Month: March 2009 Page 2 of 5

E tudo continua…

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O tempo passa e quando a gente menos percebe está lá o tal barbudo, fazendo as adivinhações para entrar no tal “outro mundo”.

É engraçado quando a gente passa tanto tempo correndo, comendo, dormindo e otras cosas más, é quase fatídico que falte tempo pras pessoas.

Bom… eu decidi fazer diferente. Desde que comecei a jogar nesse Grande Jogo de maneira consciente, adotei a tática do “Primeiro as Pessoas”… acho que acertei, não por inteligência, longe disso,mas por ter tido a sensibilidade de entender que é realmente só isso que temos… os bens, a saúde e cada pedacinho de vida que existe por aqui, acabam sempre sendo levados pelo tempo.

Mas os momentos vividos juntos.., as vezes breves, mas intensos, deixam marcas profundas na nossa vida e nos dão a certeza de que estamos todos “dançando” juntos.

Não sei como será esse novo ano que começa, meus 25 anos, mas sei que vou continuar investindo nisso, pois, como disse ontem, está diretamente relacionado à Felicidade (com F maiúsculo).

Tem gente que diz que não tem tempo pra nada… mas as ferramentas (até mesmo o superficial Orkut) podem mostrar que podemos tirar 1 minuto do nosso dia para dizer a alguém que ela é importante para nós. Aproveitemos delas.

E que venham os novos desafios, porque pra quem está acompanhado, as aventuras tornam-se bem mais prazerosas.

Carta às pessoas que amo – Testamento 2009

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Amigos, pais, irmãs, familiares

Há 10 anos escrevo anualmente um resumo de tudo o que vivi em cada ano e há três o meu testamento espiritual, para expressar o como me sinto e o que gostaria de dizer se a minha caminhada nesse mundo se encerrasse no ano em que escrevi. O último dia do ano e o dia do meu aniversário foram os dias que escolhi, respectivamente, para escrever esses dois aspectos importantes da minha vida.

Assim, me encontro aqui, novamente, a escrever o como me sinto, depois de tantas experiências, tantos relacionamentos, perdas, recomeços e alegria, muita alegria!

Passados quase 4 anos da minha aventura em “outras terras”, de grandes descobertas, de muito aprendizado, entendi o quanto é importante salvarmos os relacionamentos. A grande descoberta de 2009 tem sido o quanto a nossa capacidade de dialogar é restrita, o quanto estamos sujeitos às nossas vontades e acabamos não nos preocupando com a felicidade das pessoas próximas que encontramos ou convivemos diariamente.

A minha descoberta da felicidade está diretamente relacionada a minha capacidade de me doar e desta doação, contemplar a felicidade de quem a recebe. Essa é a Felicidade (com F maiúsculo). Descobrir que estamos aqui para deixarmos algo, não só os genes, mas a nossa pincelada nessa imensa tela que está sendo pintada há séculos.

Algumas pessoas se permitem e descobrem que podem dar mais que um simples toque no pincel. Einstein, Francisco de Assis, Galileu Galilei, Darwin, são alguns exemplos concretos de gente que deu um colorido diferente na Grande Tela, quando passaram por aqui.

Dessa forma, o outro é sempre meu ponto de referência. É o quanto faço feliz quem passa ao meu lado que alicerça a minha felicidade. E paradoxalmente, quanto mais me dôo, mais me reconheço único. Mais percebo que tenho o MEU jeito de ver o mundo, as coisas e as pessoas e que, se não manifesto, perco a chance de tornar a tela mais completa.

Não tenho muitos bens para deixar, mas gostaria muito de que eles fossem todos doados, que nada ficasse em casa, com meus familiares. Também os órgãos, se eu pudesse doá-los, os doaria com muita felicidade.

Mas o que mais deixo são pensamentos e a certeza de que tudo parte dos relacionamentos, do interesse por quem está a nossa volta, até mesmo quem nos desagrada. Vale à pena correr atrás das pessoas, perder tempo com elas. È isso que me faz feliz.

Por fim agradeço… meus pais, irmãs e namorada em primeiro lugar, pois são os que mais sofrem com o meu processo de entendimento e crescimento… minha intolerância, fome e impaciência. Foram as pessoas que mais me amaram, mas que eu nem sempre pude responder à altura.

Depois aos meus amigos… de perto, de longe, do trabalho, da faculdade, do Movimento, pessoas que me ajudaram muito, que eu pude construir relacionamentos profundos. E como valeu sempre à pena!

