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14 de setembro de 2016

Amanhã de manhã pego o avião rumo a Toronto, no Canadá, para mais uma viagem de trabalho. Tenho consciência do privilégio que é poder fazer uma viagem dessas, tanto pelo valor cultural quanto pela oportunidade profissional. Contudo, não vou mentir que ter de me despedir da minha família continua sendo doloroso. Ainda mais depois daquele 14 de setembro de 2016, o dia mais feliz da minha vida.

Na metade de 2016, logo após as maravilhosas férias na Califórnia, senti o coração turbado. A conclusão do mestrado da Flavia representava o fim de uma etapa importante da vida da nossa família. Esse foi o principal motivo que nos trouxe de volta ao Velho Continente. Mas e depois? Qual seria o próximo passo?

Acredito que um dos maiores presentes da insegurança é a necessidade que ela provoca de buscarmos mais intensamente a “Luz” que ilumina as perspectivas. E foi o desejo de me sentir novamente seguro que me levou para uma capelinha, algumas quadras distante do escritório onde trabalho, para falar com Deus. No escuro e no silêncio recuperava a paz para entregar meu coração e assim amenizar ansiedade por não saber qual caminho seguir.

Isso foi terça-feira. Na quarta, dia 14, fui surpreendido com uma ligação da Flavia se “auto convidando” para almoçar comigo. Fiquei feliz com a surpresa e pensei em levá-la para comer no refeitório de uma outra organização que tem mais opções de comida. Mas fomos barrados na porta. Voltando em direção ao meu trabalho decidi partilhar o que tinha dentro. Falei sobre a minha alegria pela conclusão do mestrado, a reflexão sobre o começo de um novo ciclo… até que…

“É verdade. Realmente um novo ciclo vai começar agora”,  disse Flavia me entregando um pequeno envelope e um sorriso.

Abri e tirei o cartão. O coração explodiu e depois eram só lágrimas, abraços, sorrisos.

Uma alegria transbordante que nunca mais vou esquecer. E como iria? Dia 14 de setembro de 2016 não foi só o começo de um novo ciclo. Aquela quarta-feira foi, sobretudo, o dia mais feliz da minha vida.

Protected: O menino Kofi

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Prólogo  – 7 anos de Amor Binacional

Doar-me plenamente – corpo e espírito –  para fazer valer todos os projetos com os quais me envolvo é um dos princípios que norteiam a minha vida. O trabalho que desenvolvo precisa fazer sentido, as conversas devem ser construtivas, os relacionamentos têm de proporcionar crescimento mútuo. Afinal de contas, a passagem por esse mundo é única.

Por outro lado, também me esforço para deixar ou « fazer » espaço ao « Motor Imóvel ». As experiências que fiz até aqui me mostraram que Deus está sempre iluminando o melhor caminho. Difícil mesmo é deixar olhos e ouvidos abertos, além da força interior para percorrê-lo.

O equilíbrio entre a escolha e o comprometimento pessoal junto à Fé de que “Alguém” tinha providenciado aquele misterioso encontro foram talvez os principais fatores que levaram eu e a Flavia a começar a aventura juntos no dia 8 de fevereiro de 2010. Pessoalmente, eu não estava entrando naquele relacionamento com o temor de um possível fracasso. Sabia que, da mesma forma que faríamos de tudo para fazer valer cada momento, aquele Deus que nos uniu alguns anos antes iria nos acompanhar naquela empresa.

E deu no que deu.

Hoje, sete anos depois, me vi novamente maravilhado com tudo aquilo que temos vivido em família; me vi também perguntando se, nesse ponto da nossa aventura, amo mais ou menos a Flavia. O interessante é que me dei conta, quase de imediato, que o Amor não pode ser quantificado. O único parâmetro de sucesso é se ele continua gerando frutos.

Dessa forma, difícil não me emocionar e sentir uma gratidão de tirar o fôlego quando penso que aquele primeiro “vamos?”, sete anos atrás, nos conduziria até aqui, agora não só dois e sim três. Não imaginava que aquele primeiro sim seria o prólogo do dia mais feliz da minha vida. E foi.

abraço lula e fhc

A falta que um abraço me faz

Vivendo do outro lado do Atlântico me vejo muitas vezes com saudade de um abraço. Naquela que considero uma cultura do respeito – de gentilezas e de muros – os abraços estão limitados a parentes próximos e amizades de longa data.

Um abraço sempre foi para mim sinônimo de alegria e proximidade. Abraçando me exponho ao outro e partilho, gratuitamente, um pouco do “calor” que nos faz, todos, humanos, a despeito das diferentes proveniências e das ideias que defendemos.

O efeito da escassez de abraços me tornou mais sensível diante do ato de ver pessoas se abraçando. Por isso fiquei tocado ao ver a foto do abraço entre os ex-presidentes Lula e Fernando Henrique. Lendo as notícias relacionadas ao acontecimento, entendi que o mesmo abraço de conforto oferecido por FHC em consequência do iminente falecimento da esposa de Lula, Marisa Letícia, foi também oferecido pelo petista em 2008, quando a esposa de Fernando Henrique, Ruth Cardoso, havia falecido.

Afeto, respeito, gentileza são alguns dos gestos que precisam voltar a ganhar espaço em uma sociedade do embate. A humanidade precisa triunfar, independente da oposição de ideias ou escolhas. Não que isso atenue a busca pela justiça e a luta contra a impunidade. Entretanto, o amor e a fraternidade precisam conduzir todos os nossos atos.

Sinto falta cotidianamente de abraços. Fico triste ao ver a quantidade de pessoas, mesmo as ideologicamente próximas, gastando energia contribuindo para a construção de muros, promovendo as diferenças, enfatizando o negativo e condenando o erro alheio sem uma reflexão dos próprios atos.

Temos optado diariamente pela desumanização, pela divisão, abrindo mão de buscar aquilo que nos une. É uma escolha cotidiana e individual. Porém, não nos esqueçamos de que somos todos cúmplices das consequências globais dela.

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