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Tufão nas Filipinas: ou mudamos ou somos cúmplices desta tragédia | Valter Hugo Muniz

Tufão nas Filipinas

“Hoje foi um dia inesquecível. Depois de acordar e tomar café da manhã fomos ver como tinha ficado, seis meses depois do Tsunami, a cidade de Banda Aceh, capital da região e lugar mais próximo das ondas gigantes que engoliram o sudoeste asiático. Percorrendo as ruas de Aceh, toda a beleza que pude vislumbrar em outras cidades, visitadas nos dias precedentes, tinha desaparecido. Ver, com os próprios olhos, aquilo que o Tsunami havia feito, ouvir cada história triste, me transformou profundamente.” (29 dias no país do Tsunami)

Esses são trechos do primeiro impacto que tive ao me encontrar com a destruição ocasionada pelo Tsunami, na cidade de Aceh (norte da ilha de Sumatra), em dezembro de 2004.

philippines_typhoon_haiyan_yolanda_9.Se você que lê tem a pretensão de imaginar o que aquele povo vivenciou, esqueça! Pois você não tem a mínima ideia. Não tente também entender o que o povo filipino agora, quase dez anos depois da tragédia na Indonésia, está vivendo. Se você nunca vivenciou, na pele, o impacto social de  uma catástrofe natural, não poderá jamais partilhar profundamente esta dor. Mas isso não é um problema.

O que mais me dói, tendo vivenciado esse tipo de experiência, mais enche meus olhos de lágrimas de indignação é ver tantas historias, tantas vidas, transformadas – pela imprensa e organizações internacionais – em números… “mais de dez mil”. Isso, mesmo com as melhores das intenções, não humaniza o acontecimento. E as fotos então? Sensacionalistas, acabam causando espanto, terror, mas será que nos movem? Transformam nossas vidas? Bem pouco, eu direi.

A dor do povo indonésio e do povo filipino não pode ser medida, isso é fato. Mas acabamos ridicularizando-a se nos contentamos em ler reportagens e artigos, partilhá-los nas redes sociais, como expressão de pena por aqueles que perderam tudo.

Esses tristes acontecimentos precisam nos transformar decisivamente. Não digo que todos deveriam fazer as malas e viajar para o outro lado do mundo, para ajudar concretamente o povo filipino. Nem acho isso muito produtivo. O que não podemos esquecer é que, não importa o que fizermos, precisamos mudar as nossas vidas:

Tufão Filipinas222 -  AARON FAVILA-ASSOCIATED PRESSNo pequeno? Talvez…

  • Observando hábitos de consumo, pensando o quanto se estamos acumulado coisas materiais, comprado desenfreadamente,
  • Pensando no modo como cada um se preocupa com a natureza, separando lixo, não desperdiçando papel e outras coisas, especialmente comida.
  • Optando em deixar o carro na garagem para usar o transporte público, ao menos uma ou duas vezes por semana.
  • Enfim, pensando no coletivo, no bem comum da comunidade internacional, e não somente no próprio conforto.

Isso tudo é pouco? Sim, mas já ajuda a amenizar as consequências dos hábitos predatórios à natureza que incorporamos no nosso dia-a-dia, sem refletir sobre eles. Acredito que essas pequenas mudanças de atitude são “ajudas concretas” possíveis à todos aqueles que estão distantes de uma catástrofe. Não me parecem necessárias mais provas de que o aumento da frequência e da intensidade dos fenômenos naturais extremos tem relação direta com o modo de vida que adotamos, individualmente e como sociedade.

filipfim_0_0_38_3500_2291Agora, se quiser fazer algo Grande… mobilize as pessoas em seu trabalho, universidade, igreja, comunidade, para arrecadar fundos ou coisas que possam ser enviadas para os filipinos. Não esqueça de buscar sempre Organizações Internacionais sérias, como a Cruz Vermelha, os Médicos Sem Fronteiras, como mediadores para que a ajuda realmente chegue a quem precisa. Depois, se sentir que isso ainda não basta, procure uma instituição que está trabalhando lá, arrume as malas, e vá trabalhar como voluntario, na assistência de pessoas e, eu garanto, sua vida nunca mais será a mesma.

Podemos fazer pouco, ou muito, não importa. O que NÃO PODEMOS é não fazer algo por aqueles que precisam, ao menos por consideração e respeito às vidas perdidas. Neste caso, como foi na Indonésia, em 2004, ou no Haiti em 2010, as vítimas estão distantes, mas poderiam (ou poderão um dia) estar mais próximas do que podemos imaginar.