Um agradecimento especial, neste ultimo ano, aos meus afilhados: Bruno, Elaine, Mariana, Éder, Aline, Renato, Lylian e Rafa. Elígia, Maíra, Victor, Nath, Lucas, Laura, Faro e Aldo. Fer, Cris, Ka, Aline, Anna. P.Ricado, Alexandre, Mucheroni, Brasil, Rafinha’s, Gustavones, Heraldo, Fausto, P.A., Daniboy. Bia, Mili. Flávia, Miguel, Frans, Aure, Sasha, Elisa, Emanuel, Ago, Iride. Gabrão, Guila, Sara, César, Kiliano, Timóteo, Alonso, Nilson, William e tantas e tantas outras pessoas.

Fiz questão de nomear estas por estarem mais presentes no último ano e terem me ajudado nas descobertas humanas, profissionais e espirituais, mas sei que elas só representam, cada um, um aspecto especifico da minha vida.

Por fim, Deus! O sentido, o objetivo a finalidade! Sem Ele, nada seria possível. Não estaria aqui respirando, já teria guardado o pincel.

Quando as ideias valem mais que os relacionamentos

Passei a noite pensando na conversa com uma das pessoas que mais tenho prazer em compartilhar ideias. O mais engraçado é que discordamos de quase tudo, sobretudo pelas experiências e histórias pessoais de cada um, da cultura em que fomos “obrigados” a incorporar. Porém, o interessante, é que na essência, acreditamos em uma mesma coisa: todo homem busca a própria felicidade.

Essas conversas me fazem sempre olhar para dentro de mim e me dar conta do quão limitado sou, o quanto preciso crescer e sofisticar o meu modo de amar (fazer o bem) às pessoas, do modo que elas gostariam de ser amada.

Disso também falamos! Da dificuldade que o ser humano tem de sair de si e olhar o bem do outro, tendo o que esse “outro” almeja como ponto de referência. É muito fácil acreditar que a nossa verdade é universal e faria bem para qualquer um… porque experimentamos e vivemos com/por ela, todos os dias.

Contudo, cada ser humano tem o seu modo especifico de sentir e viver a tal felicidade. Ajudar o outro é descobrir o que o faz feliz e lutar por isso, sabendo que, para viver POR alguém é necessário abrir mão de si mesmo.

Durante essa discussão, quase calorosa, pela dificuldade de expressar bem aquilo que se pensa e de traduzir experiências em matéria comunicativa, novamente estávamos diante de um impasse de ideias.

O maior dele foi a diferença em relação ao diálogo, que para mim é uma capacidade intrínseca e exclusivamente humana (afinal, violência qualquer animal manifesta, sobretudo para expressar sua soberania) e para ela, por diversos motivos (como diferença de cultura e de geração) muitas vezes a “violência” é a única forma de viver em harmonia.

Pensar que o diálogo tem um limite e que a violência pode se tornar um fim, para afirmar uma ideia não aceita por todos, é acreditar que ser um Homo Sapiens não me faz diferente dos outros animais. Porém esse é o tipo de conversa que não tem uma resposta única, uma conclusão comum, principalmente porque a história mostra a violência como único meio possível de mudança e a nossa sociedade incentiva a realização do eu, em detrimento ao bem estar do “nós”.

Aqui não vale salvar ideias… mas os relacionamentos.

Senti muito isso no final da conversa. Não existia acordo. Continuávamos cada um a pensar da mesma maneira, mas sentia uma alegria muito grande de poder ter alguém com que eu pudesse dizer coisas tão profundas e edificantes.

A troca, as diferenças e o conflito de ideias servem para nos fazer mais humanos, para ajudar a nos abrir ao diferente, que tem o mesmo fragmento de verdade que as nossas ideias carregam.

O que “mais vale” são as pessoas e não uma ideia, ideologia, elas são meios para vivermos melhor em comunidade, mas se são causa de guerra, de indiferença e do Mal, não podem ter o mesmo valor que um ser humano.

Prefiro abrir mão da necessidade de expor o que eu penso para preservar esse relacionamento com minha colega. É graças a ela que sinto uma enorme alegria de contemplar a criatividade de Deus, por meio das diferentes concepções de mundo e felicidade.

Aqui não vale salvar ideias… mas os relacionamentos.

O jogo do teste sua força

testeO menino do vilarejo sempre quis alcançar o limite máximo do “martelo atômico”, que testava a força de quem se propunha a martelar a base do brinquedo.
Desde pequeno ele pagava uma ficha no parque para martelar e ver as luzes se acendendo até chegar lá em cima. Porém nunca chegou ao topo, pois nunca havia golpeado o brinquedo com a força necessária.

Essa imagem me veio à cabeça no momento em que entendi a relação do prazer com ou sem amor e a implicância disso na nossa vida afetiva.

Sempre me recriminei por não saber diferenciar o que é natural (e saudável) daquilo que pode ser prejudicial em qualquer tipo de relacionamento. Assim, a busca do equilíbrio é de certa forma árdua, principalmente se existe o propósito de seguir o caminho da Felicidade (cristã) de maneira o mais coerente possível.

