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A comunicação é encontro no Outro

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Segundo Dominique Wolton, “a comunicação é sempre a busca de relação e do compartilhamento com o outro”. No mundo atual, “todo mundo quer comunicar e ter acessos às ferramentas mais performáticas” e é o telefone celular aquela que “melhor simboliza esta revolução da comunicação em que o outro está sempre presente”.

“Comunicar é, antes de tudo, expressar-se”, pois exprime o desejo antropológico de manifestar a própria existência. Contudo, para o comunicólogo francês, “expressar-se não basta para garantir a comunicação, pois deixa de lado a segunda condição da comunicação: saber se o outro está ouvindo e se está interessado no que eu digo”.

Dessa forma, a expressão é somente a primeira etapa da comunicação. A segunda, a construção da relação, é mais complicada, porque diz respeito ao plano pessoal, familiar, profissional, politico e cultural.

Por isso, afirma Wolton, a verdadeira revolução da comunicação “diz respeito ao levar em conta o receptor”. “A comunicação traz consigo um duplo desafio: aceitar o outro e defender sua identidade própria. No fundo, a comunicação levanta a questão da relação entre eu e o outro, entre eu e o mundo”. Mesmo a economia e às técnicas se sobressaindo, “nunca se deve perder de vista a perspectiva antropológica e ontológica da comunicação”.

Além da busca da própria identidade e autonomia, a comunicação é, sobretudo, reconhecer a importância do outro, aceitando a nossa “dependência em relação a ele e a incerteza de ser compreendido por ele”.

Redescobrindo “o outro” da comunicação

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Quando procurava um cientista da comunicação atual, capaz de sintetizar o momento histórico em que vivemos e sugerir “como” a comunicação de massa pode auxiliar no desenvolvimento da nossa sociedade, fui presenteado com as teorias de Dominique Wolton.

Pensador francês – nascido, porém, em Duala, nos Camarões -,  pai da Hermès, uma das revistas de comunicação mais importantes da atualidade, Wolton é também diretor de pesquisa no Centro Nacional de Pesquisa Científica da França (CNRS).

Preocupado em analisar interdisciplinarmente a comunicação de massas, Dominique Wolton está à vanguarda do pensamento comunicacional e é um autor indispensável para estudantes e pesquisadores.

Recentemente, eu me debrucei na sua obra É preciso salvar a comunicação em que o autor resume as sua principais ideias e dá, de maneira perspicaz,  importantes chaves de leitura para que possamos entender melhor o fenômeno da comunicação de massas.

Em um contexto em que, “em menos de cem anos, foram inventados e democratizados, o telefone, o rádio a imprensa de grande público, o cinema, a televisão, o computador, as redes, transformando definitivamente as condições de troca e de relação, reduzindo as distancias e realizando a tão deseja aldeia global”, vivemos em um mundo em que “todo mundo, ou quase, vê tudo, sabe tudo sobre o mundo”.

Contudo, afirma Wolton, “pensamos de boa fé que tais mudanças trariam enfim um pouco mais de paz entre os povos, mas, infelizmente, não é porque o estranho, o outro, se tornou mais visível que a comunicação e a compreensão mútuas melhoraram”. “A aldeia global é mesmo uma realidade, mas não reduz as desigualdades, nem as tiranias, nem as violências, nem as mentiras”.

Diante dessa realidade, emerge um grande desafio: “como conciliar a realidade técnica e econômica da comunicação com sua dimensão social, cultura e politica?”. Salvar a comunicação é, para Wolton, “preservar sua dimensão humanista”.

A comunicação de massas evoluiu a partir do “desejo de ampliar incessantemente o horizonte do mundo e das relações”.  Contudo, ela nasce do ser humano onde, “não há comunicação sem o respeito ao outro, e nada é mais difícil do que reconhecer o outro como seu igual, sobretudo se não nos compreendemos”.

Nessa seção do escrevo Logo existo, vamos conhecer e aprofundar o pensamento de Wolton e descobrir que a comunicação nasce de uma tripla relação: com si mesmo, o outro e o mistério.

Casos que destroem o que é a Família

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Ainda não me conformo com esses casos de família horrendos, em que os esposos se agridem ou até se matam. Pais que matam filhos, filhos que matam pais, namorados que se matam. Sinais escandalosos de que a principal célula da sociedade está no culmine da degradação.

Os casos Nardoni, Richthofen e, atualmente, Mizael e o do goleiro Bruno ganharam destaque na imprensa, mas, infelizmente, o que não é levantada, na maioria das vezes, é a dimensão social deles.

A mídia brasileira é (propositalmente?) superficial e não estimula a pensar o mal profundo que se esconde por trás desses acontecimentos. As consequências da desintegração da Família fragmentam alguns valores fundamentais para a vida em sociedade.

No Velho Continente, mais por conta do consumismo e do individualismo, que da violência, a perda de valores promovidos pela Família colocou a Europa em uma crise sem precedentes e aqui no Brasil, sem vergonha, estamos rumando para o mesmo triste caminho.

É um absurdo aceitar passivamente a destruição da Família. Concebê-la sem pai nem mãe, sem calor humano, respeito, dignidade, sacrifício, renúncias. Se nós queremos preservá-la, nenhuma dessas dimensões pode ser ignorada.

Impressiona que muitos jovens que cresceram em famílias tradicionais, hoje defendam uma família desfigurada. Se eles se consideram felizes, realizados, muito, certamente, é por conta do modelo “tradicionalista” que, acima de tudo, considera fundamental ter pai e mãe (paternidade e maternidade) em casa, mesmo que imperfeitos.

