Category: [Mistério] Page 5 of 113

Beijo

 Beijo

Esperei-te tanto para dar-Te este beijo.

Dia após dia pensando em Ti,

procurando entender em mim

os ecos interiores do Teu grito.

Passam-se os anos e ainda estou a amar-Te loucamente.

A beijar-Te entre lágrimas.

Um amor, porém, renovado, partilhado no amar o Outro.

E hoje, beijando-Te renovo esse “absolut’amor” por Ti.

Mortificado pelas minhas crucificações ,

a inesperada dor.

Com meu beijo quero dizer que Te amo.

Consciente que as lágrimas de hoje,

Serão, inevitavelmente, sorrisos pascais.

 

Sobre o beijo na cruz

BeijoPara os cristãos, a Sexta-feira Santa é o dia do beijo na cruz. Não é um beijo de adoração masoquista pela dor de um homem. Para mim, o beijo na cruz é, antes de tudo, o compadecimento pelo sacrifício do Filho de Deus, que deu a sua vida para que encontrássemos um significado eterno para a Felicidade.

Contrariamente ao que a maioria pensa, a morte de Jesus não estava predestinada. Ela é, na verdade, um “improviso artístico do Criador” que, na sua mais importante lição, nos fez entender que o mal, a dor, até mesmo a Morte, nunca poderão superar a potência transformadora do Amor.

O beijo é dado entre lágrimas, pela tristeza da nossa humanidade pecadora, mas coberto de uma esperança, fruto do Amor divino, que não olha nossas falhas, mas perdoa e nos dá SEMPRE a possibilidade de recomeçar.

Reis à procura do Rei

Reis

Ao amanhecer do primo dia de dezembro, depois de semanas de preparativos, Melquior, rei dos Persas, partiu em direção da estrela-guia levando ouro, sua oferenda destinada ao Rei dos reis. Depois de uma longa jornada, encontrou seu irmão Gaspar, Rei das Índias, que trouxera consigo incenso, oferenda digna de divindade , para presentear o recém nascido. Não muito longe dali, Baltazar viera a se juntar com os outros reis magos, trazendo a mirra.

Após algumas semanas de caminhada chegaram a Belém, na Judeia, local aonde as Escrituras haviam mencionado que nasceria o Rei dos reis. Caminharam pelas ruas da cidadezinha até, finalmente, avistarem um pequeno estábulo, escuro e frio, sob a estrela-guia. Seus corações pareciam querer explodir de ansiedade. Aproximaram-se lentamente, até que foram surpreendidos por uma voz forte e levemente rouca:

_ Hou! Hou! Hou! Feliz Natal! Entrem! Entrem!

Confusos eles não entendiam a presença do autor da saudação. Todos esperavam o choro de um bebê, mas, em vez disso, estavam diante de um velho barbudo, acima do peso, segurando uma garrafa cheia do que parecia ser uma bebida gasosa escura.

Após os minutos iniciais de acanhamento e dúvida os reis, em um consenso gestual, ajoelharam-se e tiraram de suas bolsas o ouro, o incenso e a mirra, oferecendo-os para o velho barbudo, como sinal de respeito e admiração, enquanto ele assistia à cena com olhar de surpresa. Quando os três reis magos concluíram à oferenda solene, o velho disse a eles:

_ Meus filhos, eu não preciso de nada disso! Com o dinheiro da publicidade pela venda dos produtos atrelados à minha imagem, eu posso comprar o mundo inteiro.

Espantados com o que acabaram de ouvir, os reis magos não sabiam o que fazer. As oferendas simbolizavam a ação de graças por Àquele que deveria nascer, mas a presença daquele velho em Seu lugar era um claro sinal de mudança nos desígnios traçados para a humanidade.

Porém, quando os três irmãos conseguiram se acalmar, perceberam um respirar abafado coberto pelas sombras que o velho barbudo produzia. Aproximaram-se e viram que, na penumbra, estava uma jovem e seu marido, segurando uma criança no colo. Seus olhos se encheram de lágrimas, pois eles haviam finalmente encontrado Àquele que estavam procurando.

O Salvador, mesmo escondido, marginalizado, estava lá, nos braços de sua mãe. A alegria da descoberta contagiou os reis magos e o fez entenderem que para encontrar o menino-Deus é preciso, muitas vezes ir além da sombra do Papai Noel e seus presentes.

Existência cíclica

existencia ciclica

Desapaixona-se para se “reapaixonar”

Esquece-se para reencontrar

Sem jamais, porém,

deixar de (se) amar

Nesse perder constante

Fundamento existencial

Muda-se, transforma-se

Ninguém permanece igual.

