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irrelevância política

A irrelevância política do Brasil

irrelevância política

Faltam alguns dias para um dos momentos políticos mais importantes do país e, aqui na Europa, ninguém fala das eleições presidenciais do Brasil. A irrelevância política brasileira dentro do cenário mundial é, na minha opinião, resultado de uma administração arrogante e incapaz de perceber que governar é, antes de tudo, um serviço que deve envolver a todos, situação e oposição, além das outras nações do mundo.

O Brasil e sua irrelevância política

Sou o primeiro a criticar qualquer “expatriado” que sai do Brasil e fica falando mal do próprio país. Morando no exterior, redescubro cada vez mais a grandeza do meu povo e do meu país como nação com o potencial (e também a “vocação”) de partilhar suas riquezas com o mundo.

Porém, na prática, o Governo Dilma não parece ter dado tanto valor (e ouvidos) para quem pensava (e pensa) diferente. Além de se fechar à oposição, nas poucas vezes que se pronunciou em questões mundiais, o governo brasileiro só foi capaz de exprimir sua pobreza ideológica, mais preocupada em promover “ideologismos” do que na realização efetiva de projetos.

Esses dias, no meu trabalho, fui interpelado por um senhor da Etiópia que veio me agradecer pelo que o Lula fez em seu país, principalmente no que diz respeito à educação. Fiquei abismado, pois percebi o quanto é importante construir a própria nação, na relação com as outras, tanto em âmbito regional (América Latina), quanto com outros países periféricos no que diz respeito ao cenário socioeconômico em geral. Como dizia Sócrates, o pai da democracia: “Não sou nem ateniense nem grego, mas sim um cidadão do mundo”.

Estando em contato direto com as dinâmicas diplomáticas vividas na ONU, tem aumentado a minha consciência a respeito do quão fundamental é manter relações amigáveis, respeitosas e interessadas com os países parceiros, atuais e potenciais.

Infelizmente, o que percebi no governo atual foi uma tendência ao fechamento. Não só no contexto internacional, mas também com a Oposição, que tem um papel fundamental no equilíbrio político. A arrogância e a falta de humildade da Dilma e seu “staff” fez voltar a desestabilidade e a desconfiança em relação ao país.

Valem as mudanças

irrelevância políticaUsei o termo “irrelevante” para falar da política brasileira porque, aqui na Suíça, a democracia é vivida de maneira completamente diferente do que estava acostumado. Aqui, talvez seja possível afirmar que os políticos, em geral, são realmente “irrelevantes”. Nesta pequena nação europeia o que importa são os projetos políticos, as ideias concretas – não os “ideologismos” – que são discutidas de maneira privilegiada neste cenário democrático “semidireto”.

No Brasil, votamos em pessoas. Olhamos para o tal Chefe de Estado cheios de desconfiança, mas esperançosos em relação a sua capacidade de mobilizar pessoas em direção a um caminho comum frutuoso.

É preciso ressaltar que, em alguns momentos, o Governo acertou, principalmente privilegiando um equilíbrio socioeconômico. Porém, essa é só uma dimensão do país. Construir um projeto político nacional tendo como base o assistencialismo aos mais necessitados criou inúmeras deficiências e freou o nosso almejado progresso.

O mesmo discurso, mas de uma outra perspectiva, posso aplicar ao incompetente Governo do Estado de São Paulo. Ele não promoveu programas assistencialistas como o Governo Federal, mas, por outro lado, ignorou sistematicamente algumas dimensões estruturais fundamentais, dificultando a vida dos paulistas.

Vivendo de esperança

Teimo dizer que, enquanto não pudermos discutir projetos, dar nosso parecer em relação as ideias e interferir diretamente nas propostas, continuaremos vivendo de esperança. Continuaremos irrelevantes.

Desse lado do oceano, eu acompanho com ansiedade os desdobramentos eleitorais, sonhando uma reforma política de dê mais poder de decisão ao povo. Tomara.

O que o Estado Islâmico tem a ver com o Brasil?

 Estado Islâmico

Nas últimas semanas, tenho acompanhado aqui da Europa a mobilização de alguns países “do Norte” com o objetivo de impedir a expansão do grupo terrorista autoproclamado Estado Islâmico. Diferentemente de outras ocasiões, desta vez existe a mundialização dos jihadistas recrutados, além de uma presença territorial centralizada. Ambos os aspectos aumentam a complexidade do fenômeno, exigindo diferentes reflexões e medidas concretas para impedir que o grupo continue crescendo.

