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2012: Ano velho, vida velha!

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Não sei se muitas pessoas acharam que 2013 não chegaria. Eu, por outro lado, tinha a certeza de que, em 2012, o meu mundo sofreria uma transformação definitiva.

Depois de passar mais um ano novo “abaixo de zero” na Suíça, a viagem para Budapeste, em fevereiro, foi um presente fantástico. Ali, na gélida nação que acolhe meu irmão Cristian, eu pude me reencontrar comigo mesmo e perceber a importância de dilatar o coração, para acolher melhor quem está ao meu lado.

Os outros meses do primeiro semestre foram sofridos, às vezes de sofrimento bom – como no processo de elaboração da minha tese de “láurea magistrale” -, às vezes de sofrimento ruim – no tentar me superar para viver em harmonia com o outro, completamente diferente de mim, causa muitas vezes de dor, mesmo se, na maioria das vezes, sem intenção. A dificuldade de viver com pessoas de diferentes culturas, propósitos, valores, foi sentida de maneira “violenta”, “dura”, mas também foi um grande exercício de paciência e tolerância.

 A partir de julho, os polos (até mesmo os geográficos) começaram a se inverter na minha vida. O sucesso na apresentação da tese, a presença dos meus pais nesse momento tão especial e, principalmente,  o noivado foram momentos únicos do ano que passou.

Com Flavia, desde sempre, procuramos construir um relacionamento simples, verdadeiro, e baseado em um amor concreto. Mas, essa escolha, antes de tudo pessoal e recíproca, também sempre foi comunitária. Por isso, viver um passo tão importante com eleusinha, tenorinho e os familiares e amigos europeus foi marcante para nós.

O segundo semestre de 2012 foi mais sereno. O retorno ao Brasil, o trabalho novo, inúmeras providencias, reencontrar pessoas amadas… tudo em uma tranquilidade que só foi ofuscada em alguns momentos da (intensa) preparação do nosso casamento.

Sem dúvidas o 22 de dezembro foi o momento mais especial, profundo, alegre e pleno do ano que passou. Tudo caminhou para o SIM mais importante das nossas vidas. Realizar o sonho de começar uma nova família e saber que essa aventura será vivida junto com a Flávia me dá uma alegria enorme.

A gratidão a Deus por ter me trazido até aqui é imensa. Amor divino encarnado e manifestado no amor que recebi da família, dos amigos e, sobretudo, no relacionamento cotidiano com a Flávia.

Que venha 2013!

O BEM da morte

Nem uma semana de Brasil completada e já pude me encontrar com o mistério da morte.

Além do vazio interior por não ter participado da experiência dolorosa de perder, pouco a pouco, um ente querido e da incapacidade de comunicar palavras que suprimissem a perda, pude, pela primeira vez, vislumbrar o BEM da morte.

Devaneios a respeito do significado de uma vocação têm me feito pensar nos SIM que damos cotidianamente e que produzem frutos positivos e negativos para a humanidade.

Olhando o corpo do meu grande amigo, exemplo de pai, marido, cidadão, percebi o quanto as respostas às nossas vocações[1] têm influencia direta na vida das pessoas que encontramos.

Acredito ser pouco discutível o fato de que estamos interligados em profundas relações que nos condicionam a uma vida melhor ou pior, a uma felicidade maior ou menor, a um BEM maior ou menor.

Um jovem que decide ser médico por vocação irá se desenvolver potencialmente, criar novos tratamentos, vacinas, que trarão benefícios à toda humanidade. Um piloto de avião com o mesmo desejo procurará realizar bem seus treinamentos conduzindo com segurança os deslocamentos de vidas. Um casal que decide estar juntos para sempre, superar as adversidades da vida, não somente porque estão apaixonados, mas pensando no projeto social que existe por trás de uma família, edifica um suporte eficaz para as gerações posteriores.

Os exemplos citados de “Sim” vocacionais para as diferentes dimensões da vida, produzem um efeito direto na vida de outras pessoas e da sociedade como um todo.

Tenho identificado uma crescente, e preocupante, banalização do significado de vocação. Vejo que o termo é usado somente em âmbito religioso, diretamente relacionado às pessoas consagradas, mas qualquer ser humano precisa descobrir qual é a própria vocação, o motivo pelo qual ele é chamado a viver e como deve buscar a fundamental felicidade pessoal afim de que ela possa enriquecer não só a própria vida, mas a sociedade como um todo.

O BEM que encontrei com a morte do meu grande amigo foi perceber que os resultados desses SIM às nossas vocações ficam, independente da nossa presença corporal nesse mundo.