Para oferecer algum tipo de ajuda humanitária, entre em contato com o Médico Sem Fronteiras

Também o Movimento dos Focolares e a Missão do PIME nas Filipinas estão se mobilizando para ajudar as vítimas do tufão. Caso você deseje contribuir economicamente, as contas bancárias são as seguintes:


Movimento dos Focolares:

FOCOLARE MOVEMENT IN CEBU
Payable to : Emergency Typhoon Haiyan Philippines
METROPOLITAN BANK & TRUST COMPANY
Cebu – Guadalupe Branch
6000 Cebu City – Cebu, Philippines
Tel: 0063-32-2533728

Bank Account name: WORK OF MARY/FOCOLARE MOVEMENT FOR WOMEN
Euro Bank Account no.: 398-2-39860031-7
SWIFT Code: MBTCPHMM

Payable to: “Help Philippines– Typhoon Haiyan“
Email: focolaremovementcebf@gmail.com
Tel. 0063 (032) 345 1563 – 2537883 – 2536407

Association for a United World (Associazione Azione per un Mondo Unito – Onlus)
BANK: Banca Popolare Etica, Rome branch
IBAN: IT16G0501803200000000120434
SWIFT/BIC CCRTIT2184D
Payable to: “Emergenza tifone Haiyan Filippine”

New Families Movement (AZIONE per FAMIGLIE NUOVE Onlus)
c/c bancario n° 1000/1060
BANCA PROSSIMA
IBAN: IT 55 K 03359 01600 100000001060
Swift: BCITITMX

Pime
Doações online aqui

Somos se aparecemos: a responsabilidade comunitária do comunicador

Somos se aparecemos

Uma das reflexões mais importantes que um comunicador, ao meu ver, deve SEMPRE fazer diz respeito a sua responsabilidade perante a comunidade em que ele está inserido. Em uma sociedade em que o espaço público é totalmente midiatizado “tudo o que é importante está na mídia, então aqueles que estão na mídia são importantes”, explica o comunicólogo francês, Dominique Wolton. Essa dinâmica social promove uma legião de narcisistas, que parecem viver para “aparecer”, pois isso (infelizmente) define a sua relevância perante os outros. Enfim, somos se aparecemos.

Nesse contexto, não é necessário explicar muito sobre o poder que está nas mãos, tanto de quem comunica, como daqueles que gerenciam as empresas de comunicação.

Contudo, deve ser impedida, a todo custo, a subversão vergonhosa dos meios de comunicação de massa, em que a forma suplanta o conteúdo. A responsabilidade dessas empresas e seus operadores precisa ser socialmente regulamentada, para que, em vez de servir como pedestal funcional para que os detentores do poder (politico e econômico) “apareceram”, as mesmas busquem valorizar aquilo que impulsiona à consciência coletiva, o bem comum.

Segundo Wolton, a “estrelização” da sociedade, que iniciara com o cinema e a imprensa de grande público, vem explodindo a mais de meio século, ilustrando a crise de valores que atravessou nossas sociedades. “Ontem, haviam outros valores: a política, a ciência, a religião etc., enfim, uma diversidade de legitimidades concorrentes. Hoje, tudo se alinhou à logica midiática que se torna a principal legitimidade”.

Racismo no futebol: a banalização das conquistas sociais em prol da inclusão | Valter Hugo Muniz

Racismo no futebolÀs vezes me deparo com situações em que sinto estar vivendo na Idade da Pedra, onde os atos animalescos, pouco racionais, definiam os privilégios sociais. Diante desses “escândalos” eu não consigo deixar de lembrar que as grandes conquistas da humanidade caminharam, decisivamente, para uma maior inclusão e não para exclusão de seres humanos. Por isso em muitos países não existe mais escravidão, a comunicação pode ser considerada “de massa”, a educação é um bem “para todos”, existe um estatuto da criança, a declaração universal dos direitos dos homens e etc. Porém, e isso espanta, ainda existem pessoas que promovem a segregação.

A pior das exclusões, para mim, é o racismo. Não por ser afrodescendente e, por isso, potencialmente vítima, mas porque ela “coisifica” brutalmente o ser humano pela cor da sua pele, pela sua etnia, as raízes. Infelizmente o futebol vem sofrendo “desse mal” há muitos anos e, nos últimos dias, os casos de racismo ganharam proporções que exigiram a mediação institucional da FIFA.

