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Brasil: terra dos sem consciência | Valter Hugo Muniz

sem consciência

O Brasil é a terra dos sem consciência. Isto é fato. Não temos consciência cidadã, consciência do bem comum (ou bem público), consciência ambiental, consciência em relação ao que é vida, saúde, educação. Não temos consciência nem mesmo da nossa história e pouco nos importamos com isso tudo, pois o que vale é o nosso bem estar individual.

Deveríamos não somente ter um “Dia da Consciência Negra”, mas o “Dia da consciência do ser humano”, em que, todos nós, pararíamos parar refletir quem é o ser humano na sociedade brasileira; quais direitos ele deveria ter? quais deveres? Assim, chegando a uma ou a um leque de respostas, procuraríamos aplicar o modelo estabelecido às diferentes classes ou “minorias”(?) presentes na sociedade: mulheres, pobres, negros, índios, imigrantes. Não o cidadão da classe média, que tem carro, casa própria, desfruta do ensino e da saúde privada. Não! Esse aí, temos consciência de que está bem de vida (???).

blogMuito pelo contrário, por mais que temos hoje mais gente na tal “classe média”, nossos índices de desigualdade social ainda são de envergonhar qualquer brasileiro ufanista. Somos completamente primitivos no que diz respeito à luta por uma igualdade de direitos (e não estou falando uniformidade dos papéis sociais). Isso conserva a sociedade corrupta e violenta, o que é ruim para todos nós.

Quem estuda um pouco de história pode entender que existem grupos de indivíduos que foram sistematicamente marginalizados e, por isso, hoje, são visivelmente excluídos da sociedade. A culpa é minha? Não. É sua? Claro que não. Mas, cabe a mim, a nós, como sociedade, pagar as contas pelos erros de nossos ancestrais, para equalizar a situação social do país.

E aqui, um aceno importante para o dia de amanhã, o da Consciência Negra. Você, cidadão médio brasileiro, pegue o seu carro zero (se tiver coragem) e vá às periferias para ver o percentual de cidadãos afrodescendentes que vivem por lá. Depois, para encontrar um contrapeso, entre nas principais universidades do país, públicas e privadas, e conte nos dedos a quantidade dos mesmos “filhos de africanos” que estão por lá, também na direção das grandes empresas, nos altos cargos públicos. Será que os negros são realmente “geneticamente” inferiores para terem participação tão irrelevante nesses setores da sociedade, como acreditava o Führer alemão? Tenho bons exemplos que negam veementemente essa questão.

blog_1338074021As mulheres, ao menos em aparência, parecem ter conquistado um protagonismo social que a sociedade machista lhes negou por séculos. Temos consciência de que hoje, por questões de gênero, nenhum ser humano pode ser impedido de ascender profissionalmente.  É fundamental que a consciência, em relação a essas diferenças, seja ampliada aos negros e, especialmente, aos índios.

Ser consciente das nossas diferenças históricas nos ajuda a valorizar as nossas potencialidades e nos esforçar para que todos, em solo tupiniquim, tenham o direito a se desenvolver para ter uma vida digna e rica, como são as nossas terras e a nossa diversidade racial.

Apadrinhar casamentos: um convite para pensar sobre a própria família | Valter Hugo Muniz

Apadrinhar casamentos

Nas últimas semanas recebi o bonito convite para, com a minha esposa, apadrinhar casamentos de dois casais de amgios. É maravilhoso ver as pessoas com quem eu cresci junto, realizando o sonho de fundar uma família, com todas as formalidades importantes, porque elas tornam a união de duas pessoas que se amam, um evento verdadeiramente comunitário.

Isso, contudo, me fez pensar na seriedade deste que os cristãos chamam (mesmo às vezes sem viver) de sacramento. Um casal que eu apadrinhei, infelizmente, hoje não existe mais. Outro vive uma situação complicada, que parece caminhar rumo ao fim. Diante disso, comecei a ficar mais receoso em aceitar esse tipo de convite.

Este ano, descobri que o apadrinhamento é uma responsabilidade grande, não só perante a família que inicia, mas diante de Deus. Assim, disse a um desses casais que eu aceitava somente se eles nos deixassem (eu e minha esposa) livres para “dar pitaco” na família deles, sobretudo quando estiverem vivendo momentos complicados entre eles.  Ser padrinho é realmente o convite a estabelecer um vinculo verdadeiro com seus afilhados, mesmo que, devido à distância geográfica, limite-se à dimensão espiritual. Se não for desta maneira, não tem sentido. Ser padrinho se transforma em um formalismo estúpido e carnavalesco.

A realidade das famílias binacionais

header_bra_suiEste mesmo casal a quem discursei meu “atestado de intromissão”, vive uma realidade parecida com a minha e da minha esposa: a dos casamentos binacionais. Se casar já é uma grande novidade na vida de dois indivíduos, casamento entre pessoas de continentes diferentes é uma dupla-aventura.

