Quero ou Preciso?

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Todo mundo anda dizendo que os momentos de crise econômica são ideais para investir, pois acabamos todos nivelados “pra baixo” e assim quem tinha muita grana tem só um pouco mais vantagem sobre os demais.

Porém, outra coisa que somos impulsionados a fazer nessas situações de dificuldades financeiras global é consumir mais, com a desculpa da necessidade de fazer girar a engrenagem da economia mundial.

Esses questionamentos acima me fizeram pensar, ainda mais em “tempos de Natal”, na quantidade de vezes que acabo ouvindo de pessoas próximas a palavra “querer” e “precisar”, como se não houvesse nenhuma diferença entre ambas.

Li um artigo sobre a Pirâmide de Abraham Maslow que trata da existência de um conjunto de cinco necessidades que iniciam na base da pirâmide: as primeiras são necessidades fisiológicas (fome, sede, sono, abrigo etc.). Depois vêm as necessidades de segurança (abrigo, emprego, saúde etc.), seguidas das necessidades sociais (afeto, relações sociais), depois da auto-estima (reconhecimento), e por fim as necessidades de auto-realização (ser o máximo de si próprio, espiritual).

Dentre estas necessidades é preciso ter claro onde se situa o querer e o precisar. Segundo Maslow, fica claro que quando se fala em sono não se pensa em marca de colchão; em fome, não se pensa em marca de comida, em sede, é apenas água o que realmente precisamos. Talvez queiramos refrigerante, mas precisamos apenas de água para saciar a sede. Talvez queiramos ter vinte sapatos, mas será que precisamos de tantos pares se só temos dois pés? Quem sabe dois ou três sapatos bastariam, e quando um se fosse, seria reposto.

Uma situação que nos dá ótimos parâmetros do quanto realmente precisamos ou queremos coisas é uma viagem. Alguém precisaria ter uma bolsa Victor Hugo numa praia deserta? Precisaria de água ou quereria água? Precisaria. Para não morrer desidratado, precisaria. Não seria um querer, seria um precisar de água.

E assim podemos subir a pirâmide nos questionando do que realmente precisamos, o que precisamos e queremos, o que apenas queremos. Constantemente somos contaminados pela mídia que abusa da nossa ingenuidade e nos invade criando necessidades que até antes não existiam.

O consumismo é uma doença que não afeta somente o nosso bolso, mas influencia no modo como nos relacionamos com as coisas e, principalmente, as pessoas. Se aprendermos a ser mais autônomos aos dizeres midiáticos, questionando mais, conseguiremos ter uma clara noção do quando estamos saciando necessidades ou desejos.

Precisar é da ordem da necessidade. Querer é da ordem do desejo. Necessidade diz respeito a todos os seres humanos e sua sobrevivência. Desejo diz respeito a vontades ocultas, ocultadas pelas necessidades inconscientes do indivíduo, de afeição, apreço, auto-estima, potência… Enfim, coisas outras que não da ordem da sobrevivência da espécie.

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1 Comment

  1. Uma vez eu precisei escrever o que eu senti: http://cab.blogspot.com/2008/10/preciso-escrever-o-que-eu-senti.html Não sei se você leu.

    Os verbos existem: precisar e querer. A gente desloca as coisas de um para o outro numa inconstância publicitária. Publicidade faz a gente dentro de nós mesmos, vendendo objetivando vender para gente mesmo. E parece que a gente é dois: o cliente e o feirante! Um carente.

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