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Sistema de computador: porque não usá-lo | Mariana Assis

Sistema de computador

No nosso dia a dia lidamos, certamente, com algum tipo de sistema de computador. Estudando ou trabalhando e mesmo para resolver coisas pessoais, a utilização dessas poderosas ferramentas do século XX nem sempre é uma experiência prazerosa ou prática.

Quem nunca teve dificuldade para pagar uma conta pela internet? Sofreu para comprar um produto em uma loja virtual ou descarregar uma foto de seu dispositivo móvel no próprio computador? A lista de atividades que podem ser feitas pelo computador e que, devido a sua complexidade, acabam com a nossa paciência, é grande. Isso me faz pensar no que eu posso fazer, como profissional de tecnologia, para ajudar as pessoas a lidarem melhor com um sistema de computador.

Uma complexidade desconhecida

Sinto que as pessoas que não são da área de tecnologia têm dificuldade de entender porque os sistemas, muitas vezes, são tão ruins, ou levam tanto tempo para serem feitos; porque é tão difícil fazer com que os sistemas realizem tarefas que parecem bastante corriqueiras e simples para um ser humano. Eu costumo dizer para os meus clientes que precisamos considerar que o computador é uma ferramenta que não tem inteligência própria. Tudo que ele faz foi programado por um ser humano.

Desta forma, criar uma lista de instruções de algo básico,  para que um computador realize a tarefa,como escovar os dentes, por exemplo, torna-se extremamente complexo. São muitas variáveis que devem ser levadas em consideração, que nós, pela prática cotidiana, se quer pensamos quando estamos escovando os dentes: Qual a força deve ser colocada ao segurar a escova e ao apertar o tubo de pasta de dente? Qual o ângulo deve ser adotado para a escova no momento em que ela entra na nossa boca e toca os dentes? Qual a distância deve existir entre a escova e os dentes?

Claro que nós não precisamos de um computador para escovar nossos dentes. Utilizei um exemplo corriqueiro e simples para fazermos, juntos, um exercício de reflexão a respeito da complexidade existente no processo de criação de um sistema de computador.

Quando um sistema de computador atrapalha mais do que ajuda

Sistema de computador

Durante minha carreira profissional, já ouvi muitas reclamações de usuários dizendo que a implantação de um novo sistema de computador havia tornado seu trabalho mais difícil e demorado, contrariando o seu objetivo, que era agilizar e tornar mais eficiente e fácil o trabalho das pessoas.

Como isso acontece? Quando os sistemas atrapalham mais do que ajudam? A minha resposta é a seguinte: quando os profissionais de tecnologia não conseguem dialogar com seus usuários, ou seja, quando se esquecem de se colocar no lugar deles para, a partir daí, começar a compreender quais são as suas necessidades.

Claro que questões de prazo e custo dos projetos também influenciam o resultado final. Se eu tenho uma semana para desenvolver um sistema de computador, por mais simples que ele seja, corro um grande risco de que ele acabe se tornando um problema ao invés de uma solução.

Como evitar que isso aconteça

Sempre que alguém me pede para criar um novo sistema de computador, eu, antes de tudo, procuro entender o contexto no qual a pessoa quer inseri-lo, quais as informações e por qual motivo elas estão sendo geradas. Também procuro identificar quem realiza as atividades que serão gerenciadas pelo sistema. Isto é, de maneira global, procuro identificar quem são as pessoas por trás dos processos; quais as suas necessidades, dificuldades, para que o sistema seja um projeto para, acima de tudo, auxiliá-las. Alguns programadores não gostam desta abordagem e preferem pular esta etapa e iniciar imediatamente o desenvolvimento, ou seja, a escrita do código do sistema de computador.