Nesse – quase – um ano como família “suíça-brasileira”, eu e minha esposa pudemos experimentar – na pele – o quanto as diferenças culturais influenciam as atitudes e incidem diretamente no cotidiano da vida em família. Parece algo banal e às vezes até passa despercebido, mas nos momentos de dificuldade, a diversidade de alguns valores pode ser motivo de conflito. Claro que isso acontece também entre casais do mesmo país, mas acredito que aqueles formados por pessoas de países diferentes vivem essa experiência de maneira potencializada.

Por exemplo, independente onde ela se instale, fatalmente, um ou ambos os conjugues de famílias binacionais deve abdicar da própria língua, da comida, da família natural e dos amigos, algo que está ligado à essência de cada individuo. Parece-me fundamental considerar com maturidade e “respeito” esse aspecto.

Por outro lado, existe a riqueza infinita no relacionamento entre pessoas de culturas diferentes, que vão, aos poucos, se misturando, criando uma nova cultura, híbrida, capaz de aproveitar o bom e descartar o ruim das culturas de origem. Aumenta-se o background cultural, o conhecimento das línguas, os gostos gastronômicos, o mundo fica muito maior.

Não posso discursar demasiadamente sendo parte de uma família “embrionária”, com pouquíssimo tempo e experiências, mas me sinto feliz demais por fazer parte de uma família binacional. Ela me impulsiona a viver o casamento com uma seriedade capaz de superar os ruídos de comunicação – verbal ou não.

É fantástico perceber também que temos construído, com outros casais binacionais, um vínculo bonito, de ajuda e partilha mútua para, juntos, superarmos todos os possíveis obstáculos que envolvem essa palavrinha simples, mais cheia de significados, chamada cultura.

Tufão nas Filipinas: ou mudamos ou somos cúmplices desta tragédia | Valter Hugo Muniz

Tufão nas Filipinas

“Hoje foi um dia inesquecível. Depois de acordar e tomar café da manhã fomos ver como tinha ficado, seis meses depois do Tsunami, a cidade de Banda Aceh, capital da região e lugar mais próximo das ondas gigantes que engoliram o sudoeste asiático. Percorrendo as ruas de Aceh, toda a beleza que pude vislumbrar em outras cidades, visitadas nos dias precedentes, tinha desaparecido. Ver, com os próprios olhos, aquilo que o Tsunami havia feito, ouvir cada história triste, me transformou profundamente.” (29 dias no país do Tsunami)

Esses são trechos do primeiro impacto que tive ao me encontrar com a destruição ocasionada pelo Tsunami, na cidade de Aceh (norte da ilha de Sumatra), em dezembro de 2004.

philippines_typhoon_haiyan_yolanda_9.Se você que lê tem a pretensão de imaginar o que aquele povo vivenciou, esqueça! Pois você não tem a mínima ideia. Não tente também entender o que o povo filipino agora, quase dez anos depois da tragédia na Indonésia, está vivendo. Se você nunca vivenciou, na pele, o impacto social de  uma catástrofe natural, não poderá jamais partilhar profundamente esta dor. Mas isso não é um problema.

O que mais me dói, tendo vivenciado esse tipo de experiência, mais enche meus olhos de lágrimas de indignação é ver tantas historias, tantas vidas, transformadas – pela imprensa e organizações internacionais – em números… “mais de dez mil”. Isso, mesmo com as melhores das intenções, não humaniza o acontecimento. E as fotos então? Sensacionalistas, acabam causando espanto, terror, mas será que nos movem? Transformam nossas vidas? Bem pouco, eu direi.

A dor do povo indonésio e do povo filipino não pode ser medida, isso é fato. Mas acabamos ridicularizando-a se nos contentamos em ler reportagens e artigos, partilhá-los nas redes sociais, como expressão de pena por aqueles que perderam tudo.

Esses tristes acontecimentos precisam nos transformar decisivamente. Não digo que todos deveriam fazer as malas e viajar para o outro lado do mundo, para ajudar concretamente o povo filipino. Nem acho isso muito produtivo. O que não podemos esquecer é que, não importa o que fizermos, precisamos mudar as nossas vidas:

Tufão Filipinas222 -  AARON FAVILA-ASSOCIATED PRESSNo pequeno? Talvez…

  • Observando hábitos de consumo, pensando o quanto se estamos acumulado coisas materiais, comprado desenfreadamente,
  • Pensando no modo como cada um se preocupa com a natureza, separando lixo, não desperdiçando papel e outras coisas, especialmente comida.
  • Optando em deixar o carro na garagem para usar o transporte público, ao menos uma ou duas vezes por semana.
  • Enfim, pensando no coletivo, no bem comum da comunidade internacional, e não somente no próprio conforto.

