Category: Olhar cristão Page 4 of 8

Ateu, graças a Deus!

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“Quem fez mais mal à humanidade? Os bancos, as ideologias ou as religiões?”. Essa pergunta, semanalmente posta aos entrevistados de “Provocações”, na TV CULTURA, do “mestre” Abujamra, sempre me faz pensar em “qual” religião ele coloca em questão. E se é aquela em que eu acredito.

Depois de um período de exclusão do pensamento religioso, principalmente contraposto aos âmbitos filosófico e científico, surge, ao poucos, um despertar do interesse religioso. “Não significa automaticamente retorno à fé cristã, mas, sobretudo, à abertura de credibilidade no confronto de outras formas religiosas e até mesmo pseudo – religiosas”, afirma o teólogo italiano Piero Coda.

Esse fenômeno, continua Coda,“juntamente com a valorização da dimensão afetiva, experiencial e até mesmo mística, que se contrapõe à tendência racionalista e reducionista do moderno, apresenta um aspecto antropológico regressivo e perturbador”.

Pensando as definições de Piero Coda, entendi o porque do olhar “negativo” de Abujamra às manifestações religiosas contemporâneas, majoritariamente pseudo-religiosas, ao meu ver.

O ser humano, na sua religiosidade ontológica, encontrou, através de uma caminho “devocional” a possibilidade de “encontrar” a legítima face de Deus. As inúmeras práticas religiosas concebidas de forma comunitária (mesmo que o caminho espiritual seja pessoal) se propõem a “revelar” esse Deus/Luz/Amor que existe na essência de todo ser humano. Contudo, se essa dimensão espiritual não promove autenticamente à pessoa humana, transforma-se em ideologia, fundamentalismo, idolatria.

Foi, e parece ainda ser, esse semblante da religião o motivo (de certa maneira compreensível) de repulsa, principalmente daqueles que se propõe a entender profundamente a historia da humanidade.

Hoje, a devoção tem, muitas vezes, um aspecto partidário, ideológico, deixando de exprimir sua dimensão universalista. Vive-se a própria religiosidade promovendo a mesma rivalidade que existe entre torcedores de times  de futebol. Também os líderes espirituais acabam idolatrados da mesma forma que os famosos do mundo da música ou outras celebridades.

É esse fanatismo religioso, que promove a necessidade de afirmação da própria fé perante os “outros” e a exclusão de quem não partilha uma determinada prática, que precisamos tomar cuidado. Essa forma de “religião” divide pessoas, culturas e deixa de promover o ser humano, na sua dimensão fraterna, naquilo que une.

Diante dessa religião, eu sou ateu. Mas acredito que Buda, Maomé  e Jesus Cristo também seriam.

Relatos de um cristianismo perseguidor

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A história embrionária do Cristianismo é marcada por três séculos de perseguição, fator de surgimento de inúmeros mártires. Somente no ano 313 d.C., quando foi declarado o Edito de Milão ou Édito da Tolerância, que transformava  o Império Romano neutro em relação ao credo religioso, que a religião passou a ser tolerada.

Contudo, no reinado de  Teodósio I (379-392) iniciou o auge do processo de transformação do Cristianismo. O Édito de Tessalônica, também conhecido como “Cunctos Populos” ou De Fide Catolica, declarado pelo imperador, transformou a religião exclusiva do Império Romano, abolindo todas as práticas politeístas e fechando templos pagãos. É dentro deste contexto que se passa o filme Ágora, que tem no coração do seu enredo a história de Hipátia, filósofa e professora em Alexandria, no Egito , que viveu entre os anos 355 e 415 da nossa era.

Agitada por ideais religiosos diversos, onde o cristianismo convivia com o judaísmo e a cultura greco-romana, Alexandria foi palco dessa passagem politica em torno da religião católica,,que passou de religião intolerada para religião intolerante. Mediante os vários enfrentamentos entre cristãos, judeus e a cultura greco-romana, os cristãos se apoderaram, aos poucos, da situação. Única personagem feminina do filme, Hipátia ensina filosofia, matemática e astronomia na Escola de Alexandria, junto à Biblioteca. Por ter se recusado a se converter ao cristianismo, foi acusada de ateísmo e bruxaria, julgada de forma vil e apedrejada.

