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Copa fora do Brasil: Celebrando o futebol

Fale o que quiser, mas eu sou sim um entusiasta da Copa do mundo! Para falar a verdade, me entristece o discurso que tenta politizar o futebol de maneira reducionista, sem uma profunda reflexão sobre o potencial transformador que existe intrinsecamente nessa “plataforma”.

Para mim, futebol e política não se misturam. Jogadores, dirigentes até podem usar de suas posições no esporte para emitir declarações políticas, para serem embaixadores de uma causa – e respeito quem decide por essa postura. Contudo, o esporte tem um papel social que transcende tudo isso.

Desde pequeno, o futebol tem me proporcionado experiências e aprendizados que carrego sempre comigo. Muitas vezes ainda me vejo lendo os fatos e as dinâmicas da vida como se estivesse dentro da quadra de futsal ou dos gramados onde joguei. E não estou me limitando ao entendimento do espírito de equipe. O futebol também me ajudou a entender a importância de ser – quando necessário – o protagonista, de respeitar o adversário, acolher e aprender com a derrota, partilhar o sucesso e o fracasso, e tantas outras coisas. Como aconteceu comigo, no simples jogar, muitos jovens aprendem a partilhar, colaborar, respeitar, vencer e perder.

Não tenho dúvidas de que o futebol precisa permanecer primordialmente uma plataforma de educação, além de um instrumento de coesão social, de encontro. Hoje, quando penso no esporte, tenho em mente a seleção islandesa. É impressionante a energia positiva que ela tem gerado nos últimos dois anos. Sem tradição, o time foi buscar na identidade do seu povo o motor e a sinergia necessária para vencer as partidas. Dessa forma, time e torcida passaram a ser uma coisa só, ensinando e encantando o planeta, além de conquistar resultados históricos e, acima de tudo, nos ajudar a conhecer um pouco mais da cultura viking islandesa.

Que o futebol seja plataforma de aprendizado e de encontro! É isso o que eu desejo para essa Copa do Mundo. Em um planeta cada vez mais repleto de muros e barreiras, o futebol pode ser uma verdadeira ponte entre povos.

Lugar de fala, dever de escuta

Se apoderar do lugar de fala do outro não é só injusto, mas mentiroso”

Não me lembro bem ao certo onde ouvi essa poderosa citação, mas sei que ela mexeu muito comigo. Tenho visto nos últimos anos, tanto no micro quanto no macrocosmo em que vivo, um movimento de pessoas ditas “de bem” que têm sistematicamente se apoderado do”lugar de fala”de outras pessoas.

Grupos de incidência majoritariamente brancos, de perfil sócio- econômico privilegiado têm populado as arenas globais e outros espaços de expressão política com a intenção de “defender” os direitos dos excluídos. O que pode parecer um ato benévolo, na verdade reforça a desigualdade. A ocupação do lugar de fala alheio acaba calando ainda mais a voz dos oprimidos e delega aos cidadãos privilegiados o direito de expressão que gera somente pseudo-soluções.

Uma solução que eu considero legítima para enfrentar essa questão é a promoção da educação como ferramenta de empoderamento, juntamente como ampliação dos espaços de expressão para os “sem voz”.

Em vez de usar a nossa energia para levantar bandeiras que não são genuinamente nossas, deveríamos lutar para assegurar a inclusão dos que não são ouvidos. Sem a presença deles nos espaços de debate, de reflexão, em todas as esferas da sociedade, continuaremos a viver em uma pseudo democracia, iludindo-nos ao acreditar que as nossas boas intenções são suficientes na luta contra a desigualdade.

Amor que basta

Amar-te, as vezes basta
a dor afasta
coração pleno.

Abraçar-te, é sempre festa
linda seresta
ardor ameno.

Haja diplomacia com o tempo!
para que me preserve os momentos,
pois não quero perder nada.

Amar-te, as vezes basta
entusiasma
amor sereno.

5 anos unidos!

É tão fácil começar um projeto. O entusiasmo inicial, o turbilhão de sentimentos, as esperanças e a pouca vivência ajudam muito a romantizar tudo, até mesmo as incompreensões e os medos. Com o casamento não é diferente. A gente tem a fase da Lua de mel, onde tudo é redimensionado pelo otimismo, pela paixão. Só que depois os desafios ficam mais complexos e somos constantemente chamados a “renovar” o nosso primeiro “Sim”.