E são as relações que nos revolucionam

Às vezes para melhor, e aí crescemos

Às vezes é ruim, só nos perdemos

Só não serve a solidão,

Precisa-se sempre de alguém

Que nos faz morrer, crescer, renascer

Renovando o ser.

A fundamental temporalidade dos relacionamentos à distância

Se existe algo que eu tenho conhecimento de causa são os relacionamentos à distância. Todas as experiências que fiz antes de me casar tiveram essa particularidade cheia de benefícios, quando existe um propósito e maturidade suficientes para suportar, de maneira equilibrada, a ausência “do outro”.

Propósito, maturidade, equilíbrio. Três conceitos que definem bem quando esse tipo de relacionamento “vale a pena”.

Explico.

Talvez o aspecto mais importante para sobreviver a uma experiência afetiva à distância é a necessidade de um “propósito comum”. Sem um projeto claro, um “ponto de chegada”, os problemas de espaço/tempo se transformam em uma dificuldade sufocante e crescente. O principio é o seguinte: quando duas pessoas realmente se gostam o desejo de passarem mais tempo juntas, em teoria, aumenta progressivamente, até um ponto em que as despedidas se tornam insuportáveis. Haver um propósito em comum nos permite “auto justificar” os sacrifícios e entender que, quando se trata de felicidade, alguns sofrimentos fazem parte. Temporariamente.

Com um escopo assumido, juntos, o segundo passo é em relação à maturidade. Olhando para trás, eu poderia dizer que esse é o aspecto mais dramático de uma relação, pois tem protagonismo individual e ressonância coletiva. Isso quer dizer que, em relacionamento, não basta que só uma pessoa tenha maturidade. É preciso um “paralelismo de essências”, um caminho percorrido junto, para que o propósito assumido seja alcançado. Mas, amadurecemos em momentos diferentes e raras vezes conseguimos aceitar o fato de que “o outro” ainda não chegou aonde queremos. É preciso muita paciência, que vem, contudo, com o tempo. É isso: maturidade exige tempo – cronos e kairós.

Por último existe a questão do equilíbrio. Racionalmente pode-se viver até que bem as duas dimensões apresentadas acima, mas, todo ser humano “transcende” a sua razão. Sendo assim, saber lidar com os próprios sentimentos pode realmente ter papel determinante no futuro de uma relação. Aqui entram os esquemas psicológicos, as experiências familiares e outros aspectos “obscuros”, inconscientes, que ignoramos. Acho que esse equilíbrio exige a soma dos dois aspectos apresentados, mas também necessita de um “algo mais”, uma certeza Maior, que eu chamo de Fé e que “cobre” aquilo que muitas vezes não encontramos respostas imediatas, ou não entendemos. Encontrar o equilíbrio “sentimental” para viver uma relação a distância é a “ponta do iceberg” desse tipo de relacionamento “temporário”.

TEMPORÁRIO. É assim que defino um relacionamento em que os dois envolvidos estão na maior parte do tempo distantes geograficamente. Pois, o normal de uma relação, de uma vida em família, é constituído da presença material do outro. O “outro”: que tem hábitos culturais e familiares completamente diferentes, sonhos e desejos particulares, com quem precisamos “nos fundir” e renovar, constantemente, propósitos e equilíbrios, em um processo que só termina com a morte.

Quem não se prepara para “VIVER-COM” o outro, pode ter grandes surpresas com o casamento. E aí está a grande riqueza que um relacionamento a distância pode prover, pois a proximidade física sem propósito, maturidade e equilíbrio pode “dissolver” a beleza que existe na vida a dois. Aqueles que sobrevivem à temporalidade do relacionamento à distância acabam, se quiserem, amadurecendo e preservando a profundidade do propósito que os uniu anteriormente, de maneira equilibrada. De outra forma esse tipo de relação não se justifica. É uma baita perda de tempo.

Escândalo

 

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E a capacidade de se escandalizar?

Onde está?

Perdida em profundas introspecções

efêmeras ilusões

de que somos nascente e poente

Na verdade, somos gente que mente

e jamais olha para o lado, noite e dia

que jamais pisou na periferia

preferindo estar no centro

geográfico, econômico, existencial

Considerando-se “normal”

até que a dor lhe aparece

mesmo se não apetece

E aprende-se chorar

sem ninguém para consolar

Descobrindo-se “mais um”,

Sentimento comum

como o mendigo, o viciado, desempregado

e retorna o cuidado,

de sempre se escandalizar.

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