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29 dias no país do Tsunami – Parte 5: Time completo

Da esquerda para a direita: Leonardo, Patrick, Eugenio (cima), Giuseppe (baixo), Ago, Eu e Andrew

Da esquerda para a direita: Leonardo, Patrick, Eugenio (cima), Giuseppe (baixo), Ago, Eu e Andrew

Diário de Bordo – Grotaferrata – Castelos Romanos – Itália – julho de 2005

Aqui estamos as 15:15h na estação de trem de Frascatti em direção a maior aventura deste ano. Mas falta um pouco para sermos um time completo.

Somos 5: Ago, Andrew e Patrick, (dois jovens ingleses que Ago conheceu em uma de suas viagens à Inglaterra) e Leonardo (jovem Napolitano dos Focolares que estuda em Milão e que morou comigo por dois meses no Centro Mundial em Roma. Além deles, claro, eu.

Posso dizer que estou muito feliz com essa viagem. Ontem assistimos o vídeo do jovem Clement, francês que morreu (acho que doente) acreditando no Mundo Unido. Depois do vídeo eu disse aos ingleses que para mim essa viagem à Indonésia é uma grande oportunidade de me doar concretamente. Buscando acolher cada dificuldade.

A próxima parada é Roma – Termini.

(…)

São 19:40h. Depois de encontrarmos Giuseppe e Eugenio, dois jovens calabreses, seguimos até o aeroporto Fiumicino e agora já estou no avião.

É fantástico estar aqui. Adoro viajar de avião porque é a maneira que o ser humano encontrou de dimensionar aquilo que Deus construiu.

Giuseppe e Eugenio, pelo que entendi, são dois jovens que participavam das atividades ligadas ao Movimento dos Focolares, mas que pela correria da vida se afastaram.

Bem, agora iremos até Frankfurt – Alemanha. Chegaremos umas 21:15h para depois pegar o avião para Singapura ás 22:15h.

BOA VIAGEM!

29 dias no país do Tsunami – Parte 4: Tudo nasce de uma ideia.

Com Agostino em Roma

Com Agostino em Roma

Estava eu, conversando com um dos organizadores da viagem, Agostino Spolti (meu grande irmão “mais velho” em Roma) e de repente surgiu a idéia da minha ajuda nessa viagem.

Quem destina fundos para diversas viagens nos muitos lugares que precisam de assistência é a AMU (Azione Mondo Unito), ONG italiana ligada ao Movimento dos Focolares.

O trabalho que estava sendo feito na Indonésia pós Tsunami era de angariar fundos para a construção de barcos para os pescadores da região afetada. Iríamos para o país com o objetivo de entregar esse dinheiro arrecadado em diversas atividades e fruto da generosidade de muitos europeus.

Claro que, quando ouvi o convite, ele me soou como sonho. Estava na Europa há mais de um ano, mas sobrevivia com meu trabalho “de subsistência” e nunca poderia pagar uma viagem como esta. Mesmo assim acreditei que, se fosse mesmo para ir, tudo acabaria dando certo.

Era abril de 2005, três meses antes da viagem, pensei em talvez contar para os meus pais. Porém, concluí que poderia ser mais “sadio” para eles informar na última hora, assim pouparia sofrimentos e apreensão.

Os meses foram passando e o que parecia um sonho, tornou-se realidade. Chegou e ajuda da AMU com a qual eu poderia viajar.

Quando tudo se concretizou não conseguia me conter em alegria… em alguns meses estaria do outro lado do mundo, reencontraria velhos amigos e participaria de um momento único da história da humanidade. Seria testemunha ocular da destruição de uma catástrofe natural e poderia “arregaçar” as mangas em auxílio das pessoas prejudicadas.

Mas, mal sabia eu que essa experiência de inculturação já começaria ali, na Itália, assim que encontrasse meus companheiros de viagem.

29 dias no país do Tsunami – Parte 3: De Roma para o país do Tsunami

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Foram nos meses vividos em Roma que surgiu a possibilidade de ir para o país do Tsunami ajudar aquela gente tão necessitada.

Muitas pessoas defendem a idéia de que, antes de irmos para outros lugares ajudar, temos que lutar pela melhoria da vida das pessoas no lugar aonde vivemos. Eu discordo. Acredito que existem situações em que o povo de um determinado local não é capaz de se erguer sozinho. Se não houvessem muitos voluntários, missionários ou pessoas comuns dispostas a deixar o conforto da sua vida, para se dedicar por um mês, até menos, pelo pobres da África, os refugiados da Europa do Leste ou os afetados por catástrofes naturais no sudoeste asiático, a situação seria ainda pior.