Um aspecto em particular do Estado Islâmico me chamou a atenção: a sua ideologia fundamentalista, levada ao extremo da violência, que instrumentaliza o Islã para justificar a limpeza étnica daqueles considerados infiéis. Deixando de questionar a consistência dessa ideologia, fica muito difícil desvendar as motivações que justificam as ações do grupo terrorista.

Em vez disso, mais uma vez, o “Norte” proclamou a Guerra contra o Terror. Coibir a violência com mais violência – a história recente tem nos mostrado – não elimina de forma alguma o terrorismo. Por outro lado, é possível combater um mal como esse, sem fazer uso, ao menos inicial, da violência?

O Estado Islâmico e a violência como consequência

Estado IslâmicoDe forma alguma eu defenderia o terrorismo. Da mesma forma que condeno a política exploratória dos Estados “do Norte”. Contudo, acreditando no bem intrínseco a todo ser humano, considero a violência muito mais consequência do que causa.

Gabriel Galice, presidente do Instituto Internacional de pesquisas para a paz, afirmou em entrevista que, nas últimas décadas, os governos ocidentais muitas vezes fizeram escolhas e adotaram medidas que favoreceram o terrorismo. “Todos conhecemos a história de Bin Laden que foi formado e treinado pelos próprios americanos”.

Além de medidas estratégicas erradas em determinados conflitos do passado, por décadas, cidadãos de origem árabe (e também africana) têm sido vítimas da exploração sistemática, de ditadores ou colonizadores, que ignoram a miséria do povo. Enquanto é sufocada, a exploração permanece silenciosa mas, a partir do momento em que existe a possibilidade de expressão, ela pode ser muitas vezes violenta. “Pode”, porque, ao meu ver, a violência é sempre uma escolha. Gandhi e Mandela são dois exemplos de transformadores da sociedade que se organizaram pacificamente para exigir direitos e a dignidade roubada.

Questão de valores

As condições socioeconômicas nunca podem ser ignoradas quando analisamos a violência organizada. Não se deve seguir leitura momentânea do problema, mas uma reflexão histórica, que aponta uma série de aspectos que ajudam no entendimento e, possivelmente, na escolha de um caminho virtuoso que aponte para a possível solução de um conflito como esse.

A desumanização sistemática, a privação da cidadania, tanto nos aspectos materiais, como no desenvolvimento humano, pode causar uma série de traumas que dão suporte à propaganda fundamentalista. É importante sublinhar: quando se caminha nos extremos do que deveria ser uma dignidade humana admissível e sobram poucos laços pelo qual vale a pena cultivar uma “Vontade de Sentido” para a própria vida, optar pelo caminho de uma revolução pacífica exige uma grandeza que nem todos conseguem exprimir.

Pessoalmente, gostaria muito de encontrar uma leitura paralela entre a origem do Estado Islâmico e do narcotráfico no Brasil. Acredito que encontraríamos muitos paralelismos, principalmente ligados ao contexto socioeconômico escarço, a exclusão social e a falta de valores centrais, aspectos que impulsionam à adesão ao radicalismo violento e, muitas vezes, irracional.

Também ligado aos valores, está a instrumentalização religiosa, que emerge como fator comum de adesão planetária de jihadistas. Apelando para uma conversão ao “Islã” e a consequente adesão à “Guerra Santa”, jovens americanos, europeus e até chineses têm sido recrutados com a promessa de uma recompensa divina generosa. Não existem valores humanos fortes o bastante que deem sentido à vida dos jovens Ocidentais? Parece que não.

Finalmente, nos encontramos, de novo, em uma nova guerra. Uma resposta violenta, a um movimento violento, consequência de um modelo político de exploração, também esse, violento. Uma ideologia irracional, combatida por outra, igualmente irracional.

Contudo, ainda existe a possibilidade de repensar os direitos das minorias desfavorecidas, procurando construir, com elas, um futuro onde os tais “Direitos Humanos” sejam respeitados e cultivados. Essa é uma lição para a coalização anti-Jihad e também para as lideranças políticas brasileiras.