O relato no blog de Cosme Rimoli explica a situação: “Na partida entre CSKA e Manchester City, o alvo dos torcedores foi Yaya Touré, jogador negro que nasceu na Costa do Marfim. Era só a bola cair no seu pé e lá vinha a imitação de macacos na arquibancada. A partida era válida pela Champions League, a mais importante competição de clubes de futebol do mundo. O marfinense ficou revoltado. Mas não seguiu o caminho fácil de apenas reclamar na imprensa. Parou o jogo, mostrou ao árbitro e pediu que a partida fosse encerrada. Não foi.”

O que parecia mais um dos muitos casos de racismo no futebol no Velho Continente, se transformou no estopim que levou a FIFA a, finalmente, agir.  Yaya Touré disse, em alto e bom som: “esse tipo de situação tem de acabar até o Mundial de 2018”. Caso não acabe, o jogador prometeu organizar um boicote dos negros, podendo se estender à Copa do Mundo.

Bastou que uma vítima desse racismo animalesco desse uma declaração radical, ainda mais sendo um ídolo do futebol inglês, para que o presidente da maior entidade do futebol mundial, o suíço Joseph Blatter, percebesse o quanto a postura da Fifa é branda, quase conivente. Imagine uma Copa do Mundo sem negros? Sem Balotelli, Touré, sem Neymar, Paulinho… Sem as Seleções Africanas. Impossível! Os exemplos de casos de racismo na Europa são vergonhosos e “não adianta apenas multar e obrigar os clubes a jogar com portões fechados. Aqueles que possuem racistas entre seus torcedores precisam pagar caro”, afirma Rimoli.

As ameaças de Touré parecem ter surtido efeito e Blatter começou a se mobilizar para mudanças efetivas nas regras. Dessa forma, os racistas devem ser proibidos de assistir aos jogos; as polícias passarão a identificar e indiciar, vetando o acesso deles aos estádios nos dias em que seus times estiverem jogando. Aos clubes, as punições serão muito mais severas. Em vez de multas, perda de pontos. E, em caso de reincidência, até mesmo eliminação de campeonatos.

É fundamental criar regras severas contra qualquer manifestação de racismo. Seja de cor, raça ou até mesmo opção sexual. O futebol é conhecido como o esporte mais democrático do mundo, mas não pode seguir a demagogia “terminológica” existente no contexto político.

Espero que o caso sirva de exemplo para o mundo inteiro, inclusive ao Brasil, onde o racismo no futebol existe, mas que, como na sociedade, é travestido de uma hipocrisia cultural. Mas, pelo menos no futebol, o preconceito deve custar caro.

Alguns vídeos sobre o assunto:

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=ogz2wqRCQZI]

Especial do Esporte Espetacular sobre o racismo

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=LUCONduhYCk]

Fratemídia sai da rede para partilhar experiências e projetos

Fratemídia
No dia 19 de outubro, sete “frat&comunicadores” se reuniram na Livraria Cultura do Shopping Villa Lobos, em São Paulo, para retomar a série de encontros presenciais, uma exigência que tem crescido entre os membros do grupo Fratemídia.

Participaram do evento: Aline Muniz (Rádio e TV), Mariana Assis (TI), Mariele Prévidi (Jornalismo), Tatiana Yoshizumi (Tradução), Carla Cotignoli (Jornalismo), Vagner Cordeschi (Relações Públicas) e Valter Hugo Muniz (Jornalismo).

A partilha enriquecedora de experiências, elemento fundamental dos encontros realizados pelo grupo, “abriu os trabalhos” dos participantes. Destaque importante para a apresentação feita pela Aline Muniz do projeto “Os inconformados”, iniciado pelos frat&comunicadores de Rádio e TV, e que, por meio de breves vídeos, assumiu o desafio de promover a ideia de fraternidade aonde ela ainda é ausente.

Além de “Os incorfomados”, o jornalista Valter Hugo Muniz apresentou o novo projeto do seu site/blog colaborativo escrevologoexisto.com, que agora conta com novos colaboradores, de diversas áreas, mas que juntos têm em comum o desejo de propor a centralidade e relacionalidade do ser humano, por meio de reflexões propostas a partir de múltiplas perspectivas.