Sei que no meu Brasil, na minha São Paulo, existem muitas, mas muuuuuuuitas pessoas que precisam do mínimo e que minha ajuda é muito importante, mas isso não exclui as pessoas de outros lugares, países continentes.
Admito que pensei nisso quando já havia voltado da aventura na Indonésia e me reencontrei com a pobreza e a desigualdade social berrante de São Paulo.

Na Indonésia que conheci essa diferença também existe, mas por se tratarem de ilhas, a distância geográfica acaba ocultando a riqueza, majoritariamente concentrada na capital Jacarta.

Não acho que o voluntariado irá resolver o problema do mundo, principalmente porque é visto como um “sair de si” geograficamente, sem entender que esse “deixar de lado a própria vida” pode ser feito cotidianamente, sempre que nos relacionamos com alguém que esteja ao nosso lado.

Essas foram algumas lições (que antecipei) que tirei dessa aventura. Cheguei naquele país acreditando na importância de ajudar e “caí do cavalo” quando entendi que quem realmente precisava de ajuda, talvez não tanto material, era eu.

29 dias no país do Tsunami – Parte 2: Como fui parar da outra parte do mundo

Pontyanus Gea ou Ponty, meu irmão indonésio

Pontyanus Gea ou Ponty, meu irmão indonésio

Como eu fui parar lá do outro lado do mundo?
Inúmeras vezes eu tive que responder essa pergunta.

A explicação talvez esteja até antes de eu nascer, pois é fruto de uma caminhada que se originou no casamento dos meus pais, em que o Movimento dos Focolares foi decisivo para que eles se encontrassem.

Nascido na Itália em 1943, o Movimento dos Focolares é hoje um dos carismas mais respeitados e conhecidos no mundo religioso. Presente em todos os países, de todos os continentes, a espiritualidade da unidade nasceu do desejo da então jovem Chiara Lubich que, em meio a Segunda Guerra Mundial, questionou-se a respeito da possibilidade de um ideal que as bombas não são capazes de destruir. Percebeu que só Deus, que é amor, permanece diante de tantas dores e perdas.

Com o passar dos últimos 60 anos, o Focolares se desenvolveu no mundo. Atualmente, pessoas das mais diferentes religiões, credos ou mesmo aquelas que não tem um referencial religioso, estão ligados direta ou indiretamente a essa espiritualidade.

Talvez seja importante mencionar que o Movimento nasceu dentro do catolicismo, que tem influência direta nas suas bases, mas que tem no diálogo sua principal referência, sendo assim conhecido como “Ideal da Unidade”.

Enfim, foi em um dos muitos encontros que os Focolares realizam que meus pais se conheceram, casaram e (depois) eu nasci. Por isso fui fazer uma escola de convivência com pessoas de todo o mundo na Suíça e, por fim, acabei sendo convidado para estar alguns meses no Centro Mundial do Movimento dos Focolares, na região dos Castelos Romanos – Itália.

Lá, surgiu a possibilidade de ir com um grupo de jovens passar um mês na Indonésia, para ajudar concretamente as vítimas do Tsunami. Claro que eu aceitei sem pestanejar.

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29 dias no país do Tsunami – Parte 1: Mergulho na dor que frutifica

Bandeira da indonésia

Bandeira da indonésia

Você sabia que a Indonésia é o país mais mulçumano do mundo?Sabia que também reúne o maior conjunto de ilhas do planeta?

E que lá as mãos são usadas tanto para comer como para limpar o traseiro?

Pois é, eu também não sabia nada disso até passar um ano ao lado de um verdadeiro indonésio nascido na bela ilha de Nias e morador de Medan, capital da grande Sumatra.

Durante aquela experiência vivida em Montet (Broye), pequena cidade do cantão de Friburgo no sudoeste suíço, pude entender um pouco da cultura do arquipélago asiático.

Depois de ficar bravo com as raras vezes em que meu amigo Ponty dava descarga após um “número 2”, saborear as misturas de tempero na preparação de carnes (fico feliz de nunca ter perguntado o que ele colocava na comida) e entender seu sofrimento com o frio do país europeu, me senti de certa forma “batizado” para visitar aquele país tão diverso culturalmente do meu.

Comer com a mão não é nem um pouco nojento ou constrangedor, como qualquer um pode imaginar. Diante de cada prato está um pequeno pote com água para lavar os dedos antes de se servir. Porém, quando soube que as fezes também são limpas com uma das mãos (A ESQUERDA), senti um certo deságio, para mim bem normal.

Com Ponty entendi que os indonésios pertencem a um povo alegre como o meu… sofrido e pobre como o meu… explorado historicamente como o meu. Mas, claro, nunca imaginava que um dia pisaria em seu país. A Indonésia está a 15.414 km de distancia do Brasil, mas culturalmente essa distância física é muito amplificada.

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