Author: Valter Hugo Muniz Page 134 of 240

Valter Hugo Muniz - Formado em Comunicação Social com ênfase em jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica de SP (PUC-SP) em 2009, concluiu em 2012 a “laurea magistrale” em Ciências Políticas no Instituto Universitário Sophia, na Itália. Com experiência em agências de comunicação, multinacionais, editoras e televisão é, atualmente, consultor de comunicação na ONG Arigatou International, em Genebra, Suíça. Com vivência de mais de cinco anos na Europa (Itália e Suíça), participou de trabalhos voluntários em São Paulo e na Indonésia pós Tsunami (2005), além de uma breve estadia na Costa do Marfim (2014). É fundador do escrevoLogoexisto.

29 dias no país do Tsunami – Parte 5: Time completo

Da esquerda para a direita: Leonardo, Patrick, Eugenio (cima), Giuseppe (baixo), Ago, Eu e Andrew

Da esquerda para a direita: Leonardo, Patrick, Eugenio (cima), Giuseppe (baixo), Ago, Eu e Andrew

Diário de Bordo – Grotaferrata – Castelos Romanos – Itália – julho de 2005

Aqui estamos as 15:15h na estação de trem de Frascatti em direção a maior aventura deste ano. Mas falta um pouco para sermos um time completo.

Somos 5: Ago, Andrew e Patrick, (dois jovens ingleses que Ago conheceu em uma de suas viagens à Inglaterra) e Leonardo (jovem Napolitano dos Focolares que estuda em Milão e que morou comigo por dois meses no Centro Mundial em Roma. Além deles, claro, eu.

Posso dizer que estou muito feliz com essa viagem. Ontem assistimos o vídeo do jovem Clement, francês que morreu (acho que doente) acreditando no Mundo Unido. Depois do vídeo eu disse aos ingleses que para mim essa viagem à Indonésia é uma grande oportunidade de me doar concretamente. Buscando acolher cada dificuldade.

A próxima parada é Roma – Termini.

(…)

São 19:40h. Depois de encontrarmos Giuseppe e Eugenio, dois jovens calabreses, seguimos até o aeroporto Fiumicino e agora já estou no avião.

É fantástico estar aqui. Adoro viajar de avião porque é a maneira que o ser humano encontrou de dimensionar aquilo que Deus construiu.

Giuseppe e Eugenio, pelo que entendi, são dois jovens que participavam das atividades ligadas ao Movimento dos Focolares, mas que pela correria da vida se afastaram.

Bem, agora iremos até Frankfurt – Alemanha. Chegaremos umas 21:15h para depois pegar o avião para Singapura ás 22:15h.

BOA VIAGEM!

Crise de valores

capitalismoO frenesis da vida pós moderna gera um sentimento de insatisfação, principal vetor da transmissão da doença depressão. Em meio a crise econômica, inicia uma crise de valores que serve como estopim para conflitos bélicos, que começam do Sri Lanka às favelas do Rio.

O mundo vai acabar (?)

Enquanto isso perco tempo preocupando-me com o que comer no almoço e se vou de pólo ou com algo que cubra bem o pescoço. Já faz frio na cidade da garoa e enquanto o mundo padece, eu continuo curtindo a vida à toa.

E não fruto de uma possível demência, na verdade é por que em meio ao caos que aos poucos se instala, vou percebendo minha grande impotência.

Quem espera sempre alcança diz um outro devaneio de gente que não luta e se apóia na própria esperança. Eu, em vez disso, procuro viver, mesmo sem saber para onde ir, sem ter por que merecer.

Mas o que quer que eu faça, a crise das especulações vai afundando um mundo numa grande maré de desgraça. O que quer que eu faça, vou ter que suportar esse mar de ressaca.

As vezes acho que a crise só pode ser resolvida de dentro para fora e aí dá vontade de pedir para toda criança que conheço, sair da escola.

Afinal de contas a gente aprende sempre bem a lidar com o nosso egoísmo, nosso direito ao individualismo. Mas toda a falta de juízo, fraternidade, de valores, vai levando todo o povo a pagar as dívidas de um mundo que arca com um baita prejuízo.

Solo brasileiro em que as vidas valem menos

enchente nordeste“Chuvas no Norte e Nordeste já fazem o dobro de desabrigados e desalojados do desastre de SC”

Será que uma vida no sul do Brasil vale mais do que no norte ou no nordeste do país? Esse foi o primeiro pensamento que passou pela minha cabeça no momento em que comecei a acompanhar as matérias a respeito das chuvas que já deixaram o dobro de desabrigados das enchentes de SC nas regiões menos favorecidas do país.

De acordo com dados da Defesa Civil Nacional, publicados em uma matéria da Folha, 183.625 pessoas estão desabrigadas ou desalojadas no Norte e no Nordeste em razão das enchentes. Em Santa Catarina, esse número chegou a aproximadamente 80 mil pessoas.

Contudo, ao mostrar as imagens do desastre do Sul foi criado um clima de comoção nacional que resultou em muita ajuda para o estado catarinense. Alimentos, remédios e produtos de higiene foram enviados de todas as partes do país.