A veracidade de algumas passagens do filme, como o incêndio da Biblioteca de Alexandria é questionada por muitos historiadores. Aquele que mais se aproxima da versão cinematográfica é Mostafa El-Abbadie, que afirma que a biblioteca foi destruída em 48 a.C. por um incêndio durante a guerra civil romana entre Pompeu e Júlio César. No acontecimento que é relatado no filme, em torno do ano 391 d.C., é, na verdade, o Serapeu de Alexandria (templo de origem pagã) que foi destruído por ordem de «um bispo fanático de Alexandria», quando o imperador cristão Teodósio I interditou os cultos pagãos

O filme ganhou 7 Prêmios Goya, premiação importante do cinema espanhol e serve de uma interessante reflexão a respeito da capacidade do ser humano de explorar quando tem o poder em mãos.

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Tchau Bento XVI!

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Hoje às 16h, horário de Brasília, a maior instituição do planeta entrará no período de “Sé vacante” (período em que a Sé episcopal de uma Igreja particular está sem ocupante), até a escolha de um novo líder, que terá a missão difícil de levar a Igreja Católica aos avanços necessários, masque devem preservar a sua identidade milenar.

Assistindo ao adeus do papa Bento, difícil não me emocionar!  Tive o privilégio de estar na Praça São Pedro na primeira missa do cardeal Joseph Ratzinger como Papa e também à sua primeira saudação na Praça de Castel Gandolfo.

Com o coração acelerado, vendo as faixas dos meus irmãos “focolarinos”, tantas lembranças boas, pessoais, da alegria sempre presente durante o período vivido ali, coração dos Focolares. Um grande arrepio com a gritaria dos fiéis na Praça, expressão de uma admiração e não só devoção, por um HOMEM que soube conquistar a simpatia de milhares de católicos em todo mundo.

É difícil explicar para meus amigos leigos o significado dessas experiências.Impossível quantificar, racionalizar. A presença do Papa (e eu experimentei de muito perto a dos dois últimos) simboliza uma fé que vai além das ideologias, da história, atravessando séculos, superando crises e procurando ajudar a Igreja a se manter fiel ao seu “fundador”.

Ratzinger, Wojtyla eram homens de uma grandeza visível. Respeitados em todo o mundo pela simplicidade, ambos, como Papa, testemunharam ao mundo, que o cristão (consagrado ou não) é um ser HUMANO, com seus limites, falhas, pecados, mas com um grande amor à Deus e ao próximo.

A emoção pelo dia de hoje é grande! A gratidão ainda maior! Com ambos os sentimentos, a oração para que sejamos, sempre mais, verdadeiros, transparentes, seguidores de Cristo (do Amor), de maneira humana, humilde, sem moralismos, como fez Bento XVI.

O testemunho de um papa progressista

bento

Bento XVI renunciou!

Obviamente isso não é um furo jornalístico, pois a atitude de Joseph Ratzinger estampou centenas de capas de jornais e revistas de todo o mundo.

A repercussão que essa surpreendente decisão gerou na comunidade internacional evidencia o quanto o Papa é uma figura importante no cenário mundial. Nem mesmo a eleição de Obama, considerado o homem mais poderoso do mundo, teve tanto destaque como a renúncia de Bento XVI.

Hoje, passado o susto coletivo, começam as inúmeras especulações do mundo leigo, equilibrada pelas declarações de representantes religiosos, que polarizam as duas perspectivas em torno do acontecimento.

Para o mundo religioso, veio em evidência o positivo. A humildade de Bento XVI foi vista como um ato revolucionário importante, fundamental, em uma Igreja, em certo aspecto, ainda pré-conciliar, e que ainda precisa de uma profunda humanização.