Porém, o que vejo acontecer em 90% dos casos nos quais os programadores não se importaram em entender as demandas, essencialmente “humanas”, antes de iniciar a fase de criação do sistema de computador, são sistemas que, após algum tempo de uso, são desligados ou substituídos, seja por outro tipo de ferramenta ou por outro sistema. Para evitar desperdício de tempo e dinheiro, eu aconselho a, antes de pensar em criar ou comprar um sistema de computador, procure compreender, talvez com a ajuda de um profissional, como é o seu processo de trabalho hoje e o que você precisa melhorar. Às vezes acaba-se descobrindo que há algo melhor do que aderir a um sistema de computador para atender a sua necessidade. Neste caso, segue uma ideia do que fazer com seus computadores, para que eles não fiquem encostados:

Sistema de computador

Brincadeiras a parte, gostaria de reforçar que é essencial que os profissionais de tecnologia procurem entrar no mundo dos seus usuários, esvaziando-se da própria experiência “técnica” e das ideias funcionais que tenham em mente, para dar espaço àquilo que ele vai ouvir do usuário.

Mesmo seguindo a metodologia que propus, muitas vezes é difícil estabelecer uma comunicação eficaz entre as duas partes envolvidas na elaboração de um sistema de computador, pois a verbalização de um pensamento pode não ser suficiente para expressar o que realmente queremos dizer. Tenho minhas ideias sobre o processo de comunicação em si, mas isso é papo para outro post.

Até sexta, não se esqueçam de aproveitar seus momentos off-line.

eLe

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mariana A revolução dos celulares no continente Africano | Mariana AssisMariana Redondo de Assis – Formada em Sistemas de Informação pela Universidade São Judas Tadeu em 2005, concluiu em 2010 a pós graduação em Engenheira de Software pela Universidade de São Paulo (USP). Atua no mercado de TI há 11 anos, passando pelas áreas de suporte, desenvolvimento, projetos e pré-vendas. Atualmente é consultora de sistemas de gerenciamento de conteúdo na Thomson Reuters, responsável pelas plataformas de conteúdo para toda América Latina.

Imigrantes de São Paulo: Um mundo pouco explorado | Rodrigo Delfim

Imigrantes

Uma simples conversa significaria uma viagem gratuita e personalizada para a terra natal do novo colega – e ele à sua – desde que ambos abram os espaços para tal. Essas viagens sem sair do lugar, para a Itália, Chile, República Democrática do Congo, Mali, Togo, Serra Leoa, Portugal, Bulgária, entre outros, podem não significar diversão ou momentos de descontração, mas certamente guardam lições de vida e superação.

Políticas públicas para imigrantes

Imigrantes Entre os dias 29/11 e 01/12, participei, em São Paulo, da 1ª Conferência Municipal de Políticas para Imigrantes. Cerca de 300 pessoas de 35 nacionalidades diferentes estiveram presentes em pelo menos um dos três dias de evento. Era só uma amostra do caldeirão de culturas e oportunidades de aprender e repassar vivências. Um mundo ainda pouco compreendido e muito menos aproveitado do que deveria ser.

Da minha colega italiana, soube que ela é do Partido Democrático e odeia o Berlusconi; de Serra Leoa e República Democrática do Congo são colegas também de profissão, jornalistas; de Togo (que abriu um sorriso enorme quando citei o nome do jogador de futebol Adebayor, ídolo nacional), soube que ele veio para o Brasil após se converter ao cristianismo e encontrar oposição da família, muçulmana. Enfim, teria uma pequena aula com cada um que eu parasse para conversar.

O desprezo social pelo migrante

Essa consciência a respeito da importância de aprendermos com as diferenças do outro, no entanto, ainda é pouco compreendida pela sociedade – não apenas no Brasil. Pelo contrário, o migrante é visto como “ladrão de empregos”, acusado de “ocupar espaço” nos serviços de saúde e educação, de “não querer se integrar à sociedade onde ele se insere”. No entanto, pouco se fala da contribuição que cada um deles pode trazer para o novo lar.

Imigrantes Esse tipo de reação, ontem e hoje, soa ainda mais estranha em uma cidade como São Paulo, que deve boa parte de sua formação social, histórica e econômica a esses “forasteiros”, que vieram dos quatro cantos do Brasil e do exterior, muitas vezes recebidos com desconfiança e até com sentimentos de repúdio por parte dos cidadãos locais.