Assim, em um desses muitos pensamentos, entendi o porquê da importância de não estimular o prazer, antes que não exista amor suficiente para que ele seja sustentado. É como se não houvesse “aquela força” necessária para golpear o brinquedo do parque, a fim de alcançar o topo.

Sem o amor, as luzes se ascendem, se sente alegria, prazer, mas não de forma plena, pois sempre falta alguma coisa, difícil de explicar. O amor sustenta o prazer como um farol diante de um débil foco de luz em meio ao solitário oceano noturno.

Dessa forma os limites naturais de cada relação não devem ser ultrapassados, mesmo tendo de ser cultivados, para manter relacionamentos saudáveis. É preciso antes treinar bastante, fazer musculação, para depois ter força para chegar ao topo do brinquedo.

Dessa forma o diálogo, o companheirismo, tão difícil e ao mesmo tempo, tão mascarado na grande maioria das relações, precisa ser constantemente trabalhado para fortificar ao ponto de, quando se estiver preparado, alcançar o ápice do “jogo”.

É uma conclusão simplória, mas bem clara. Ajudou-me a perceber o porquê de muitas vezes não sentir a tal felicidade almejada. Estava golpeando o brinquedo sem ter a força necessária para alcançar o topo. Estava gastando as fichas à toa.

Revide social de uma nova geração

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Semana passada, fomos surpreendidos com mais uma catástrofe de dimensões inacreditáveis e respostas inexistentes. Um adolescente de 17 anos assassinou 15 pessoas e depois se suicidou, sem deixar motivos claros, desavenças ou qualquer tipo de justificativa plausível para tal atrocidade.

Tentando conhecer um pouco mais da história do assassino por meio do que saiu na mídia impressa e digital, me deparei com uma realidade ainda difícil de “engolir”: em tudo que li, análises superficiais tentando entender o “por que”, mas contraditoriamente esquecendo de buscar as respostas na vida do garoto e na sociedade em que ele está inserido.

No pouco que os meios de comunicação publicaram Tim K. era um garoto de classe média, filho de um próspero empresário de Winnenden, perto de Stuttgart. De caráter tímido e “inofensivo”, como diziam os vizinhos, o garoto não tinha motivos “visíveis” para os assassinatos. Será?

No modelo de sociedade na qual nós jovens estamos obrigatoriamente inseridos o “outro” está sendo cada vez mais substituído pelo “só eu”. Essa perspectiva não deixa ver além do perímetro mínimo que rodeia as minhas relações.

Não se conhece (e nem se interessa) mais os vizinhos, as crianças preferem o Nintendo Wii, o computador, do que o futebol, o jogo de botão, a pipa ou o playground. As relações se distanciam desde pequeno e assim o valor das vidas “alheias” tem o mesmo significado dos soldados inimigos do jogo Counter Strike (hit violento entre os adolescentes de todo o mundo).

Mas por que a mídia continua personalizando as respostas? Continua expressando analises superficiais que pouco questiona o modelo de sociedade e de homem? Pode ser medo de admitir quem é o verdadeiro culpado dessa esquizofrenia social, sendo mais fácil individualizar o problema?

Nos últimos dias uma grande polêmica foi levantada após um editorial da Folha de S.Paulo classificando a ditadura brasileira como “ditabranda”. Discussões calorosas na universidade ainda procuram encontrar respostas para o motivo da absurda colocação, afinal de contas foram 400  pessoas assassinadas ou desaparecidas.

Novamente, mas em um novo contexto, não se discute o processo histórico. Para as novas gerações citações como estas passam quase “despercebidas”, principalmente pela distância temporal que o acontecimento trás no imaginário de nós jovens (além da falta de sensibilidade que os noticiários produzem, com a banalização das vidas perdidas cotidianamente).

Nesse momento, não vale atacar o acontecimento em especifico, como no caso do jovem alemão, é preciso repensar modelos de sociedade, questionar-se sobre o quanto a história nos ajuda a não cometer os mesmos erros e os meios de comunicação servem para auxiliar-nos nesses “flashbacks” que nos ajudariam a “reviver” momentos e entender escolhas de outras gerações, que influenciam diretamente nessa sociedade que recebemos “de presente” e com a qual somos obrigados (e Tim K. não conseguiu) a nos adaptar.

Nos últimos dias, venho pensando no quanto a sociedade pós Segunda Guerra criou regras fantásticas que asseguram o bem estar universal (Declaração universal dos direitos humanos, estatuto da criança e do adolescente e etc), mas me parece que a ela não entendeu de que não adiantam regras novas, mesmo as mais modernas, sem Homens Novos.

Pelo contrário, continuaremos sempre a nos assustar com a capacidade de reagir das novas gerações, sem nos darmos conta da nossa omissão e falta de exemplos concretos. De que valem as regras, se elas não são aplicáveis?

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