A também jornalista Mariele Prévidi contou experiências de promoção do jornalismo colaborativo, feitas por meio da sua assessoria de imprensa, Attuale Comunicação, especializada em assuntos ligados à agropecuária.

Em um segundo momento do encontro, foi feita uma profunda reflexão a respeito dos desafios que o Fratemídia vive atualmente.

  • Carla Cotignoli, remetendo-se à atual presidente do Movimento dos Focolares, que está na origem do grupo, ressaltou a importância de antes de pensar o que se tem para dar, é fundamental buscar descobrir o que o mundo anseia, as demandas do presente.
  • Vagner Cordeschi acenou a respeito da dificuldade de “vender” a fraternidade para o mercado da comunicação. Segundo ele, “Ser um verdadeiro comunicador é transformar, criar espaços atuais, usando os meios de comunicação”.
  • A tradutora Tatiana Yoshizumi acrescentou a importância de que todos os membros do grupo precisam sentir que são parte deste grande e audacioso projeto.

Interessantissima a explanação conclusiva da analista de sistemas, Mariana Assis, que partilhou suas descobertas a respeito do papel dos membros da área da tecnologia no grupo. Para ela, a essência da tecnologia é ser uma ferramenta a serviço das necessidades do ser humano. No Fratemidia este serviço, aparentemente tecnicista, pode ser feito de maneira diferente, procurando humanizar as metodologias de produção e combater o individualismo dos operadores.

Na conclusão do encontro dois aspectos principais, concretos, ficaram em evidência: A importância de SEMPRE comunicar as atividades e projetos feitos, mesmo que de forma “setorizada”, por áreas, ou individual, pelos membros do grupo e a necessidade de elaborar um manifesto em que todas as dimensões profissionais do grupo se encontrem essencialmente.

Mais informações sobre o grupo CLIQUE AQUI ou entre em http://netonebr.wordpress.com/

Algumas consequências da sociedade do espetáculo

sociedade do espetáculo

Não existe, espero, um estudante de jornalismo do mundo que nunca ouviu o termo Sociedade do Espetáculo (para ler o livro clique aqui), que intitulou o livro do escritor francês Guy Debord em 1967. Com um pessimismo envolvente, emerso no contexto da Guerra Fria, o escritor critica tanto o espetáculo de mercado “ocidental capitalista” (o espetacular difuso) quanto o espetáculo de estado do bloco socialista (o espetacular concentrado).

A importância desta obra é inquestionável, sobretudo pelo seu valor histórico. Além disso, é importante mencionar que os textos de Debord serviram de base teórica para as manifestações do Maio de 68 na França. Mas, considerando o contexto atual em que a sociedade e a crítica da comunicação de massa se encontram, arrisco a dizer que a sua grande obra exprime um anarquismo retrógrado que vai “na contramão” do estimulo em prol de uma reflexão “construtivista”.

Bom. Pensando em uma leitura que “aceita” a “vitória” do modelo econômico capitalista e aplicando este modelo ao universo da comunicação, como afirma Wolton, “é compreensível que a informação e a comunicação tenham se tornado mercadorias”. Contudo, o que precisa ser pensado, urgentemente e de maneira profunda, é “até que ponto o ideal, o normativo (da comunicação como partilha entre diferentes) é respeitado e a partir de quando, inversamente, é instrumentalizado ou mesmo pervertido”.

Seguindo o raciocínio, é fundamental pensar na difusão das diferentes ideologias pela comunicação e, frequentemente, sustentadas por aqueles que as “fazem”: jornalistas, publicitários, as personalidades midiáticas. Para que a comunicação (de massa) preserve a sua essência como “troca entre alteridades” ela, comenta Wolton, “deve atingir todos os públicos e tornar-lhes compreensíveis aos grandes desafios da sociedade e do mundo”, superando a espetacularização e a escolha editorial que expresse unicamente seus interesses ideológicos.

Isso não quer dizer que ela não pode ser simples, para ganhar clareza para um grande número de receptores! Certamente não se pode correr o risco de entediar o espectador, mas do simples ao simplista existem propósitos distintos. Deve-se, porém, exercer um grande zelo para não criar caricaturas em que a forma suplanta o conteúdo.  “Ganha (audiência) quem é mais rápido na invenção de frases curtas e das formulas”, como podemos observar diariamente na televisão. É questionável, porém, se esse modelo tem promovido “encontros”, consciência, desenvolvimento.

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