das vezes é só o dinheiro mesmo que falta para estes) e junto com eles, criar um jornal comunitário em que eles pudessem escrever e nós, aprendermos com eles, vivenciarmos essa experiência de “sair de nós mesmos”…

Sinceramente… eu toparia usar até minhas manhãs de sábado para realizar esse projeto… não sei os outros… mas claro, se fizesse parte das atividades do curso, sendo obrigados, todos fariam essa experiência, ao meu ver, proveitosa e inesquecível.

Você acha isso possível?

Bom… são só idéias…. sempre…

abraço
V@LTER…

acesse o blog – http://vartzlife.wordpress.com/

RESPOSTA:

V@lter,

Pondero com vc algumas questões:

1. São inúmeros os campos profissionais nos quais a competição acirra uma postura a-ética (diferente de anti-ética). A idéia de um profissionalismo a qualquer custo (desprovido de indagações de natureza social ou política) é um mito da sociedade contemporânea que tem sido sistematicamente cultivado ao lado de outros: eficiência, “isenção”, sucesso etc. Tudo sem ideologia, sem política…
2. No jornalismo, dada a sua dimensão pública, essa postura é mais evidente e tem conseqüências de dimensões imprevistas. Mas não devemos, segundo penso, dissociar o que acontece com ele do quadro mais geral de referências culturais “pós-modernas”. Não é uma questão da “natureza humana”, como se o “egocentrismo” fosse um pecado original. Nós não podemos naturalizar o pecado porque se o fizermos, condenamos a humanidade inteira, em todas as épocas, em todos os países;
3. Pessoalmente, acredito na força da formação humanística. É preciso erradicar essa idéia de que o jornalismo é uma profissão “técnica” através do redimensionamento do seu papel. E isso só é possível através de duas formas: a universidade e as próprias cobranças sociais para que a mídia cumpra, no limite do possível, seu papel de esfera pública íntegra;
4. Também fico tentado a pôr em prática soluções espontâneas e generosas, mas tenho dúvidas sobre a eficácia delas. A idéia de uma trabalho – ou um exercício – comunitário “purificador” me parece frágil e, a médio prazo, inconseqüente. Mas também não me agrada ficar esperando que alguma epifania me diga o que fazer. No momento, penso que o prioritário é entender a lógica, as causas, as razões da realidade. É um grande passo.

Ponha essa discussão no blog e vamos ampliá-la em aula.
Bom feriado

Faro

Primeira parte: http://vartzlife.wordpress.com/2008/05/16/carta-ao-professor-faro-puc-sobre-o-jornalismo/

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