Category: Olhar cristão Page 7 of 8

40 dias para dar um beijo verdadeiro

40 dias

Quarenta anos foi o tempo que o povo de Israel esperou até chegar a Terra Prometida, por 40 dias Cristo se retirou no deserto, enfrentando as mais temidas tentações“, foram as últimas palavras que ouvi antes de…

Quando vi estava caminhando ao lado de um barbudo que já tinha algum tipo de registro dentro do meu inconsciente. Levava um cajado e já aparentava ter uma certa idade. Olhando para trás percebi uma grande quantidade de pessoas, que me lembraram das passeatas que sempre acontecem na Avenida Paulista.

Olhei para o senhor e senti uma grande admiração, quarenta anos caminhando para chegar “sei lá onde”, nesse sol absurdo (quase indonésio) e com tanta gente acreditando nele? Isso sim que era coragem.

Continuei caminhando com ele e quando menos percebi, tropecei num grande livro que rapidamente retirei da areia e abri.

Quaresma é tempo de oração, penitência e esmola! É tempo de purificar a alma para assim poder escolher a cruz na sexta-feira da Paixão“, dizia o padre e acabava de me dar conta de que havia adormecido.

Comecei a refletir no como eu poderia viver bem esse momento especial, procurando ser um cristão verdadeiro e lembrei de tantas coisas que eu poderia me “abster”, coisas que gosto, para viver o tal jejum.

Decidi também viver melhor as práticas cotidianas de orações, de manhã e de noite, antes das refeições e procurar todos os dias ir à missa e rezar o terço. Durante esses 40 dias talvez seja também uma forma de me aproximar desse Deus que tanto posso contar.

De repente, olhei para o chão e percebi estar na beira de um penhasco, ao meu lado vi um homem, que demorei para entender quem era, admirando a paisagem. “Vá embora, Satanás, porque a Escritura diz: ‘Adore o Senhor seu Deus, e sirva somente a ele“, gritou e me dei conta de que alguém estava dizendo alguma coisa para ele esbravejar com tanta força.

As tentações acontecem no deserto. Por quê? Quando os hebreus saíram do Egito, lugar da injustiça, chamados por Deus para criar uma sociedade justa, eles entraram no deserto. É o lugar das dificuldades e necessidades, onde aparece a cada momento a tentação de voltar atrás, achando que nenhuma transformação é possível. Jesus retoma essa parte da história do seu povo, e os quarenta dias de jejum recordam os quarenta anos de Israel no deserto, antes de entrar na Terra Prometida, onde haveria justiça e vida para todos“, foi o que ouvi, acordando novamente e me dando conta do tamanho cansaço herdado do Carnaval.

Mas faltava a esmola. O que poderia dar? O que tenho? Pensei que concretamente não haveria mesmo muita coisa de valor, mas lembrei do capital intelectual que poderia também ser usado de maneira especial durante a Quaresma, mostrando que também nele Deus se faz presente.

Assim estava pronto para viver bem esse período, de coração aberto, certo que serão dias repletos de “tentações”, mas que fará mais verdadeiro o beijo na cruz que nos aguarda.

Deus é Truta

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Um dia desses me perguntaram quem é Deus…
Engraçado que as perguntas mais inocentes quase sempre nos levam a respostas complexas e pouco “entendíveis”.  Mas, enfim, tentei responder de forma laica…

Deus é aquele tal amigo invisível que sempre quer mostrar que é “o Cara”.
Usa do seu “poder” para nos fazer entender que a felicidade é algo muito mais simples do que aparenta, que não é preciso ter muito para se sentir completo.

Ele também deixa claro que existem “vilões” que vão estar sempre tentando nos seduzir e que até podemos segui-los, pois somos livres, mas no final vai ser sempre aquela sensação de vazio, difícil de descrever, mas que aposto que todo mundo já sentiu.

O “Truta” é tão presente, tão presente, que tento estar com ele alguns minutos do meu dia, conversando.

Ir na Igreja é fazer uma visita para esse amigo que gosto muito. Chego lá, sento e vou logo contando tudo aquilo que vivi, pensei ou senti… é engraçado porque quanto mais converso, mas desenvolvo a capacidade de ouvi-lo, percebê-lo, de maneira incrivelmente concreta.

Um ano atrás, lembro que briguei feio com a minha namorada. Não havia entendimento e certamente teríamos acabado o relacionamento se o “Truta” não interviesse.

Numa dessas conversas, na Igreja, dizia que era Ele quem parecia ter providenciado o nosso encontro e feito nós dois estarmos junto, mas que de alguma forma as coisas deram errado. Não queria culpá-lo, lógico, mas disse que se era pra gente mesmo ficar juntos, que ele resolvesse a situação, pois eu já não sabia mais o que fazer.

