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Tchau Bento XVI!

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Hoje às 16h, horário de Brasília, a maior instituição do planeta entrará no período de “Sé vacante” (período em que a Sé episcopal de uma Igreja particular está sem ocupante), até a escolha de um novo líder, que terá a missão difícil de levar a Igreja Católica aos avanços necessários, masque devem preservar a sua identidade milenar.

Assistindo ao adeus do papa Bento, difícil não me emocionar!  Tive o privilégio de estar na Praça São Pedro na primeira missa do cardeal Joseph Ratzinger como Papa e também à sua primeira saudação na Praça de Castel Gandolfo.

Com o coração acelerado, vendo as faixas dos meus irmãos “focolarinos”, tantas lembranças boas, pessoais, da alegria sempre presente durante o período vivido ali, coração dos Focolares. Um grande arrepio com a gritaria dos fiéis na Praça, expressão de uma admiração e não só devoção, por um HOMEM que soube conquistar a simpatia de milhares de católicos em todo mundo.

É difícil explicar para meus amigos leigos o significado dessas experiências.Impossível quantificar, racionalizar. A presença do Papa (e eu experimentei de muito perto a dos dois últimos) simboliza uma fé que vai além das ideologias, da história, atravessando séculos, superando crises e procurando ajudar a Igreja a se manter fiel ao seu “fundador”.

Ratzinger, Wojtyla eram homens de uma grandeza visível. Respeitados em todo o mundo pela simplicidade, ambos, como Papa, testemunharam ao mundo, que o cristão (consagrado ou não) é um ser HUMANO, com seus limites, falhas, pecados, mas com um grande amor à Deus e ao próximo.

A emoção pelo dia de hoje é grande! A gratidão ainda maior! Com ambos os sentimentos, a oração para que sejamos, sempre mais, verdadeiros, transparentes, seguidores de Cristo (do Amor), de maneira humana, humilde, sem moralismos, como fez Bento XVI.

Lugar de “louco” é no manicômio


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O título pode parecer exagerado e a culpa do Corinthians, instituição, no episódio ocorrido na Bolívia, pode nem ser exclusiva. O fato é que as consequências do fanatismo corintiano denigrem, ainda mais, o futebol brasileiro.

Somado ao triste acontecimento na final da Copa Sul-Americana, envolvendo São Paulo e Tigre, a tragédia que tirou a vida do menino de 14 anos dá mais uma má impressão para o mundo de que, em matéria de respeito ao outro somos “Terceiro Mundo”, somos bárbaros.

Como comentou o Lance! “A Libertadores é a Copa do Vale Tudo. É a Copa da Impunidade. Das garrafas e pilhas lançadas sobre os jogadores na cobrança de escanteio aos ônibus depredados próximos aos estádios; dos tumultos em vestiários antes e depois do jogo, ao confronto de torcidas, tudo é visto como “normal”. Inclusive pelos clubes, e por parte da mídia. “Isso é Libertadores!”, quantas vezes você não ouviu essa expressão em tom ufanista?”

O pior de tudo, ao meu ver, foi ouvir a declaração do Sr. Mário Gobbi, presidente do Sport Club Corinthians, querendo se abster da própria responsabilidade pelo incidente. Uma vergonha.

No campeonato brasileiro do ano passado, no jogo Palmeiras x Corinthians, os torcedores palmeirenses, não os bons, os marginais, destruíram o estádio do Pacaembu. O clube, que nada tem a ver com isso (pois – usando o argumento do goleiro Cássio – não foram os jogadores que quebraram cadeiras e alambrados) foi penalizado com a perda de mandos e multa.

É assim que as coisas funcionam no futebol. As responsabilidades que envolvem o jogo são dos clubes. Ou todos irão querer uma “militarização” dos estádios? Se a PM, no caso do Brasil, é despreparada para lidar com qualquer pequeno conflito, imagina se dermos à ela a responsabilidade dentro dos estádios.

A única declaração que merece ser ouvida é a do lateral corintiano Fábio Santos. O único que colocou a vida acima de tudo, de maneira racional, humana.

O Corinthians e o San José devem ser punidos de maneira drástica. Ambos – não só o Corinthians – excluídos do torneio para servir de lição, pois futebol e violência, mesmo que não intencional, não podem mais caminhar juntos. Não dá pra tolerar esse tipo de coisa.

Não foi um “simples” ato de vandalismo, foi um crime, uma vida perdida. Tudo por conta de um fanatismo doente, tipicamente corintiano, que não diminui a grandeza (evidente) do clube, mas que precisa ser tratado.

O testemunho de um papa progressista

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Bento XVI renunciou!

Obviamente isso não é um furo jornalístico, pois a atitude de Joseph Ratzinger estampou centenas de capas de jornais e revistas de todo o mundo.

A repercussão que essa surpreendente decisão gerou na comunidade internacional evidencia o quanto o Papa é uma figura importante no cenário mundial. Nem mesmo a eleição de Obama, considerado o homem mais poderoso do mundo, teve tanto destaque como a renúncia de Bento XVI.

Hoje, passado o susto coletivo, começam as inúmeras especulações do mundo leigo, equilibrada pelas declarações de representantes religiosos, que polarizam as duas perspectivas em torno do acontecimento.

Para o mundo religioso, veio em evidência o positivo. A humildade de Bento XVI foi vista como um ato revolucionário importante, fundamental, em uma Igreja, em certo aspecto, ainda pré-conciliar, e que ainda precisa de uma profunda humanização.

Não sou fã das posições de Arnaldo Jabor mas, na coluna da CBN, ele foi extremamente brilhante ao evidenciar essa importante humanização emersa com a renúncia do Papa. A fraqueza de um senhor, idoso, cansado, deve sim ser considerada, “pelo bem da igreja”.