Ciclovias

Depois das faixas de ônibus, agora criminalizam as ciclovias

 Ciclovias

Faz alguns meses que vivo com minha esposa no exterior, onde as ciclovias são comuns. Logo que cheguei aqui, com grande alegria, recebemos um carro (velho, mas nosso) dos nossos familiares, o que facilitou muito os deslocamentos de longa distância.

Em São Paulo, por 28 anos, nunca tive a exigência e nem a necessidade – além, é claro, do dinheiro –  de ter um automóvel. Morando no Centro, trabalhando e estudando próximo de casa, possuir um carro seria um ônus maior que o bônus. Porém, só agora que posso usufruir dos benefícios de ter um carro, é que me dou conta da comodidade desse meio de transporte e tenho consciência da importância de dirigir em estradas seguras, sem buracos e bem sinalizadas.

A opção pela bicicleta e o bem das ciclovias

cicloviasMesmo motorizado, não abro mão da minha bicicleta. Poder pedalar pela cidade para ir ao trabalho, passear, estudar é um privilégio que não deixo de desfrutar. Ainda mais em uma cidade em que o ciclista é respeitado, valorizado e as ciclovias estão por toda parte.

Nos últimos dias, tenho lido muito a respeito da polêmica sobre a construção de ciclovias em São Paulo. Com enorme alegria tenho percebido que, finalmente, a administração pública percebeu que uma metrópole que se preze, precisa investir em outras modalidades de transporte, além do automóvel privado. É assim que acontece na maioria das capitais desenvolvidas que conheci.

Não importam os interesses – eleitoreiros ou não – que podem estar por traz de uma medida como essa. É fundamental ter a capacidade de colher o que é bom para a cidade e para a maioria dos cidadãos.

O descontentamento da classe média

Com certa tristeza, tenho visto uma parcela da tal “classe média” incomodada com o aumento do número de ciclovias em São Paulo, da mesma forma que manifestaram uma forte rejeição com as faixas de ônibus.

Sinceramente, queria convidar essas pessoas a deixarem o carro na garagem, ao menos uma vez por semana, e, pelas ciclovias, experimentarem o que significa a mobilidade urbana por meio da bicicleta. Digo isso com propriedade pois, por mais de 10 anos, pedalei pelas ruas de São Paulo, todos os dias, procurando me desvencilhar de carros e seus motoristas agressivos e desrespeitosos. Mesmo assim, encontrei o equilíbrio entre a minha segurança e o desejo de continuar pedalando e pude me deslumbrar todos os dias com as perspectivas que as pedaladas proporcionam.

Muitos dos meus amigos sempre valorizaram minha coragem e diziam querer fazer o mesmo, mas que temiam pela própria vida. As novas ciclovias provavelmente permitirão que alguns deles possam ter a opção de pedalar.

Ciclovias são uma segurança para quem tem o direito de se locomover por meio da bicicleta, da mesma forma que ruas bem asfaltadas e melhor sinalizadas são um direito de quem opta pelo automóvel.

Enfim. Querido motorista de carro, não seja ignorante e egoísta. A rua não é sua! Pense no bem que o aumento no número de ciclistas acarretará para a cidade, para o meio ambiente, para a vida dessas pessoas e, também, para você mesmo (afinal de contas podem ser menos carros nas ruas).

Como já disse outras vezes, nenhuma medida política deve ser analisada a curto prazo. Planta-se agora, para colher no futuro. Eu, sinceramente, adoraria que meus filhos pudessem ir para escola de bicicleta.

Morar juntos

Porque morar juntos só depois do casamento

Morar juntos

Morar juntos nos faz entender o verdadeiro significado do que é sermos profundamente diferentes. Homem, mulher, europeia, sul-americano, suíça, brasileiro. Eu e minha esposa somos diferentes em inúmeros aspectos e morar juntos, estando casados, ajuda muito a nos aceitarmos com serenidade.

Morar juntos: uma escolha moral ou estratégica?

Não vou ser hipócrita e dizer que decidi morar com a Flavia, somente após o casamento “formal”, por simples escolha pessoal. Vindos de famílias católicas, se tivéssemos optado pela convivência pré-matrimonial, acabaríamos gerando uma série de conflitos com os nossos pais.