Quando levantei a cabeça depois do meu desabafo e olhei para lado, minha namorada estava ali, do meu lado, tinha vindo de uma distancia de 400kms, para conversar, sem que eu soubesse*.

Levei um susto enorme e ali entendi (mais uma vez, pois essas situações já se repetiram inúmeras vezes na minha vida) que o Truta realmente existe, que não era invenção da minha cabeça e muito menos uma “forma de dominação” como meus professores marxistas sempre insistiram em dizer.

O mais engraçado é que o Truta está sempre aqui, como os amigos verdadeiros, às vezes o relacionamento fica meio utilitarista porque eu acabo indo procurá-lo só quando preciso, mas aí nem sempre consigo ouvir direito seus conselhos, por conta do meu “afastamento”… mesmo ele sendo do tipo de “pessoa” que nunca guarda rancor.

Esse Deus é um grande companheiro, amigo para todas as horas, que nunca trai, nunca decepciona, mas às vezes “dá uns perdidos” para que também a gente aprenda a se virar, a tomar as próprias decisões e fazer nossas escolhas, como Ele fez.

Enfim… Deus.. é truta!

* Claro que eu e a minha namorada nos entendemos depois e ainda estamos juntos e felizes…rsrsrs

Canção Nova – carisma novo

O aspecto religioso da minha vida sempre foi diretamente ligado à educação cristã que recebi de herança dos meus pais. Lembro-me bem de que eu era sempre obrigado a participar dos rituais que a Igreja Católica propõe aos seus seguidores, até ter a capacidade pessoal de fazer as minhas próprias escolhas.

Assim, escolhi Deus na minha Confirmação. Um momento forte em que eu busquei explicações racionais ao inexplicável Mistério. Paralelamente à vida dentro da Igreja, fui inserido em uma realidade chamada Focolares.

Um movimento ligado à Igreja, fundado por uma então jovem italiana chamada Chiara Lubich que, em meio à Segunda Guerra Mundial descobriu que diante do Fim, a única coisa que permanece é Deus. Assim, ela se consagrou e vivendo concretamente as passagens do Evangelho foi aos poucos descobrindo a potência da Palavra de Deus na vida das pessoas.

Meus pais se conheceram (e se casaram) por conta desse Movimento e dentro dessa atmosfera de Família, vivi a minha infância, adolescência e agora vivo a minha juventude.

O amor concreto, o saber perdoar, viver pelos outros, acolher a dor, a importância de RECOMEÇAR quando não conseguir nada disso que mencionei, foram alguns dos aspectos que sempre me acompanharam, principalmente baseados na certeza de que Deus me ama e assim, não preciso me preocupar tanto com as “pequenices” humanas que produzem o chamado “medo de ser feliz”.

Contudo, neste final de semana, entrei pela primeira vez em uma “outra porta” que me levou aos mesmos questionamentos sobre o Mistério de Deus e assim, pude descobrir um novo modo de diálogo com o Divino. Festivo, massivo, fantástico.

Passei grande parte da minha vida edificando pré – conceitos a respeito da Renovação Carismática. O caráter festivo sempre me causou a impressão de um “OBA OBA” que impossibilita estar em diálogo perene com Deus.

O final de semana na Canção Nova, em Cachoeira Paulista, 2,5 horas da Capital, me fizeram mergulhar em um novo modo de entender o Divino, completamente diferente daquilo que estava acostumado até então.

Foi estranho chegar em um lugar tão cheio de gente, ouvindo um discurso direto, quase fundamentalista à respeito da Salvação, pouco “misericordioso”, mas especial.

Participei do famoso PHN, sigla que convida ao mote “Por hoje não vou mais pecar”, um conceito que vai muito mais além do ato auto repressivo, mas que vislumbra uma iniciativa de viver de maneira radical à Palavra de Deus.

As festas, os shows, também fizeram parte desse modo de viver a religiosidade. Tudo muito alegre, divertido, uma experiência que muitos deveriam experimentar.

No segundo dia, depois que os pré conceitos foram abafados pelo clima especial que existia naquele local, senti uma alegria estranha. Não me importavam mais as diferenças conceituais no modo de dialogar com Deus, mas a alegria de poder fazê-lo de diferentes formas.

Claro, construí também os meus conceitos em relação à estrutura, ao discurso, e concluí que realmente não existe um modo perfeito de viver a religiosidade, porque ela é efetivamente feita de homens.

