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O milagre de Francisco

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Hoje de manhã, logo que me levantei, olhando a sacada do apartamento onde vivo, avistei o vaso (excedente) em que estava a flor que eu minha esposa presenteamos os padrinhos no dia do nosso casamento. Logo depois que a flor do vaso morreu, nasceu um pequeno broto, que agora já é uma nova planta.

Observando, rapidamente, aquele pequeno vaso, eu me maravilhei com a dinâmica da vida. Basta uma sementinha, um pouco de água e luz, e tudo renasce, recomeça.

Aqueles segundos de contemplação são difíceis de explicar, mas exprimem a felicidade diante da beleza da relação cooperativa entre a vida e a morte, sentimento que se aproxima bastante da euforia após o Annuntio vobis gaudium Magnum (Anuncio-vos uma grande alegria) de que um novo papa havia sido escolhido.

A escolha de Francisco coloca a Igreja católica em um novo contexto e renova as esperanças de uma mudança necessária na comunidade eclesial.

Enquanto, infelizmente, o mundo laico fala somente em permissão de casamento entre pessoas do mesmo sexo, fim do celibato e o diaconato de mulheres (e no dia de hoje, as dificuldades com o governo argentino e acusações de o antigo cardeal ter violado os direitos humanos, durante a ditadura), o que emergiu, de maneira mais evidente e simbólica, é a “conversão” para um caminho de humildade e simplicidade.

O Clero (ao menos uma boa parte dele), repleto de vaidades, intrigas pelo poder, corrupção e outros tantos problemas, se vê agora “convidado” a retomar sua dimensão original de serviço, pobreza e humildade. O simbolismo da escolha do nome Francisco pelo então cardeal argentino Jorge Bergoglio, remete-se, de maneira bonita, ao seu xará de Assis, que há mais de 800 anos, foi chamado a renovar a igreja dos “poderosos”.

A escolha de um papa “não europeu”, ou melhor, latino-americano, opera uma revolução difícil de mensurar. Em toda a história da Igreja Católica, nunca um representante de outro continente ocupou o posto mais alto da instituição mais antiga do mundo.

O momento histórico, como todos sabem, é difícil. As chagas da pedofilia, a corrupção e intrigas pelo poder, feriram fortemente a imagem da Igreja. Contudo, pelo que se viu ontem, parece que tudo concorre para uma grande mudança.

O contexto é propício, a vontade é grande, só faltava um líder preparado para realizar o renovamento da vida da Igreja, neste “ambiente” em que ela está inserida.

O milagre de Francisco é a sua vida, é ser a semente, pequena, simples, mas perfeitamente pronta para fazer renascer a vida, o amor, que foram propostas por seu fundador, Jesus Cristo.

Ciclista: um bem em extinção nas metrópoles

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Semana passada uma senhora, no meu trabalho, me perguntou se eu andava de bicicleta na calçada. Horrorizada com a minha afirmação, ela, depois do almoço, deixou um artigo impresso ao lado da minha mesa, mostrando que o tráfego de bicicletas na calçada é proibido.

Justifiquei-me dizendo que evitava ao máximo pedalar próximo aos pedestres, mas que, em algumas vias em que o ciclista é constantemente agredido por outros carros e ônibus – como é o caso da Avenida Paulista – preferiria, para salvaguardar a minha vida, não circular pela rua.

Menos de uma semana após aquela interessante discussão, um jovem ciclista perde o braço na mesma Avenida Paulista e, imediatamente, lembrei da minha colega de trabalho e, com tristeza, concluí que, infelizmente, o meu raciocínio tem sentido.

O fato ocorrido e a atitude “monstruosa” do motorista do carro que, depois de decepar o braço de outro jovem, como ele, jogou seu braço no córrego, evidencia aquele que eu chamo de “bívio problemático”.

Esta tragédia mostra o encontro entre duas realidades constantemente presentes no Brasil: A impunidade e o desrespeito.

Sobre a impunidade não vale a pena perder muito tempo. É fato que ela favorece os cidadãos com o “PIB familiar” acima da média. Seria interessante um levantamento da população carcerária para descobrir quantos presos são originários das classes mais altas. Que a justiça seja um bem social e não mais um mecanismo de discriminação do povo.

Contudo, o que eu acho que precisamos nos ater sempre, e que depende, sobretudo, de nós, é um valor fundamental da vida em sociedade: O RESPEITO. Infelizmente, quem decide punir ou não o cidadão que comete um crime, nem sempre toma a decisão de maneira ética, sincera, justa. Mas, o respeito só depende de nós mesmos.

Se o ciclista fosse respeitado nas ruas da cidade, principalmente por motoristas de ônibus e táxi, não precisaríamos de ciclovias, não existiriam ciclistas trafegando pelas calçadas e a cidade teria menos poluição, trânsito, estresse.

O que sociedade paulistana precisa entender é que o ciclista só faz bem à cidade.  Respeitá-lo incentiva a prática. Quanto mais ciclistas, menos carros, mais saúde.

Por isso, antes de buzinar, fechar, “tirar tinta” de um ciclista na rua, tenha calma, pense no bem que ele está fazendo, que ele poderia ser você indo para o trabalho, seu amigo indo para universidade, seu filho, neto… que, se decidisse ser um “militante das pedaladas”, você teria orgulho.

O Espírito escolhe, os cardeais elegem

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Amanhã, 12 de março, no período da tarde, terá início um dos momentos mais importantes da Igreja Católica dos últimos 50 anos.