Contudo, nesse período inicial de vida de casado temos descoberto que mesmo uma decisão baseada inicialmente em aspectos morais pode, muitas vezes, trazer benefícios “estratégicos”.

A segurança afetiva e a confiança recíproca

Em um mundo em que as relações estão cada vez mais fragmentadas (líquidas, como diria Zygmunt Bauman) é muito difícil conquistar uma segurança interior quando se vive uma relação amorosa. A queda de tabus comportamentais e a “Ditadura do Carpe Diem” parece nos obrigar a experimentar um pouco de tudo e de todos para que, no final, nossa escolha definitiva seja baseada em uma vasta gama de experimentações.

Morar juntosOlhando a experiência de amigos que decidiram viver dessa forma (e não os julgo por isso), eu percebo neles, não raramente, uma dificuldade quase “crônica” de se sentirem seguros em uma relação estável e, principalmente, de confiarem profundamente no seu/sua parceiro/parceira. A vida baseada em confusas experiências amorosas parece promover uma dúvida constante e uma esperança bizarra de poder encontrar sempre alguém melhor. Isso faz com que uma pessoa acabe não se entregando completamente em uma relação que, dessa forma, permanece em um estado de superficialidade perigoso, causando descontentamento, aumentando a insegurança e diminuindo a capacidade de confiar.

Já a vida à dois, vivida de maneira exclusiva e estável, talvez tenha menos “extremos sentimentais”, mas promove uma serenidade interior fantástica. A estabilidade da vida de casal ajuda a descobrir nossa capacidade de amar, perdoar, recomeçar e entender, profundamente, o potencial infinito que existe no Amor. Claro que, também neste caso, é necessário entender que a Dor é uma característica importante, que precisa ser acolhida como uma possibilidade de crescimento da vida à dois, e não um impedimento.

Porque morar juntos só depois de casar?

É difícil explicar racionalmente o que levou concretamente eu e a minha esposa a esperar o casamento para viver sob o mesmo teto. Na verdade, o que quero enfatizar aqui são as descobertas estratégicas relacionadas à essa decisão.

Morar juntosIndependentemente do valor que alguém dá para o casamento, é perceptível que a sua “oficialização” (civil ou/e religiosa) dá uma maior seriedade à união. Acredito que isso se deva, sobretudo, ao fato de que a formalização do casamento engloba uma dimensão comunitária (amigos, familiares ou a sociedade), deixando de ser uma escolha puramente pessoal.

Morar juntos, sem um compromisso formal de “exclusividade” dificulta a construção de uma base segura de confiança, respeito e, sobretudo, fidelidade. Claro que existem pessoas que, mesmo não oficializando a união, vivem como se fossem “casadas”. E outras que não conviveram antes do casamento e que, quando se casaram, acabaram se separando. Nem tudo é branco ou preto.

Porém, no nosso caso, o período pré casamento foi importante para desenvolvermos aspectos mais interiores da nossa relação, como a confiança ligada não a união física, mas a escolha interior profunda de viver com o outro, “na alegria e na tristeza” e para sempre. Estando agora casados, entendemos que aquelas escolhas nos ajudam, agora, a descobrir que o Amor “pra toda vida” é muito mais ligado ao cultivo da confiança recíproca, do que da atração física. Sem a segurança interior e a confiança no amor incondicional pelo outro e do amor do outro por nós é impossível viver estavelmente com outra pessoa. Uma hora ou outra, as diferenças vêm à tona. Nesse momento, uma boa estratégia pesa muito.

Ensino técnico

Ensino técnico: porque é importante valorizá-lo?

Ensino técnico

Todas as vezes que encontro um amigo de outra nacionalidade aqui em Genebra e começamos a conversar sobre a situação socioeconômica e sociopolítica do Brasil, vejo seus olhos arregalarem. Talvez eu tenha, infelizmente, nutrido um certo pessimismo em relação a situação atual do meu país, mesmo se jamais perdi as esperanças de dias melhores.

Muito do meu descontentamento não é por conta da corrupção, da burocracia, da falta de infraestrutura, nada disso. Minha maior preocupação em relação ao Brasil se resume em um aspecto fundamental: a falta de investimento massivo e estratégico em Educação.