O que se vê hoje são relacionamentos individualistas, narcisistas, regados de interesses egoístas, doentes, ao ponto de fazer pagar com a vida quem, livremente, não aceitar as imposições de uma das partes.

Abolir a família “tradicional” não é um mal relativo, mas evidente e grave. É ela que preserva os valores que constroem a sociedade. Claro que este “modelo” não está acima das pessoas, intrinsicamente passíveis de falhas, desvios, porém, isso não justifica a depreciação do seu valor e importância.

O milagre de Francisco

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Hoje de manhã, logo que me levantei, olhando a sacada do apartamento onde vivo, avistei o vaso (excedente) em que estava a flor que eu minha esposa presenteamos os padrinhos no dia do nosso casamento. Logo depois que a flor do vaso morreu, nasceu um pequeno broto, que agora já é uma nova planta.

Observando, rapidamente, aquele pequeno vaso, eu me maravilhei com a dinâmica da vida. Basta uma sementinha, um pouco de água e luz, e tudo renasce, recomeça.

Aqueles segundos de contemplação são difíceis de explicar, mas exprimem a felicidade diante da beleza da relação cooperativa entre a vida e a morte, sentimento que se aproxima bastante da euforia após o Annuntio vobis gaudium Magnum (Anuncio-vos uma grande alegria) de que um novo papa havia sido escolhido.

A escolha de Francisco coloca a Igreja católica em um novo contexto e renova as esperanças de uma mudança necessária na comunidade eclesial.

Enquanto, infelizmente, o mundo laico fala somente em permissão de casamento entre pessoas do mesmo sexo, fim do celibato e o diaconato de mulheres (e no dia de hoje, as dificuldades com o governo argentino e acusações de o antigo cardeal ter violado os direitos humanos, durante a ditadura), o que emergiu, de maneira mais evidente e simbólica, é a “conversão” para um caminho de humildade e simplicidade.

O Clero (ao menos uma boa parte dele), repleto de vaidades, intrigas pelo poder, corrupção e outros tantos problemas, se vê agora “convidado” a retomar sua dimensão original de serviço, pobreza e humildade. O simbolismo da escolha do nome Francisco pelo então cardeal argentino Jorge Bergoglio, remete-se, de maneira bonita, ao seu xará de Assis, que há mais de 800 anos, foi chamado a renovar a igreja dos “poderosos”.

A escolha de um papa “não europeu”, ou melhor, latino-americano, opera uma revolução difícil de mensurar. Em toda a história da Igreja Católica, nunca um representante de outro continente ocupou o posto mais alto da instituição mais antiga do mundo.

O momento histórico, como todos sabem, é difícil. As chagas da pedofilia, a corrupção e intrigas pelo poder, feriram fortemente a imagem da Igreja. Contudo, pelo que se viu ontem, parece que tudo concorre para uma grande mudança.

O contexto é propício, a vontade é grande, só faltava um líder preparado para realizar o renovamento da vida da Igreja, neste “ambiente” em que ela está inserida.

O milagre de Francisco é a sua vida, é ser a semente, pequena, simples, mas perfeitamente pronta para fazer renascer a vida, o amor, que foram propostas por seu fundador, Jesus Cristo.

O Espírito escolhe, os cardeais elegem

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Amanhã, 12 de março, no período da tarde, terá início um dos momentos mais importantes da Igreja Católica dos últimos 50 anos.

Enquanto a mídia internacional, baseada quase exclusivamente na opinião dos vaticanistas (jornalistas que cobrem os acontecimentos relacionados ao Vaticano), continua a especular nomes para o possível Papa, os 115 cardeais eleitores e elegíveis têm a missão de nomear um líder capaz de “se deixar” conduzir pelo Espírito que orienta a mais antiga instituição do planeta. O desafio é enorme porque essa inspiração faz uso de homens, pecadores, incapazes e, muitas vezes, ambiciosos e vaidosos.

Este momento histórico em que se encontra a Igreja Católica pode sim ser considerado dramático. As alas de cardeais conservadores e a dos progressistas precisam estar unidos para que o tal Espírito manifestado, seja, contudo, acolhido.

No século XX, o Concílio Vaticano II revolucionou o catolicismo, atualizando-o, ao menos na teoria. Este novo milênio exige que as mudanças propostas em 1965 sejam assumidas por toda comunidade eclesiástica, sobretudo o alto clero, para que a mensagem do Evangelho continue atual, revolucionária.

As especulações em torno do nome do Cardeal de São Paulo, Odilo Scherer, como próximo “sucessor de Pedro”, não parecem ter muito sentido. Três nomes, ao meu ver, são “fortes: o do cardeal austríaco Christof Schönborn, o do italiano Gianfranco Ravasi – ambos com 70 anos – e o do canadense, Marc Ovellet, dez anos mais jovem.

Mas, o que a comunidade leiga internacional – e os jornalistas – ainda precisa entender é que cabe ao Espírito Santo escolher o novo Papa. É também Ele a força capaz de dar vigor, inteligência, carisma, ao homem certamente limitado que será eleito.

A partir de amanhã o mundo olha com apreensão para o Vaticano e os católicos rezam para que o Conclave seja um momento de Deus, para que o Espírito Santo e os cardeais “trabalhem” juntos e o resultado dê os frutos esperados.

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