Isso tudo é pouco? Sim, mas já ajuda a amenizar as consequências dos hábitos predatórios à natureza que incorporamos no nosso dia-a-dia, sem refletir sobre eles. Acredito que essas pequenas mudanças de atitude são “ajudas concretas” possíveis à todos aqueles que estão distantes de uma catástrofe. Não me parecem necessárias mais provas de que o aumento da frequência e da intensidade dos fenômenos naturais extremos tem relação direta com o modo de vida que adotamos, individualmente e como sociedade.

filipfim_0_0_38_3500_2291Agora, se quiser fazer algo Grande… mobilize as pessoas em seu trabalho, universidade, igreja, comunidade, para arrecadar fundos ou coisas que possam ser enviadas para os filipinos. Não esqueça de buscar sempre Organizações Internacionais sérias, como a Cruz Vermelha, os Médicos Sem Fronteiras, como mediadores para que a ajuda realmente chegue a quem precisa. Depois, se sentir que isso ainda não basta, procure uma instituição que está trabalhando lá, arrume as malas, e vá trabalhar como voluntario, na assistência de pessoas e, eu garanto, sua vida nunca mais será a mesma.

Podemos fazer pouco, ou muito, não importa. O que NÃO PODEMOS é não fazer algo por aqueles que precisam, ao menos por consideração e respeito às vidas perdidas. Neste caso, como foi na Indonésia, em 2004, ou no Haiti em 2010, as vítimas estão distantes, mas poderiam (ou poderão um dia) estar mais próximas do que podemos imaginar.

Para oferecer algum tipo de ajuda humanitária, entre em contato com o Médico Sem Fronteiras

Também o Movimento dos Focolares e a Missão do PIME nas Filipinas estão se mobilizando para ajudar as vítimas do tufão. Caso você deseje contribuir economicamente, as contas bancárias são as seguintes:


Movimento dos Focolares:

FOCOLARE MOVEMENT IN CEBU
Payable to : Emergency Typhoon Haiyan Philippines
METROPOLITAN BANK & TRUST COMPANY
Cebu – Guadalupe Branch
6000 Cebu City – Cebu, Philippines
Tel: 0063-32-2533728

Bank Account name: WORK OF MARY/FOCOLARE MOVEMENT FOR WOMEN
Euro Bank Account no.: 398-2-39860031-7
SWIFT Code: MBTCPHMM

Payable to: “Help Philippines– Typhoon Haiyan“
Email: focolaremovementcebf@gmail.com
Tel. 0063 (032) 345 1563 – 2537883 – 2536407

Association for a United World (Associazione Azione per un Mondo Unito – Onlus)
BANK: Banca Popolare Etica, Rome branch
IBAN: IT16G0501803200000000120434
SWIFT/BIC CCRTIT2184D
Payable to: “Emergenza tifone Haiyan Filippine”

New Families Movement (AZIONE per FAMIGLIE NUOVE Onlus)
c/c bancario n° 1000/1060
BANCA PROSSIMA
IBAN: IT 55 K 03359 01600 100000001060
Swift: BCITITMX

Pime
Doações online aqui

Casamento, vida em família e o banheiro | Valter Hugo Muniz

vida em família

Nunca duvide quando outros casais mais rodados dizem: “Quando você casar, o relacionamento com o(a) outro(a) muda completamente!”. É verdade. O problema é que o tom da afirmação, ou a nossa interpretação dela, é sempre pejorativa. A gente sempre acha que na vida em família as coisas vão piorar. Vai-se perder a alegria, espontaneidade, a liberdade do namoro, mas não é bem assim, mesmo existindo riscos.

É verdade que antes do casamento a gente, geralmente, fantasia muito a vida a dois. Acha que vai ser sempre o paraíso, que estaremos 24 horas do lado daquela(e) que mais amamos no mundo…  Claro que isso acontece! Mas também tem uma infinidade de experiências, aparentemente não tão bonitas, que se vive em família e, por mais que eu tente explicar, é preciso estar casado para entender plenamente.

A minha mais nova descoberta tem relação direta com um cômodo da casa, que frequentamos diariamente e que, se não está limpo, incomoda bastante: o banheiro.

A vida em família (desculpe-me se escandalizo) é, também, igual ao banheiro. Precisa ser agradável, aconchegante, limpa, para que possamos “descarregar”, serenamente, aquilo de desnecessário que “processamos” durante o dia. É onde nos lavamos, eliminando a sujeira acumulada “fora” e nos renovamos, ficando mais bonitos, relaxados e, consequentemente, mais felizes.

Partindo da perspectiva mencionada acima, existe o risco de pensar que a vida em família (principalmente em relação ao parceiro) se limita a um único “objeto” do banheiro, onde eliminamos tudo aquilo que processamos durante o nosso dia: a privada.