Diante dessa corrente solidária que foi criada, o roubo de aproveitadores da ajuda enviada escandalizou a sociedade. Esse fato talvez tenha causado influência na pouquíssima movimentação da sociedade diante desta nova catástrofe natural.

Apesar do número inferior de mortes confirmadas (40, ante as 135 vítimas de SC) as perdas econômicas das chuvas no norte/nordeste do país são bem maiores que a do sul. O prejuízo estimado é de R$ 1 bilhão, ante aos R$ 358 milhões estimados pelas empresas de SC (sem levar em conta a previsão de queda de 15% na arrecadação anual do estado).

Para minimizar os impactos do desastre, o governo federal na época liberou quase R$ 2 bilhões por meio de medidas provisórias e diversos ministérios direcionaram recursos para Santa Catarina, o que ainda não aconteceu na versão norte/nordeste do desastre.

Mãe

História de um filho da mãe

Essa é uma história edificada por valores humanistas e princípios profundamente cristãos.

Era uma vez uma jovem, como eu, com sonhos e planos comuns à idade. A diferença é que os seus anseios não foram construídos em uma metrópole turbulenta como São Paulo.

A jovem saiu de casa cedo para traçar seu próprio caminho. Estudar, trabalhar e conhecer um mundo além do sítio.

Assim começava uma nova aventura que ainda não terminou e que agora inclui o marido e a mais impactante mudança de sua vida: a chegada dos filhos.

Aqui, maternidade, não significa somente ceder o próprio corpo para que uma vida se desenvolva. Não! Ser mãe é ceder muito de si mesma. De inúmeras horas de sono, dos sonhos para acompanhar o crescimento dos filhos.

Mãe talvez seja o melhor dos eufemismos para sacrifício, prontidão.

Como coadjuvante, o mais fantástico para mim não é ser fruto de uma semideusa, que não erra. Dessa forma o amor profundo pareceria utópico ou talvez difícil de ser espelhado. Não, a vida me fez perceber a beleza de uma mãe humana. Que se desespera diante dos obstáculos, que fala demais, que ri alto, que muitas vezes perde a noção do ridículo e que outras tantas acaba fazendo tudo aquilo que desaprovou um dia nos filhos.

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É aí que o verdadeiro amor se faz possível! Porque não é só ser amado, como filho, mas também poder amar quem me gerou, não só ser perdoado pelas nossas falhas, mas também perdoar. É ás vezes ser pai, outras amigo.

Sempre acreditei na importância de entender o pr da nossa própria história. Quase sempre, é o autor convida alguém especial para introduzir sua obra. Deus também se permite o mesmo, dando-nos uma mulher, uma mãe que nos conduz, desde o início, nessa aventura chamada VIDA.

Dia das mães me faz lembrar risadas escandalosas, provocações debochadas, mas principalmente o sacrifício de criar eu e minhas irmãs de maneira íntegra, de não poupar esforços para nossa realização nos estudos, na profissão e como seres humanos.

Em um mundo aonde a gratidão é tão banalizada, dizer obrigado é uma forma de reconhecer a graça de ser filho e poder celebrar cada dia nesse mundo. Hoje, de maneira particular, por ser um filho da mãe.

29 dias no país do Tsunami – Parte 4: Tudo nasce de uma ideia.

Com Agostino em Roma

Com Agostino em Roma

Estava eu, conversando com um dos organizadores da viagem, Agostino Spolti (meu grande irmão “mais velho” em Roma) e de repente surgiu a idéia da minha ajuda nessa viagem.

Quem destina fundos para diversas viagens nos muitos lugares que precisam de assistência é a AMU (Azione Mondo Unito), ONG italiana ligada ao Movimento dos Focolares.

O trabalho que estava sendo feito na Indonésia pós Tsunami era de angariar fundos para a construção de barcos para os pescadores da região afetada. Iríamos para o país com o objetivo de entregar esse dinheiro arrecadado em diversas atividades e fruto da generosidade de muitos europeus.

Claro que, quando ouvi o convite, ele me soou como sonho. Estava na Europa há mais de um ano, mas sobrevivia com meu trabalho “de subsistência” e nunca poderia pagar uma viagem como esta. Mesmo assim acreditei que, se fosse mesmo para ir, tudo acabaria dando certo.

Era abril de 2005, três meses antes da viagem, pensei em talvez contar para os meus pais. Porém, concluí que poderia ser mais “sadio” para eles informar na última hora, assim pouparia sofrimentos e apreensão.

Os meses foram passando e o que parecia um sonho, tornou-se realidade. Chegou e ajuda da AMU com a qual eu poderia viajar.

Quando tudo se concretizou não conseguia me conter em alegria… em alguns meses estaria do outro lado do mundo, reencontraria velhos amigos e participaria de um momento único da história da humanidade. Seria testemunha ocular da destruição de uma catástrofe natural e poderia “arregaçar” as mangas em auxílio das pessoas prejudicadas.

Mas, mal sabia eu que essa experiência de inculturação já começaria ali, na Itália, assim que encontrasse meus companheiros de viagem.

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