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Fragmentos recolhíveis

Fragmentos

Hai de mim! Se tivesse que contar todas as migalhas que o despedaçar cotidiano do meu pão, derrama sobre o gélido chão.

Pois são nas perdas, no perder-me, que reencontro esses fragmentos comestíveis, fruto inestimável de tantas vitórias, graças incontáveis.

Aí, nesse exercício de não ser mais um todo, mas pequenos pedaços de um processo contínuo de desfazer-me, por Amor, perceberia que sou a resenha de tantos relacionamentos, o lead da mais bela notícia chamada Felicidade.

Enganam-se aqueles que reconhecem as vitórias ignorando os fracassos, as tantas perdas e sofrimentos, que fazem valer cada sorriso límpido, cada forte abraço, fresca manhã.

Cada vitória tem sempre um custo proporcional, em cada sorriso meu estão embutidas muitas lágrimas, senão seria tudo teatro.

E assim, a migalhas não são só fragmentos que compõem o meu ser, são também o reflexo do “esfarelar” constante das minhas certezas, das minhas idéias, sentimentos, (não dos meus valores), mas um renunciar-me para ser nada.

Hai de mim! Se acreditasse que é em meu todo que guardo a essência do que sou.

Na verdade sou os fragmentos “recolhíveis” do pão disforme que enfim se despedaçou.

Morirò in giorno di pioggia

pioggia-notte

Cadranno
prima piano
le gocce del cielo
ed è capendo il mistero
che il mondo trabocca in pianto

L´acqua cadrà su tutte le spalle
bagnerà dappertutto, in ogni parte
Ci sarà chi piange di malinconia
e quelli che avranno tanta nostalgia

Vecchiaia, malattia, omicidio oppure incidente.
Parimente sarò assai contento.
D´essere nel punto di arrivo del cammino
con la speranza d´essere passaggio e non fine.

Non lo so come ci sarà
questo non mi annoia
so soltanto che morirò
in un giorno di pioggia

Música

música

Musica somos todos
musica na alma
musica é alma
musica acalma
musica é o momento
musica é argumento
musica é barulho
musica é silêncio
musica é palavra
musica é pensamento
música pro crescimento.

O universo é música
musica do moribundo
musica que é mais que nada
musica que é tudo ou nada
porque musica é quase tudo,
é a música o sentimento profundo
música que vai salvar o mundo.

O verdadeiro “Namoro à três”

O “Namoro à três” é a possibilidade de não nos prendermos em “humanidades” inerentes de qualquer imersão no mundo do outro, é mergulhar nas potencialidades que a presença de Deus permite quando se procura “fazer diferente”.

Essa presença divina é aquilo que nos faz entender que confiar nas nossas capacidades humanas nivela “por baixo” qualquer tipo de relacionamento. Deus é o que dá sentido e realiza, de modo que o namoro (prólogo de um possível casamento) não pareça pouco diante de outras experiências, outras vocações.

Pessoalmente tenho me incomodado profundamente pela carência, mesmo no ambiente em que freqüento, de famílias que realmente se amam… de casais que se querem bem, também por terem Deus em primeiro lugar e assim, caminham com Ele, sem medo de cair e Recomeçar.

A paixão amadurecida não nos deixa estar cegos, não permite que o carinho e os afetos humanos nos tirem a consciência a respeito da importância de um amor “interceccionado” por Deus. Porém a descoberta de que é Ele quem dá sentido a experiência, deve ser feita cotidianamente e com muita paciência.

O meu sonho de construir um relacionamento nesta dimensão, de forma profunda e verdadeira e que valha a pena, por não só me satisfazer humanamente, mas por me fazer sentir uma plenitude e a certeza de que não é outro que uma escolha totalitária por Ele, tem se realizado aos poucos, por estar simplesmente disponível e aberto para escutá-Lo em cada momento.

“Namorar a três” é o modo que Deus me fez entender que não estou vivendo essa experiência de modo egoísta. Que estou deixando que Deus trabalhe na minha vida e me fazendo responder às Suas expectativas de construir, aos poucos, uma possível família que irá de encontro aos paradigmas contemporâneos. Assim, com Deus guiando nossos relacionamentos, percebemos que a potência do nosso amor pode se tornar INFINITA, como é infinito o amor Dele por nós.

A menina e o velho romance

sorrindocomolivro

A menina que roubava livros era muito amiga de outra, que havia encontrado um velho romance, sujo e desgastado. O livro falava de um menino que tinha um amigo invisível e era conhecido por estar sempre sorrindo.

Durante o romance, a menina ia se deliciando com as descobertas que o protagonista ia fazendo, as viagens, os sonhos realizados, relacionamentos edificados. Parecia realmente uma vida interessante.

Até que, depois de passar horas e horas lendo, foi se dando conta de que o livro nunca chegava no final. Leu que o menino havia deixado sua casa por quase dois anos, que era o único homem em uma família de seis mulheres e não gostava de cantar por um motivo que ele não sabia definir, mas que era basicamente por acanhamento pessoal.

Contudo, o livro ia sendo devorado verozmente pela garota, ela não conseguia não ler, deixá-lo de lado sequer um minuto, mas era em vão… o livro nunca chegava ao fim. A menina foi aos poucos se irritando, não entendia o porquê de tudo isso, do livro não dar respostas imediatas para o “andar da carruagem” que a história se propunha revelar.

O livro velho aos poucos foi deixando de ser interessante e estar com ele em mãos passou a ser mais um motivo de irritação do que alegria, muito pela impaciência da menina. Porém, ela não desistia, a impaciência era também teimosia, ela tinha que saber o final do livro e decidiu aos poucos se acalmar e continuar lendo, mesmo sem saber se o livro tinha ou não fim.

Vagarosamente as coisas começavam a serem reveladas…. ela ia descobrindo cada vez mais coisas sobre o protagonista… seu gosto pelas pessoas, sua irritação com o comodismo, seu amor por Deus e outras coisas que fizeram a menina voltar a gostar de ler o livro.

O livro velho continua ainda sem fim, a menina não terminou nem mesmo o primeiro capítulo, mas aos poucos vai vendo que a história se torna interessante à medida em que ela simplesmente lê, sem esperar o final do tão querido romance.

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