Não. A família não é um lugar funcional onde somente descarregamos as experiências e sentimentos ruins acumulados durante o dia. Ela é, na verdade, lugar onde levamos as nossas dificuldades, as crises, os anseios, como um dom, para, juntos, redimensioná-los e crescermos. Do contrário, aos poucos a vida em família vai sendo minada pelas coisas ruins e a alegria que, a priori, uniu duas pessoas que se amam, começa a dar espaço aos resmungos, ás insatisfações, cobranças, divisões.

Claro que a linha é tênue, e chegar a um equilíbrio em que as dificuldades são “doadas” de maneira pura e gratuita, exige um exercício cotidiano (para não dizer infinito). No meu caso, tendo a acrescentar o quão necessária é a “mãozinha” de Deus para que, eu e minha esposa, jamais nos esqueçamos da sacralidade da família.

Racismo no futebol: a banalização das conquistas sociais em prol da inclusão | Valter Hugo Muniz

Racismo no futebolÀs vezes me deparo com situações em que sinto estar vivendo na Idade da Pedra, onde os atos animalescos, pouco racionais, definiam os privilégios sociais. Diante desses “escândalos” eu não consigo deixar de lembrar que as grandes conquistas da humanidade caminharam, decisivamente, para uma maior inclusão e não para exclusão de seres humanos. Por isso em muitos países não existe mais escravidão, a comunicação pode ser considerada “de massa”, a educação é um bem “para todos”, existe um estatuto da criança, a declaração universal dos direitos dos homens e etc. Porém, e isso espanta, ainda existem pessoas que promovem a segregação.

A pior das exclusões, para mim, é o racismo. Não por ser afrodescendente e, por isso, potencialmente vítima, mas porque ela “coisifica” brutalmente o ser humano pela cor da sua pele, pela sua etnia, as raízes. Infelizmente o futebol vem sofrendo “desse mal” há muitos anos e, nos últimos dias, os casos de racismo ganharam proporções que exigiram a mediação institucional da FIFA.

O relato no blog de Cosme Rimoli explica a situação: “Na partida entre CSKA e Manchester City, o alvo dos torcedores foi Yaya Touré, jogador negro que nasceu na Costa do Marfim. Era só a bola cair no seu pé e lá vinha a imitação de macacos na arquibancada. A partida era válida pela Champions League, a mais importante competição de clubes de futebol do mundo. O marfinense ficou revoltado. Mas não seguiu o caminho fácil de apenas reclamar na imprensa. Parou o jogo, mostrou ao árbitro e pediu que a partida fosse encerrada. Não foi.”

O que parecia mais um dos muitos casos de racismo no futebol no Velho Continente, se transformou no estopim que levou a FIFA a, finalmente, agir.  Yaya Touré disse, em alto e bom som: “esse tipo de situação tem de acabar até o Mundial de 2018”. Caso não acabe, o jogador prometeu organizar um boicote dos negros, podendo se estender à Copa do Mundo.

Bastou que uma vítima desse racismo animalesco desse uma declaração radical, ainda mais sendo um ídolo do futebol inglês, para que o presidente da maior entidade do futebol mundial, o suíço Joseph Blatter, percebesse o quanto a postura da Fifa é branda, quase conivente. Imagine uma Copa do Mundo sem negros? Sem Balotelli, Touré, sem Neymar, Paulinho… Sem as Seleções Africanas. Impossível! Os exemplos de casos de racismo na Europa são vergonhosos e “não adianta apenas multar e obrigar os clubes a jogar com portões fechados. Aqueles que possuem racistas entre seus torcedores precisam pagar caro”, afirma Rimoli.

As ameaças de Touré parecem ter surtido efeito e Blatter começou a se mobilizar para mudanças efetivas nas regras. Dessa forma, os racistas devem ser proibidos de assistir aos jogos; as polícias passarão a identificar e indiciar, vetando o acesso deles aos estádios nos dias em que seus times estiverem jogando. Aos clubes, as punições serão muito mais severas. Em vez de multas, perda de pontos. E, em caso de reincidência, até mesmo eliminação de campeonatos.

É fundamental criar regras severas contra qualquer manifestação de racismo. Seja de cor, raça ou até mesmo opção sexual. O futebol é conhecido como o esporte mais democrático do mundo, mas não pode seguir a demagogia “terminológica” existente no contexto político.

Espero que o caso sirva de exemplo para o mundo inteiro, inclusive ao Brasil, onde o racismo no futebol existe, mas que, como na sociedade, é travestido de uma hipocrisia cultural. Mas, pelo menos no futebol, o preconceito deve custar caro.

Alguns vídeos sobre o assunto:

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=ogz2wqRCQZI]

Especial do Esporte Espetacular sobre o racismo

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=LUCONduhYCk]

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