Enquanto a mídia internacional, baseada quase exclusivamente na opinião dos vaticanistas (jornalistas que cobrem os acontecimentos relacionados ao Vaticano), continua a especular nomes para o possível Papa, os 115 cardeais eleitores e elegíveis têm a missão de nomear um líder capaz de “se deixar” conduzir pelo Espírito que orienta a mais antiga instituição do planeta. O desafio é enorme porque essa inspiração faz uso de homens, pecadores, incapazes e, muitas vezes, ambiciosos e vaidosos.

Este momento histórico em que se encontra a Igreja Católica pode sim ser considerado dramático. As alas de cardeais conservadores e a dos progressistas precisam estar unidos para que o tal Espírito manifestado, seja, contudo, acolhido.

No século XX, o Concílio Vaticano II revolucionou o catolicismo, atualizando-o, ao menos na teoria. Este novo milênio exige que as mudanças propostas em 1965 sejam assumidas por toda comunidade eclesiástica, sobretudo o alto clero, para que a mensagem do Evangelho continue atual, revolucionária.

As especulações em torno do nome do Cardeal de São Paulo, Odilo Scherer, como próximo “sucessor de Pedro”, não parecem ter muito sentido. Três nomes, ao meu ver, são “fortes: o do cardeal austríaco Christof Schönborn, o do italiano Gianfranco Ravasi – ambos com 70 anos – e o do canadense, Marc Ovellet, dez anos mais jovem.

Mas, o que a comunidade leiga internacional – e os jornalistas – ainda precisa entender é que cabe ao Espírito Santo escolher o novo Papa. É também Ele a força capaz de dar vigor, inteligência, carisma, ao homem certamente limitado que será eleito.

A partir de amanhã o mundo olha com apreensão para o Vaticano e os católicos rezam para que o Conclave seja um momento de Deus, para que o Espírito Santo e os cardeais “trabalhem” juntos e o resultado dê os frutos esperados.

Lugar de “louco” é no manicômio


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O título pode parecer exagerado e a culpa do Corinthians, instituição, no episódio ocorrido na Bolívia, pode nem ser exclusiva. O fato é que as consequências do fanatismo corintiano denigrem, ainda mais, o futebol brasileiro.

Somado ao triste acontecimento na final da Copa Sul-Americana, envolvendo São Paulo e Tigre, a tragédia que tirou a vida do menino de 14 anos dá mais uma má impressão para o mundo de que, em matéria de respeito ao outro somos “Terceiro Mundo”, somos bárbaros.

Como comentou o Lance! “A Libertadores é a Copa do Vale Tudo. É a Copa da Impunidade. Das garrafas e pilhas lançadas sobre os jogadores na cobrança de escanteio aos ônibus depredados próximos aos estádios; dos tumultos em vestiários antes e depois do jogo, ao confronto de torcidas, tudo é visto como “normal”. Inclusive pelos clubes, e por parte da mídia. “Isso é Libertadores!”, quantas vezes você não ouviu essa expressão em tom ufanista?”

O pior de tudo, ao meu ver, foi ouvir a declaração do Sr. Mário Gobbi, presidente do Sport Club Corinthians, querendo se abster da própria responsabilidade pelo incidente. Uma vergonha.

No campeonato brasileiro do ano passado, no jogo Palmeiras x Corinthians, os torcedores palmeirenses, não os bons, os marginais, destruíram o estádio do Pacaembu. O clube, que nada tem a ver com isso (pois – usando o argumento do goleiro Cássio – não foram os jogadores que quebraram cadeiras e alambrados) foi penalizado com a perda de mandos e multa.

É assim que as coisas funcionam no futebol. As responsabilidades que envolvem o jogo são dos clubes. Ou todos irão querer uma “militarização” dos estádios? Se a PM, no caso do Brasil, é despreparada para lidar com qualquer pequeno conflito, imagina se dermos à ela a responsabilidade dentro dos estádios.

A única declaração que merece ser ouvida é a do lateral corintiano Fábio Santos. O único que colocou a vida acima de tudo, de maneira racional, humana.

O Corinthians e o San José devem ser punidos de maneira drástica. Ambos – não só o Corinthians – excluídos do torneio para servir de lição, pois futebol e violência, mesmo que não intencional, não podem mais caminhar juntos. Não dá pra tolerar esse tipo de coisa.

Não foi um “simples” ato de vandalismo, foi um crime, uma vida perdida. Tudo por conta de um fanatismo doente, tipicamente corintiano, que não diminui a grandeza (evidente) do clube, mas que precisa ser tratado.

Steve Jobs: gênio como qualquer ser humano e humano como qualquer gênio

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Steve Jobs;  Walter Isaacson; Cia. das Letras.

 

Acabei de ler a biografia autorizada de Steve Jobs e me apaixonei pela sua história.

Jobs não era gentil, bondoso e muito menos carismático, mas transformou o mundo, para melhor com a sua capacidade de unir ideias e pessoas para gerar bons produtos.

O autor e chará, Walter Isaacson, mostrou de maneira equilibrada e aparentemente verdadeira o quanto a genialidade pode ser usada para produzir avanços marcantes na sociedade.

Perfeccionismo doente, controle absoluto sobre todo o processo de produção e a necessidade de excelência e comprometimento cego de seus colaboradores. Três pilares fundamentais para o sucesso de Jobs e da Apple, hoje uma das empresas mais valiosas do mundo.

Na vida pessoal, menos brilhantismo. O grande “palco” aonde atuava o Steve Jobs “ser humano”. Com falhas graves, com a necessidade de ser perdoado, de recomeçar e perceber que não é nem um pouco melhor que seus iguais. Jobs era tão gênio como qualquer ser humano e tão humano como qualquer gênio da história da humanidade.

Fechei o livro com uma alegria estranha e a sensação de tê-lo conhecido pessoalmente, graças ao talento de Isaacson. Um livro recomendadíssimo para aqueles que gostam de biografias e são apaixonados por seres humanos especiais.

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