O “passo” dado por Ratzinger abre precedentes importantes e é autoexplicativa. Dentro do mundo religioso existem seres humanos e não deuses, que devem ser respeitados em seus limites, psicológicos e físicos. Além disso, essa é uma bonita lição para bispos e cardeais que talvez confundam a graça do serviço que são chamados a prestar, com uma (impossível) divinização da pessoa religiosa.

Por outro lado, enquanto o nome de um “novo sucessor de Pedro” começa a ser especulado entre fiéis e curiosos, em palpites dignos de uma conversa de boteco, o universo leigo confabula os porquês da renúncia.

Fala-se abertamente dos jogos de poder dentro do Vaticano. Esta instituição milenar, desculpem os puristas, também é formada por homens, pecadores , como aqueles que fazem parte de governos, empresas, Ongs.

Por isso, se já nas muitas paróquias, congregações, movimentos existem jogos de poder, imagina no Vaticano? Sim, somos homens, pecadores, todos. A diferença, demonstrada historicamente, é que a Igreja, instituição, superou o tempo, as mudanças, intrigas e jogos de poder porque inspirada em algo que vai além dos limites e vaidades dos seres humanos.

O mundo leigo (e também muitos fiéis) exigem mudanças, revoluções, transformações, que respondam com urgências as demandas atuais da sociedade. Porém a Igreja não caminha dessa forma. Ela é conservadora, no sentido bom da palavra, pois busca preservar as doutrinas e ensinamentos fundados na sua origem. Cabe ao Magistério entender os sinais dos tempos e, aos poucos, se desenvolver, mas sem perder sua identidade.

Para mim o positivo é perceber o quanto o Papa é iluminado por algo “maior”. A renúncia de Bento XVI foi uma das reformas mais importantes de seu pontificado e mostra o quanto a Igreja precisa se purificar e superar a “hipocrisia religiosa” para reavivar uma mensagem, universal, que seja resposta para toda a humanidade. 

Consciência do preconceito com o negro

Faltam alguns minutos para o tal Dia da Consciência Negra acabar, mas não sei se ficou claro que, como o nome diz, é o dia da CONSCIÊNCIA e não o dia dos negros…

Essa diferença, aparentemente banal, diz muito do motivo e da BOA razão da data, que não se limita ao fato de termos mais um feriado nesse país.

A burguesia brasileira, essencialmente branca (pouco cabocla, mameluca ou mulata) é visivelmente ignorante a respeito de muito daquilo que está a mais de dois palmos dos seus olhos e por isso é necessário anualmente clamar uma renovada consciência.

Neste dia, como acontece na polêmica das cotas universitárias, o discurso não se limita simplesmente ao fato racial, pois todos sabemos que outras raças, como a dos imigrantes, por exemplo, também foram e ainda são exploradas e prejudicadas (bolivianos, peruanos..). Também as mulheres não têm os mesmo direitos que os homens e, aqui em São Paulo, os nordestinos são constantemente humilhados.

Não… o dia 20 de novembro não “festeja” o simples fato de alguém ser negro (ou não), mas o significado e as consequências históricas no Brasil de uma grande exploração de seres humanos. O dia das mulheres remete à luta das mulheres, mas relembra principalmente as 130 tecelãs que morreram carbonizadas em uma fábrica em Nova Iorque, por exigirem melhores condições de trabalho.

A dignidade da mulher, como a do negro, foi (e ainda é) historicamente negada e o preconceito ainda é vivíssimo na sociedade. Basta ver quantos negros se formam nas melhores universidades do país, basta contar quantos negros e mulheres são presidentes de grandes empresas ou ocupam importantes cargos políticos.

Conscientizar as pessoas ajuda a romper essas barreiras do preconceito. Hoje a dignidade da mulher parece mais reconhecida na sociedade, mas a dos negros ainda tem um longo caminho na nossa sociedade.

O preconceito no Brasil é travestido de um sarcasmo e de brincadeirinhas inconscientes, mas ele existe! Mas para enxerga-lo é fundamental que as pessoas tenham, antes de mais nada, consciência.

Guerra silenciada

Voltar para São Paulo é me deparar com uma realidade difícil de adjetivar, uma guerra silenciada.

Adjetivar a violência urbana então… nem me fale!

Acompanhando cotidianamente a cobertura da mídia de massa nas últimas semanas fica evidente a deplorável exclusão (proposital?) dos pressupostos necessários para que uma notícia seja de “comunicação social” e não simplesmente um produto comercial.

A grande imprensa tem insistido em informar a população sem explicar, sem nem mesmo situar o leitor, telespectador. Enquanto isso a violência sistemática continua. Uma guerra entre criminosos da periferia e a policia militar faz todo dia vítimas e nós ainda estamos discutindo o final de Avenida Brasil.

O problema não é curtir uma novelinha pra relaxar, em meio ao cotidiano também violento do trabalhador paulistano. O que amedronta é a falta de força de um povo sofrido, aparentemente incapaz de exigir uma informação clara, verdadeira, transformadora.

Entender a questão da criminalidade exige muito mais que bons livros, boas análises… é preciso conhecer histórias, pessoas, para se dar conta da complexidade em um contexto onde a violência de ambos os lados do conflito parece ser a única evidência clara de que é necessária uma ação pacificadora urgente.

Porém a PAZ exige a consciência do outro e nesta cidade que transforma pessoas em números, divide Centro e Periferia, é difícil o cidadão comum se lembrar de discutir sobre o assunto, buscar soluções, reflexões… A informação deveria impulsionar tudo isso, mas infelizmente não faz, porque pouco se interessa no ser humano, porque nestas condições eles vendem pouco.

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