Os personagens mudaram, mas não a essência da rejeição ao diferente – os “carcamanos”, termo pejorativo usado para se referir aos italianos do começo do século XX, foram trocados pelos “baianos” e agora pelos “bolivianos”. É triste ver que uma cidade, que tem o gene migrante em seu DNA, repudiar justamente um dos elementos que a tornam única. É horrendo ver o local de origem de uma pessoa ser usado como forma de ofensa a ela.

Consciência global para um agir local

Em uma sociedade globalizada, onde tudo acontece em tempo real e as fronteiras ficam cada vez mais imperceptíveis, o diferente está mais próximo de nós do que nunca. É até compreensível o espanto com essa aproximação repentina, mas não se pode jamais repudiar, discriminar ou recriminar.

Mesmo que leve tempo, o melhor a ser feito por cada um de nós é abrir-se para conhecer e aprender com quem é diferente. Não significa – e nem deve significar – abandonar sua cultura e tudo o que já se aprendeu em troca do que chega de novidade, mas sim agregar novas experiências e respeitar as visões de mundo diferentes da nossa. Os ganhos serão certamente maiores do que os supostos efeitos colaterais.

Indico um vídeo muito bonito que conta algumas histórias dos filhos de imigrantes de São Paulo:

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=kLP6SwAs8tc]

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rodrigo Viajo porque necessito, volto porque quero viajar de novo | Rodrigo DelfimRodrigo Borges Delfim, formado em jornalismo pela PUC-SP em 2009, trabalha atualmente na área de Novas Mídias do portal UOL. Interessado em Mobilidade Humana, Políticas Públicas e Religião, desde outubro de 2012 mantém o blog MigraMundo para debater e abordar migrações em geral. É também participante da Legião de Maria, movimento leigo da Igreja Católica, desde 1999.

A revolução dos celulares no continente Africano | Mariana Assis

 revolução dos celulares

Imagine como seria morar em um lugar onde as pessoas não têm energia elétrica em casa e muito menos internet? Neste cenário, seria impossível utilizar qualquer meio de comunicação moderno, como a televisão ou o celular, certo? Errado!

Em alguns dos meus últimos posts, refleti sobre alguns aspectos negativos das redes, como a fuga da realidade e a liquidez dos relacionamentos. Hoje, quero me focar em apresentar uma forma positiva de utilização da tecnologia.

A revolução dos celulares está mudando a África

Avanços relevantes melhoraram muito a qualidade de vida de inúmeras pessoas em todo o mundo. Mesmo assim, na África, milhares de pessoas ainda vivem sem energia elétrica, água potável e somente 5% da população de lá tem uma conta no banco.

revolução dos celularesO déficit tecnológico existe, mas um instrumento está revolucionando a vida de muitas pessoas no continente africano: as mensagens de texto por celular, também conhecidas como SMS ou torpedos.

É interessante perceber que, mesmo com as inúmeras restrições tecnológicas existentes, um dado curioso chama atenção: o continente africano está  à frente dos Estados Unidos e da Europa em quantidade de pessoas que tem um celular, totalizando cerca de 650 milhões de usuários.

Ainda sem um sistema elétrico disponível para todos, as pessoas que vivem afastadas dos grandes centros carregam seus celulares com baterias e geradores e cada vez mais cresce a possibilidade de carregar aparelhos eletrônicos por meio da energia solar.

Pode até parecer estranho, visto que, quando pensamos na África, as primeiras impressões que temos são (infelizmente) em relação à pobreza e as suas consequências.  Mas as coisas estão mudando!

Por outro lado, isso nos levaria, talvez, a pensar: então os africanos passam fome, mas têm celular? Não seria uma atitude incoerente? Muito pelo contrário! Atualmente, a mobilidade (o uso de telefones móveis) tem ajudado muito a população africana a melhorar vários aspectos das suas vidas.

Exemplos relevantes

Um bom exemplo de como os celulares são importantes colaboradores para o desenvolvimento da África é o seu auxílio à agricultura. Os agricultores locais estão utilizando o serviço de envio de notícias por SMS para saber a previsão do tempo, descobrir os preços praticados para os seus produto no mercado e para receber textos sobre técnicas de cultivo.