Alguns anos atrás escrevi: “ Os “votos” de uma união são fundamentais para traçar um objetivo a ser alcançado juntos. Mas o casamento não é um projeto futuro e sim uma realidade que se vive dia após dia. Não basta casar-se “só uma vez”! É fundamental “re-casar-se” todo dia. O ponto de chegada também não se estabelece unicamente por desejos humanos, mesmo os mais bonitos. Sem um “Algo” que transcenda, é difícil acreditar na possibilidade de superar todos os obstáculos, principalmente aqueles ligados aos nossos limites humanos. Quem tem a coragem de “abandonar-se” em uma Fé (que não necessariamente precisa ser uma religião), pode descobrir um grande aliado na aventura em família.”

Hoje completamos 5 anos de casados! 5 anos! Pouco? Muito? O suficiente para dizer que a nossa família e os desafios para nos mantermos sempre unidos mudaram bastante desde então. Agora somos pais! E como sempre dizemos, as mudanças que o casamento traz não são nada se comparadas as da maternidade/paternidade. Agora sim que a nossa união é realmente colocada à prova. Só que o tempo, nesse caso, tem sido um maravilhoso aliado pois as experiências vividas juntos antes, contribuíram para a sintonia que temos hoje, mesmo dentro da montanha-russas de emoções que é ter uma filha.

5 anos e uma gratidão imensa pela vida que Deus nos deu. Pela Flavia e quem ela é. A mulher mais fantástica que já conheci na minha vida, a melhor companheira que Deus poderia me dar, minha melhor amiga.

Gratidão também pela presença e suporte de familiares e amigos. Pessoas que tem estado sempre ao nosso lado. Nas alegria e tristezas. Sucessos e fracassos. Como dissemos no dia do nosso casamento: Não existe família sem comunidade.

Pai, especial

Poder participar da geração de um novo ser foi, sem sombra de dúvidas, um dos presentes mais lindos que a vida me deu. Ser pai é, a priori, viver eternamente grato por ver frutificado o seu amor mais puro e verdadeiro.

Mas e depois? O que sobra? Fraldas sujas? Banhos? Gorfadas, babadas, xixizadas e cocozadas? Mesmo que esses sejam elementos cotidianos da paternidade real, ser pai vai muito além. Viver a paternidade é mais um convite que a vida nos faz para sermos homens melhores.

A primeira descoberta que fiz nas primeiras semanas de vida da Tainá foi que a minha grande ocupação seria tomar conta da principal cuidadora da minha filha: a mãe dela. Claro que logo que a Tainá nasceu procurei me fazer útil da melhor forma possível, com a troca de fraldas e tudo mais, mas ela precisava sobretudo da mãe, fonte de calor e de alimento. Enquanto isso a Flavia ainda estava bem fragilizada. Fisicamente cansada pela intensidade do parto, lidando com o desconforto das feridas e sobretudo a descarga hormonal que causava exaustão. Ali se apresentou a minha primeira chance de ser pai.

Aquele insight me fez descobrir que, se minha esposa está bem, feliz, descansada, a família inteira fica em paz. Dessa forma, desde o início tenho procurado exercitar a paciência, duplicar o cuidado e a atenção para que a Flavia esteja bem.

Outra importante descoberta é fruto de uma minha reflexão recente sobre a construção de vínculos com os filhos. Enquanto as mães ganham uma « ajudinha » da natureza com a gestação, a amamentação, os pais são jogados à deriva, sozinhos, nesse oceano agitado da paternidade.

Mas será mesmo que não recebemos nenhum sinal interior? Para falar a verdade, acredito que não. Talvez isso explique o porquê de vermos muito mais pais que mães abandonando seus próprios filhos. Por outro lado, vínculos que ficam para vida e sobrevivem ao tempo, como amizades de infância, casamentos, entre outros, precisam conter um elemento fundamental, que também existe na paternidade (e em outras fases da maternidade): a escolha.

Ser pai é viver diariamente a escolha de querer, do fundo do coração, construir e fortalecer os vínculos com os filhos. Não existe romantismo ou impulso interior. É escolha pura, que me faz sentir, de certa forma, especial. Troco fraldas, dou banho, faço dormir, me sentindo profundamente feliz. Não faço porque é minha obrigação, mas porque são as únicas oportunidades que tenho para, diariamente, fortalecer a relação com a minha filha.

Investir em vínculos tem tornado a minha paternidade ainda mais completa. Sinto que posso amar mais, curtir ainda mais minha família e renunciar outras coisas sem arrependimentos. Quando entro em casa deixo todo o resto do lado de fora, para poder dar o meu melhor para minha família.

Porém, pai só é pai se tem filha (o). E a minha filha é um ser maravilhoso que vou contar um pouco mais no próximo texto.

 

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