Voltei para casa plenificado. Um pouco triste porque não consegui externar de maneira profunda todo esse meu entendimento, acabando evidenciando só os aspectos negativos que colhi dos Carismáticos. Mas, enfim, valeu muito à pena!

Quaresma

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Tiago, Natalia e Karina conversavam entusiasmados sobre as “penitencias” que fariam durante a quaresma que se aproximava. Karina, a mais radical, tinha se proposto a dedicar seus 40 dias de preparação para a Páscoa do Senhor levantando todos os dias uma hora mais cedo, para levar café da manhã para o Sr.Freitas, o morador de rua que ficava sempre em frente a sua casa.

Natalia tinha decidido não comer chocolate porque, além de se manter “em forma” poderia pegar o dinheiro e oferecer à Igreja no final dos 40 dias. Tiago queria aventura, não queria fazer algo, mas preferia que essa fosse uma oportunidade de viver uma nova experiência. Por isso, decidiu dormir no chão os dias da quaresma, a fim de oferecer todo aquele sacrifício para as pessoas que no mundo não tinham uma cama aconchegante para dormir.

Durante a conversa dos três jovens, apareceu uma senhora sorridente que começou a perguntar sobre o que eles falavam. Karina tomou a frente e disse que estavam discutindo como eles viveriam o período de penitência e meditação, que a Quaresma propunha à eles, como cristãos. Entusiasmada, Karina falou da importância para ela daquele período de conversão, contou o que cada um se propusera a fazer para recuperar o ritmo e estilo de verdadeiros fiéis que pretendem viver como filhos de Deus.

Muito interessada, a senhora virou-se para ouvir de Natália que as penitências eram uma forma de oferecerem naqueles 40 dias, todas as dores da humanidade, o sacrifício pessoal de cada um, à morte de Jesus Cristo. Tiago acrescentou dizendo que a meditação era um modo de voltar-se para si, procurando desligar-se do mundo exterior e rever as próprias escolhas e questionar-se qual tem sido o centro da própria vida.

Depois de tudo aquilo que os jovens disseram, impressionada com tanta sabedoria, a senhora perguntou se eles sabiam o porquê do período ser de 40 dias. Os três se olharam e não sabiam o que dizer. Então a senhora sorriu e explicou que a duração da Quaresma está baseada no simbolismo do número quarenta na Bíblia que significa provação. Nesta, fala-se dos quarenta dias do dilúvio, dos quarenta anos de peregrinação do povo judeu pelo deserto, dos quarenta dias de Moisés e de Elias na montanha, dos quarenta dias que Jesus passou no deserto antes de começar sua vida pública, dos 400 anos que durou o exílio dos judeus no Egito.

Quando terminou, no momento em que os três se entreolharam impressionados, a senhora desapareceu, deixando uma Rosa no lugar onde estava. Tiago, Natalia e Karina entenderam que, aquele olhar materno e o sorriso, só poderiam ser da mãe do Salvador.

Multidão que acredita no Amor

acredita no Amor

Sempre busquei entender a essência, os mais sólidos atributos, para fazer parte de um povo unido há muitos séculos. Ser igreja é pertencer a uma multidão que acredita no Amor e logo, fazer parte desse povo, não exige mais do que uma experiência profunda e pessoal com Deus. Viver sendo Igreja nos ajuda a descobri-Lo nos acontecimentos cotidianos mais simples e a partir dessa vivência plena e verdadeira, visualizam-se caminhos traçados a serem seguidos, relacionamentos cultiváveis…

Comecei a pertencer a esse povo justamente quando tive consciência das falhas e limites que cada ser humano carrega dentro de si, quando acolhi dogmas muitas vezes inexplicáveis ou simplesmente me dei conta de que as Obras divinas fogem da lógica humana, que até hoje não conseguiu dar todas as respostas suscitadas.

Nessa família da qual faço parte ama-se o diferente. Todos àqueles que expressam o amor por Deus das mais diversas maneiras, que o chamam por outro nome. Assim encontro uma Igreja que é também organizada para expressar esse Amor concretamente e não simplesmente impor uma única Verdade que não seja Ele.

Mais do que ir à Igreja, se é Igreja, na medida em que se ama, se perdoa, à medida que se percorre com perseverança os preceitos, os caminhos, que nos ajudam chegar à Felicidade plena.

Texto em homenagem às outras denominações cristãs desse povo de Deus: Catolicismo,Ortodoxia,Protestantismo,Valdenses, Luteranismo, Anglicanismo, Calvinismo, Presbiterianismo, Congregacionalismo, Anabaptismo, Metodismo, Igreja Batista, Pentecostalismo, Neopentecostalismo, mas também às grandes religiões não mencionadas.

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