Com os celulares, os africanos também podem receber remessas de dinheiro, enviadas por familiares que estão vivendo na Europa ou América. Com este crédito, fazem compras e pagam seus fornecedores, tudo pelo celular.

revolução dos celularesAlém da utilização econômica, os celulares também estão sendo utilizados por programas de saúde e de combate a desnutrição. O Pesinet é um projeto do governo de Mali (noroeste africano) no qual os agentes de saúde enviam dados, semanalmente, sobre as crianças que vivem em locais remotos, para os médicos que estão nos grandes centros urbanos. Quando o médico vê que o estado de saúde é grave, ele manda um SMS para os agentes, com instruções para uma avaliação mais profunda.

Paradoxos sociais e tecnológicos: E eu? O que faço?

Em meio à miséria e a falta de perspectiva, os africanos encontram nos celulares um respiro de esperança, uma possibilidade de terem dias melhores com menos fome e mais conforto. A tecnologia não vai resolver o problema da África, mas já está ajudando muitas pessoas a terem acesso à informação e, com isso, se desenvolverem. Paradoxalmente, nos países desenvolvidos, que têm abundância tecnológica, as pessoas querem se desintoxicar, como comentei no meu último post.

Refletindo sobre a minha impotência em relação à diminuição das desigualdades na África, tenho procurado não deixar que a indiferença tome conta de mim. Amanhã irei trabalhar o dia todo em um evento promovido pela Afago, uma ONG que atua na periferia de São Paulo, promovendo cursos profissionalizantes, reforço escolar e oficinas culturais para as crianças e jovens da região.  A Afago não é só uma provedora de ajuda material, mas uma fonte de esperança para uma vida melhor e mais igual para as pessoas da comunidade .

Acredito que existem inúmeras formas de usar a tecnologia para melhorar a vida das pessoas carentes. Nós todos podemos fazer a nossa parte, praticando o consumo consciente, aprendendo que não precisamos “ter para ser” e, principalmente, descobrindo que, se damos o primeiro passo em direção às situações de dor que nos rodeiam, começamos a transformar à sociedade.

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mariana Desconectar se para conectar se de verdade | Mariana AssisMariana Redondo de Assis – Formada em Sistemas de Informação pela Universidade São Judas Tadeu em 2005, concluiu em 2010 a pós graduação em Engenheira de Software pela Universidade de São Paulo (USP). Atua no mercado de TI há 11 anos, passando pelas áreas de suporte, desenvolvimento, projetos e pré-vendas. Atualmente é consultora de sistemas de gerenciamento de conteúdo na Thomson Reuters, responsável pelas plataformas de conteúdo para toda América Latina.

Sofrimento: dimensão que nos faz profundamente humanos | Karina Gonçalves

sofrimento

A fragilidade, os limites, a finitude da existência, o impossível. Essas são algumas realidades que nos possibilitam vivenciar a nossa humanidade, conscientes da nossa incapacidade em encontrar respostas concretas às várias situações dolorosas que nos acometem durante a vida.

Mas existe, nessa mesma experiência, tipicamente humana, a possibilidade de abertura ao que, por natureza, não conseguimos conter plenamente e nem compreender com exatidão: o mistério de algo maior que move tudo no Universo.

O exemplo de Jesus: sofrimento que transforma

cruz-3Mistério que, no cristianismo, tem em Jesus Cristo sua encarnação e no grito da cruz o seu cume. Sim, naquela dor, Jesus abraçou todos os homens e os levou a participar da vida divina. Também Ele, homem como todos nós, se viu sem resposta e no seu profundo abandono nos encontrou.

Mesmo não acreditando no dogma que envolve essa experiência histórica, mística, teológica podemos nos ater a reflexão que envolve a sua dimensão antropológica. O que a experiência de Jesus pode nos dizer, como seres humanos, independente da religião que professamos (ou não)? Que o sofrimento pode tornar-se um lugar de encontro.