Vocação, vida, relação… termos que professam uma mesma realidade que nasce da resposta (e da fidelidade) que procuramos dar à nossa passagem neste mundo e que o transforma, para o BEM ou para o “menos bem”.


[1] Vocações no plural porque não acredito que um ser humano é definido e definível por uma única dimensão, mas que deve responder a um cômpito específico em diversos âmbitos da própria vida: espiritual, profissional e etc.

Porque tenho medo de voltar pra São Paulo

É interessante como as reflexões coletivas nascem quase sempre de uma demanda individual.

Explico.

Recentemente pude ler nos sites brasileiros de grande expressão, que a violência na minha cidade natal aumentou no último ano.

Claro que essa notícia não espantaria nenhum paulistano, acostumado a conviver e sobreviver cotidianamente à violência, não só a de criminosos e da polícia, mas todas as diferentes violências metropolitanas, movidas pelo descaso de governos ideológicos que se preocupam mais com a manutenção do próprio poder, que com o bem estar do Povo.

Contudo, a notícia sobre o aumento da violência em São Paulo me assustou pela primeira vez. O motivo: Estou retornando ao Brasil depois de dois anos de vida “burguesa” entre as colinas da maravilhosa Toscana e o ar fresco do “Lac Leman”, na fantástica Genebra.

Não quero fazer o “típico discurso burguês” de gente que vive uma vida cômoda, rica e que, ao lerem sobre as notícias de violência no Brasil, “sobem no pedestal” para declarar seu depreciamento pelo país, o seu sub-desenvolvimento, a falta de respeito do povo… Porém, o que a experiência no Velho Continente me fez perceber foi que quando é possível gozar do bem social, dificilmente se aceita menos.

Quem tem a oportunidade de trabalhar, estudar, viajar, conhecer outras culturas e, consequentemente, enxergar melhor a si mesmo e o próprio país é capaz de expandir conhecimentos e a consciência de que as coisas podem ser melhores.

Mas podem mesmo?

Podem.

Como jornalista e pensador da comunicação social, acreito que a mídia tem um papel importante na reflexão sobre essas possibilidades reais de mudança e melhora… contudo, infelizmente, não é aquilo que se vê nos jornais…

É incrível perceber que, na dezena de matérias que li sobre o crescimento da violência em São Paulo, a causa (ou as causas) desse “fato” não emerge (m). As notícias são só constatações, divulgam só números, mas não expõem o problema na sua complexidade (por isso tanta gente acha que qualquer um pode ser jornalista. Se for só para divulgar, eu também estou de acordo).

Procurando, porém, olhar o todo é visível que os crimes cometidos seguem um paralelo de violência que há anos vem determinando a postura da polícia militar de São Paulo. Contudo, outros índices ajudariam a “ler” melhor o problema… comparando com outras capitais brasileiras, outras taxas que determinam o desenvolvimento de uma região. Mas não, essas notícias exprimem só a constatação de uma violência percentualmente maior.

Notícias assim deveriam não ser dadas, pois não geram mobilização, reflexão social, não movem. Só aumentam o medo, a divisão, intolerância e o preconceito.

As notícias precisam ser apuradas e apresentadas colocando o ser humano (que lê e que è retratado nas matéria) como principal envolvido no problema.

Ser humano que é cotidianamente vítima da violência e do preconceito da polícia. Que è ignorado pelo individualismo ideológico que divide a sociedade em castas.

Ser humano que coloca a sua vida em jogo para tentar solucionar os problemas de violência. Que recebe um salário indigno, uma formação que incita à guerra e que não acredita no respeito.

Ser humano que paga pelo descaso político que não cria estruturas capazes de uma vida pública sadia em que cada um possa ser protagonista do bem estar social.

Nas notícias, vem cada vez menos em evidência o ser humano e por isso elas não têm vidas, são só números, fatos, que não movem leitores, cidadãos, e principalmente políticos.

Sobre a Felicidade… e por isso esperamos do outro

 Durante muito tempo eu procurei encontrar o significado do amor presente na expressão “Anular a si mesmo por amor ao Outro[1]”, que meu percurso espiritual constantemente propunha. Contudo, sem uma explicação metodológica, sentia que “encarnar” essa frase me fazia arriscar uma “aceitação ideológica” motivada por conclusões exclusivamente sentimentais.

Tendência a possuir

Nos relacionamentos[2] que construí me deparei com a tendência, para me sentir seguro, de querer transformar o “Outro” que está ao meu lado em um “outro” que construí psicologicamente.