Não sou fã das posições de Arnaldo Jabor mas, na coluna da CBN, ele foi extremamente brilhante ao evidenciar essa importante humanização emersa com a renúncia do Papa. A fraqueza de um senhor, idoso, cansado, deve sim ser considerada, “pelo bem da igreja”.

O “passo” dado por Ratzinger abre precedentes importantes e é autoexplicativa. Dentro do mundo religioso existem seres humanos e não deuses, que devem ser respeitados em seus limites, psicológicos e físicos. Além disso, essa é uma bonita lição para bispos e cardeais que talvez confundam a graça do serviço que são chamados a prestar, com uma (impossível) divinização da pessoa religiosa.

Por outro lado, enquanto o nome de um “novo sucessor de Pedro” começa a ser especulado entre fiéis e curiosos, em palpites dignos de uma conversa de boteco, o universo leigo confabula os porquês da renúncia.

Fala-se abertamente dos jogos de poder dentro do Vaticano. Esta instituição milenar, desculpem os puristas, também é formada por homens, pecadores , como aqueles que fazem parte de governos, empresas, Ongs.

Por isso, se já nas muitas paróquias, congregações, movimentos existem jogos de poder, imagina no Vaticano? Sim, somos homens, pecadores, todos. A diferença, demonstrada historicamente, é que a Igreja, instituição, superou o tempo, as mudanças, intrigas e jogos de poder porque inspirada em algo que vai além dos limites e vaidades dos seres humanos.

O mundo leigo (e também muitos fiéis) exigem mudanças, revoluções, transformações, que respondam com urgências as demandas atuais da sociedade. Porém a Igreja não caminha dessa forma. Ela é conservadora, no sentido bom da palavra, pois busca preservar as doutrinas e ensinamentos fundados na sua origem. Cabe ao Magistério entender os sinais dos tempos e, aos poucos, se desenvolver, mas sem perder sua identidade.

Para mim o positivo é perceber o quanto o Papa é iluminado por algo “maior”. A renúncia de Bento XVI foi uma das reformas mais importantes de seu pontificado e mostra o quanto a Igreja precisa se purificar e superar a “hipocrisia religiosa” para reavivar uma mensagem, universal, que seja resposta para toda a humanidade. 

Jovens firmes na fé

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A sociedade moderna é bem consciente do mal que a Igreja Católica causou na história da humanidade. Exploração, injustiça, além de massacres “em nome da Fé” que acabaram com a vida de tantas pessoas na Idade Média. Isso sem contar os escândalos recentes de pedofilia , enfatizados propositalmente pela mídia.

Porém essa concepção, “senso comum” entre críticos da Igreja (que na maioria das vezes não se interessam por aquilo que existe por trás da Instituição) precisa ser superada, para que se redescubra a importância da fé na propagação e preservação de valores que a nossa sociedade vem perdendo .

O cristão, seguidor da mensagem-testemunho de Jesus Cristo, é chamado a descobrir (cada um no seu tempo) os próprios limites de criatura e a importância de um caminho colaborativo com o Criador, que guia cada um para a Felicidade, que muitas vezes passa pelo sofrimento individual ou coletivo.

Ontem começou uma das manifestações mais expressivas da Igreja Católica, a Jornada Mundial da Juventude – JMJ, em Madrid, na Espanha. Evento que não teve destaque em nenhum dos grandes jornais de um país considerado majoritariamente cristão como o Brasil e quase “ignorado” pela grande mídia internacional.

De qualquer forma os jovens estão lá, de todos os cantos da terra, para alguns dias de oração, comunhão, testemunho vivo de uma igreja renovada, atualíssima (basta ver o site oficial da JMJ, com Webtv, canais no Youtube, rádio online, facebook, twitter), uma igreja aberta, mas sem perder os valores e a verdade que ela possui: o amor (Ágape) como fundamento primordial da nossa existência.

O hino da JMJ 2011 fala do valor da fé, esse dom que move as pessoas, que SÃO, na medida que se relacionam: com o mundo (a natureza, o cosmo), com as pessoas e, claro, com Deus.

Os Jovens ainda acreditam. Desde ontem Madri testemunha.

Para baixar o hino clique aqui

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