Conversando com um amigo francês, que vive há um ano em Seul, capital da Coréia do Sul, fiquei impressionado em ver o quanto a Educação tem um impacto positivo dentro de uma sociedade. Por exemplo: uma sociedade mais educada não só permite avanços socioeconômicos relevantes, mas difunde valores comuns, como o respeito, diminuindo as tensões sociais e os índices de violência. Foram esses alguns dos frutos colhidos pela sociedade coreana.

Qual modelo educação queremos?

Estamos às vésperas de mais uma eleição. Nesse momento, em especial, é fundamental nos questionarmos quais projetos queremos traçar para o futuro do Brasil. A Educação deveria ser uma das principais pautas.

Ensino técnicoÉ um fato. Nos últimos 20 anos, houve um sucateamento absurdo do ensino no país. Quando fiz o “primário” (Ensino Fundamental) em escola pública, ela ainda tinha padrões mínimos de qualidade, que agora não existem mais (ou existem, minimamente, graças ao heroísmo de alguns educadores).

Estando aqui na Europa, sobretudo em um Estado de bem estar social como a Suíça, percebo a força e a importância do ensino de base e do ensino técnico no país. Aqui, a Educação é pública, exigente, completa e, acima de tudo, dá aos jovens diferentes possibilidades, sem condicionar seu futuro à necessidade de um diploma universitário.

Recentemente, eu li um artigo comparando o desemprego dos jovens europeus, com os modelos de ensino adotados pelos seus países. Países em que o emprego é mais vinculado ao diploma universitário, como Espanha e Portugal, têm maiores índices de desemprego que a Alemanha e a Áustria, dois países que – como a Suíça – promovem o ensino técnico. Claro que conjuntura é muito mais complexa, porém, o artigo mostra com clareza que, em qualquer economia, é perigoso vincular o futuro empregatício dos jovens (e, consequentemente, o seu bem estar socioeconômico) ao diploma universitário.

Ensino técnico + Ensino universitário

Existem profissões mais voltadas ao desenvolvimento teórico e a inovação, baseada no pensamento. Contudo, existem outros ofícios baseados na prática, na experiência, na técnica.

Ensino técnicoPor exemplo: Minha mãe é professora no ensino público. Fez magistério e só teve um diploma universitário no final da sua carreira (porque o governo obrigou). A competência e a dedicação dela é inquestionável, mesmo quase septuagenária. Sempre fico admirado com a sua capacidade de inovar, de criar formas novas de passar, na prática, o conhecimento e, acima de tudo, motivar seus alunos à aprenderem.

Ela é pedagoga? Não. É professora. Pedagogos são mais teóricos. Eles saem das universidades com o objetivo de repensar modelos de ensino e auxiliar os professores na melhoria dos resultados, tendo uma visão geral do universo educacional. Contudo, eles são “ignorantes” no que diz respeito ao ensino didático.

Não estou dizendo que o professor só necessita de um aprendizado técnico e o pedagogo, exclusivamente teórico. O professor precisa sim conhecer um pouco das escolas de pensamento e o pedagogo deve estagiar em escolas, para conhecer de perto a complexa realidade do ensino. Mas, é a mesma relação entre o médico e o enfermeiro. Enquanto o primeiro tem uma extensa formação voltada para o conhecimento teórico, especializado, o segundo é mais técnico e necessita desenvolver outras capacidades humanas, devido o contato mais constante com os pacientes. As duas formações são complementares.

Não tenho nenhum temor de afirmar que a universidade não deve ser o único espaço de aprendizado para um futuro profissional. Cansei de ver colegas do curso de jornalismo que queriam escrever artigos, fazer vídeos, fotos e passar quatro anos sentados ouvindo as críticas centrípetas da Escola de Frankfurt era maçante para a maioria deles. Acho que o jornalismo é mais um exemplo de profissão que poderia basear-se na prática. Talvez uma “pós graduação” seria o mais sensato, pois é um ofício que exige a reflexão teórica sobre as suas dinâmicas. Mas não de quatro anos.

A importância estratégica de valorizar o ensino técnico é um passo importante para o Brasil atual. Investir na qualidade do ensino de base e do ensino técnico pode nos abrir possibilidades de um verdadeiro futuro promissor. Bem qualificados, na prática, os jovens podem se tornar uma mão de obra mais relevante, melhorando a sua qualidade de vida e, também, os resultados econômicos do país.

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