 A vida revela sua potência e sentido profundo a partir do sofrimento e da capacidade de sofrer. A aceitação do próprio sofrimento como evento existencial implica a possibilidade de ir além dele e, assim, momentos de encontros fecundos podem ser gerados. Não se trata de conformismo, mas vivencia ativa da dor.

Existe um estar junto que é sempre possível! Sofrer com quem sofre, chorar com que chora, não ter respostas, mas se permitir descobrir os caminhos juntos! Compartilhar é a palavra! Comunhão de si e de tudo o que se é com os outros, principalmente aqueles que estão nessa disponibilidade. Assim, o sofrimento passa a ser vivido como parte da própria existência, pessoal e comunitária; como aspecto humano que pode, de maneira surpreendente, nos levar à realização.

Presença de algo maior

Um reconfortante sentimento de paz pode emergir ao constatar que não estamos sozinhos. A presença sutil e estrondosa de algo maior, que nos compreende e quer estar ali, evidencia um AMOR que faz o coração arder. Presença misteriosa que acompanha, oferece confiança, esperança, serenidade.

Em diálogo com a terapia ocupacional, é interessante estabelecer o seguinte paralelo: o profissional é convidado a olhar para além do sofrimento alheio. Justo onde o paciente, geralmente, enxerga apenas o limite, as dificuldades e tudo que perdeu, o terapeuta deve ajudá-lo a descobrir suas potencialidades, dar um novo significado ao seu fazer e, de modo amplo, também o seu viver.

Enquanto a pessoa que está sendo tratada rejeita, ignora, nega a situação dolorosa é difícil visualizar a possibilidade de continuar e, assim, encontrar sentido no cotidiano e nas relações. É justamente o processo de assimilar a dor, integrá-la e reconhecê-la como parte de si, que permite ao paciente continuar a viver e não se conformar em assistir o transcorrer dos dias. Nessa perspectiva, apropriação de si pode significar saber estar na dor, para conseguir colher dela aspectos ainda não conhecidos de si mesmo e dos outros.

Quanto mais o espaço terapêutico configura-se como um espaço de encontro em que vínculos positivos podem ser estabelecidos, é possível proporcionar VIDA a partir da dor. Dessa forma, contempla-se o homem na sua integralidade e favorece-se o exercício da própria humanidade em plenitude.

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 Acessibilidade e inclusão social: preocupação real ou moda? | Karina Gonçalves

Karina Gonçalves da Silva Sobral – Formada em Terapia Ocupacional pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR) em 2007, motivada por questões existenciais e busca de respostas em como lidar com o sofrimento do outro, dos tantos outros que já tinha encontrado nas recentes mas, intensas, práticas como terapeuta ocupacional, concluiu em 2011 a “laurea magistrale” em ciências políticas no Instituto Universitário Sophia, na Itália.  Possui experiências, principalmente, no Serviço Público, na área de saúde mental,  e, atualmente, é terapeuta ocupacional com atuação na educação especial.

Desconectar-se para conectar-se de verdade | Mariana Assis

conectar-se de verdade

Seis horas da manhã, Tiago acorda com o despertador do seu smartphone. Ele desliga o alarme, olha as mensagens que recebeu no whatsapp durante a noite e as notificações de comentários e curtidas no seu facebook. Abre seu aplicativo de e-mails, apaga alguns spams; Abre o twitter e olha os posts da madrugada. Tiago então, se levanta e vai tomar banho. Antes de entrar no chuveiro, liga o superplayer e seleciona a playlist que mais combina com o seu humor: “acordando super feliz”, “desanimado”, “pensativo” , “dor de cotovelo”. Sai do banho e abre seu aplicativo de previsão do tempo para decidir se vai de manga comprida ou camiseta.

Antes de sair de casa, abre o waze para saber qual caminho está com menos trânsito em direção ao seu trabalho. Não adianta muito, ele fica parado no trânsito e resolve fazer um check-in no foursquare. O lugar? “Trânsito infernal da Rebouças”. Olha novamente o facebook, twitter, instagram, afinal, não tem nada mais interessante para fazer enquanto espera pacientemente que, em algum, momento os carros voltem a se movimentar.

