babel

Nos estudos que fiz durante a produção da minha tese de laurea magistrale, um dos aspectos que mais refleti foi a respeito da “incomunicação” existente no contexto atual. Mesmo em um mundo que, segundo Wolton, “todo mundo vê tudo, ou quase tudo”, não se compreende melhor aquilo que acontece. “A visibilidade do mundo não basta para torná-lo mais compreensível”, afirma o comunicólogo francês.

Wolton explica que o fim das distâncias físicas proporcionadas pela globalização revela, na verdade, “a incrível extensão das distâncias culturais”. Mesmo que as técnicas sejam homogêneas, o mundo preserva sua essência heterogênea.

A sonhada “Aldeia Global” apresentada pelo pensador canadense Marshall McLuhan é, na verdade, “cacofonia de Babel”.  Para Wolton “hoje a facilidade de comunicar dá o falso sentimento de que seja mais fácil compreender-se”. Contudo, nas pontas dos canais e redes de comunicação, encontramos frequentemente a incompreensão, para não dizer a “incomunicação”.

Neste contexto emerge também a questão da identidade. Historicamente lutada, sofrida e conquistada com o sangue de muitos, é difícil a sociedade abrir mão dela. Assim, de maneira natural, quanto mais os homens entram na globalização, mais eles querem afirmar suas raízes. Para o comunicólogo francês, tudo isso evidencia a necessidade de, “quanto mais comunicação e trocas houver, mais será preciso respeitar as identidades”.

Na prática, o desafio da comunicação contemporânea é marcado por constantes insucessos. Um exemplo simbólico é a da manipulação da informação feita pela rede de televisão americana CNN.  Além de suscitar oposições crescentes, desde a primeira guerra do Iraque (1991) e no pós 11 de setembro de 2001, a CNN, em vez de aproximar os pontos de vista, aumentou as distâncias culturais, exacerbando os maus entendidos.

O fato é que, como evidencia Wolton, “a globalização da informação cria um processo que foge a todo o mundo”, do qual é difícil controlar. Por isso, afirma o comunicólogo francês, “é preciso pensar a comunicação considerando a diversidade cultural”, em que os diferentes povos e culturas sejam respeitados. “Não há informação nem comunicação, sem o respeito do outro, do receptor”, afirma Wolton.