Contudo, descobri com o passar do tempo que, por ser verdadeiramente Outro, um ser humano é necessariamente causa de realização, mas também de dor para quem está próximo.

Todos nós somos levados a experimentar com as nossas vidas não só o protagonismo que constrói um “novo mundo”, mas também a fatiga de carregar as escolhas – positivas e negativas – das gerações precedentes. Assim, cada um é um universo em si, feito de caminhos, escolhas e constituições psicossociais e fisiológicas completamente diferentes. Cada um é um Outro abissal, impossível de determinar.

Desta forma, a escolha fundamental de “não pretender”, contrária a tendência de possuir o Outro concerne não só o confronto interior baseado nas escolhas de hoje, mas também o enfrentamento das escolhas de bem e mal que herdamos como ser humanos e por isso (a meu ver) tão difíceis.

Aceitar o Outro

Por outro lado, aceitar o Outro no seu ser essencialmente diferente ajuda a perceber que não é se apossando de alguém que nos realizamos. Sem a gratuidade não existe amor, não existe dom verdadeiro de si mesmo.

O outro que construímos psicologicamente será sempre finalizado a nós mesmo, limitado e não poderá se exprimir em todas as suas infinitas e surpreendentes dimensões. O verdadeiro Outro, é muitas vezes causa de dor, mas é capaz de nos fazer experimentar um amor irredutível, infinito.

Entender tudo isso me ajudou a perceber que eu, como amante, preciso impulsionar sempre mais os Outros a serem cada vez mais eles mesmos, consciente de que isso possa me machucar, porque foge do meu controle, da posse.

Essa escolha metodológica me permite experimentar a certeza de que, quanto mais o Outro é si mesmo, mas ele descobre os caminhos para a própria felicidade e (tantas vezes) que eu também sou uma importante parte dela.

É preciso ter coragem para anular a si mesmo e acreditar que indo pelo próprio caminho o Outro, finalmente, porque sente a força do meu amor, me reencontra. Essa força nasce de uma dimensão antropológica que se traduz no Mistério Sobrenatural, mas que procurarei explicar em outro momento.


[1] O “Outro”, escrito com letra maiúscula é o outro essencialmente diferente de mim nas suas três dimensões relacionais: relacionamento com si mesmo, com os outros e com o mistério. Um outro impossível de possuir.

[2] Sendo eles exclusivos (namoro) ou  amizades e relações na família.

Riuscire, Volere e Poter

Ekklesia è conosciuto come un villaggio modello per la sua capacità di svilupparsi dalle motivazioni interiori, che poi servivano di aiuto nei rapporti con l’estero. Il segreto di come condurre la sua propria crescita era nascosto nella personalità di tre fratelli particolari, che portavano con sé i valori costituenti della gente.

«Riuscire» era il più grande. Un ragazzo eccezionale sempre ammirato da tutti perché quello si proponeva fare era certezza di trionfo. Non c’era nulla che lui desiderava che poi non diventasse realtà. Ma proprio perché riusciva a ottenere tutto quello che voleva, era un po’ meno ammirato dalla gente del villaggio. Nessuno si trovava nelle stesse condizioni, talenti, perfezioni, che quel ragazzo proponeva con la sua vita.

Due anni più giovani, «Volere» raggiungeva i suoi scopi non con eccezionalità ma impegno, decisione e coraggio. Guardando le sue esperienze precedenti egli sentiva la sicurezza e certezza di che ogni passo da fare era l’ovvia conseguenza delle spinte interiori e del farsi portare avanti dalla sua grande sete di verità. Il suo carattere era molto ammirato dai suoi concittadini. Lui non guardava mai il risultato, ma la metodologia e si buttava con tutto il cuore a fare ciò che doveva fare.

Però è stato «Poter», il fratello più giovane, quello che ha sempre suscitato curiosità agli abitanti del piccolo Ekklesia. Un tipo meno “attivo” come i fratelli maggiori, lui era però sempre disposto a fare bene ogni cosa che qualcuno li chiedeva o che lui stesso si proponeva raramente di fare. Come «Volere» egli preferiva dedicarsi di più alla metodologia che il raggiungimento delle sue azioni, cercando di restare in un atteggiamento di apertura al nuovo per scoprire delle realtà che non facevano parte dei suoi schemi precedenti.

Il rapporto tra i tre fratelli è sempre stato speciale e per gli abitanti di Ekklesia traduceva un po’ la voglia che ognuno sentiva di far coesistere caratteri e progetti di vita diversi, per il raggiungimento di una felicità comune.

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