O personagem descrito acima pode ter muitos nomes e se encaixa no perfil de muitas pessoas. Mas, Tiago poderia ter um despertador que serve apenas para nos acordar; poderia olhar pela janela para ver como está o tempo; poderia ir de bicicleta para o trabalho, ou simplesmente aproveitar o tempo parado no trânsito para pensar na sua vida, refletir sobre si mesmo.  Poderia, mas seria uma exceção.

Pensando na maioria de nós, eu pergunto: quanto tempo será que conseguimos ficar sem o smartphone?

Viciados em tecnologia

conectar-se de verdadeSe você sentiu um aperto no peito só de pensar na possibilidade de ficar desconectado, talvez seja a hora de começar a refletir no seu relacionamento com a tecnologia.

Foi o que fez Lexi Felix, um jovem americano de 28 anos, que chegou a trabalhar 70 horas por semana e a dormir com seu notebook na cabeceira da cama. Depois de ter quase morrido por stress, ele e sua namorada largaram tudo na Califórnia e foram viajar.

Durante os dois anos que ficou longe dos Estados Unidos,  Lexi trabalhou em fazendas, praticou Yoga e meditação e passou seis meses em uma pousada em Camboja ajudando na organização e manutenção. Ele descreve esse tempo como uma oportunidade que teve para reavaliar o que significa viver em uma das épocas mais interessantes da humanidade, na qual mais do que nunca estamos todos conectados e percebeu que era necessário encontrar um equilibro.

Assim como o Felix, eu também tenho refletido sobre este equilíbrio. É muito fácil se deixar seduzir pela infinidade de informações que encontramos na internet. Já falei nos últimos posts como o mundo virtual pode parecer perfeito e mais atraente do que a nossa vida real.

Desconectar-se para conectar-se

Confesso que para mim também é um desafio me desconectar totalmente. Nas minhas últimas férias fui viajar com 3 amigas para os Estados Unidos e em muitos momentos tinha a vontade de comprar um chip local para ter internet no meu smartphone.

Foi então que eu percebi como havia desaprendido a viver sem a possibilidade de fazer uma rota no Googlemaps ou ver as opiniões das pessoas sobre um restaurante no foursquare, ferramentas tecnológicas que podem estragar as oportunidades de desbravar novos caminhos, experimentar um novo tipo de comida, conhecer outras pessoas, etc.

Nesta viagem, com as minhas amigas, conhecemos um funcionário dos Studios Warner e descobrimos que ele gostava muito do Brasil e tinha planos de vir para a Copa do Mundo. Ele nos deu uma ótima sugestão de lugar para almoçar e comemos a melhor torta de frango do mundo!

conectar-se de verdadeAlém da informação útil, trouxe comigo um pouco daquela pessoa. Ficou a lembrança daquele momento de comunhão, de comunicação na sua essência,  algo que as experiências virtuais não permitem.

Um desafio que vale a pena

Na vida real não temos controle total das situações que vivemos. Por medo ou comodidade, muitas vezes nos refugiamos nas notificações das redes sociais que recebemos no smartphone. Mas, acredito que vale a pena fazer o exercício de desligar-se do universo virtual.

Fica a dica: quando estiver com os amigos em um bar, ao invés de ficar olhando para seu celular o tempo todo, curta a companhia do pessoal. O mundo não vai acabar se você não responder aquela mensagem no whatsapp, ou não curtir a foto da sua melhor amiga. E, fique tranquilo, se for urgente, certamente vão conseguir achar você, com ou sem celular.

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marianaMariana Redondo de Assis – Formada em Sistemas de Informação pela Universidade São Judas Tadeu em 2005, concluiu em 2010 a pós graduação em Engenheira de Software pela Universidade de São Paulo (USP). Atua no mercado de TI há 11 anos, passando pelas áreas de suporte, desenvolvimento, projetos e pré-vendas. Atualmente é consultora de sistemas de gerenciamento de conteúdo na Thomson Reuters, responsável pelas plataformas de conteúdo para toda América Latina.

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