Month: September 2013 Page 2 of 4

Vento Preciso

small_wind

 

Chuva de inverno

que escorre sob minha triste face,

São lágrimas partilhadas com meu Deus

em seu mais puro disfarce.

Onde a dor – glorioso mistério – oculta o outro lado

E o amor, para tê-lo de novo, exige cuidado.

 

Gotas que lubrificam meu olhar disperso.

Reaver meu entusiasmo! Ajoelho e peço.

Aceitar-me criador inexperiente.

Esquecer-me demasiado inconsequente.

 

Brisa de primavera: aguardo-te ansioso.

Devolva-me o calor, sentimento gostoso.

Simples viver, menos verso.

Fazer poesia! Ajoelho e peço.

 

Inesperadamente Te reencontro.

Mesmo sem estar pronto.

Basta à renúncia de mim, basta um sorriso.

E as lágrimas se enxugam, por Ti, Vento Preciso.

A derrocada final do vemprarua

18set2013---apos-mais-de-duas-horas-de-argumentacao-o-ministro-do-stf-supremo-tribunal-federal-celso-de-mello-votou-a-favor-dos-chamados-embargos-infringentes-no-julgamento-do-mensalao-garantindo-uma-1379534688457_1920x

Roberto Jefferson elogiando o novo julgamento para os acusados do Mensalão disse que, desta forma, “o Supremo afirmou que a democracia não é o regime da passeata, é o regime da lei. É a vitória da lei sobre a passeata”.

A afirmação do ex-deputado, condenado a sete anos de cadeia por corrupção e lavagem de dinheiro, cria um antagonismo esquizofrênico que, antes de tudo, fere a ontologia da democracia.

Demo+kratos” é um regime de governo em que o poder de tomar importantes decisões politicas está com os cidadãos, direta ou indiretamente. Isto é, democracia não é o regime da lei, mas a expressão comunitária dos interesses individuais, negociados em prol de um bem comum.

Subjugar o “governo do povo” à lei é colocar o Direito acima da sua (única) função: garantir que os interesses privados não se sobreponham aos comunitários, punindo (possivelmente) aqueles que se beneficiam pessoalmente da concessão de poder que lhes é conferido.

Roberto Jefferson e os outros 11 acusados pelo crime político, de maior gravidade no Brasil pós Collor, menosprezaram o clamor popular, o desejo de justiça coletivo, que deveria estar na ponta de um ambiente democrático.

A adoção de um novo julgamento para os acusados do Mensalão, mesmo se prevista em lei, exprime um fracasso simbólico, mais um, em um país que clama por justiça. Esta derrota não é no âmbito político-partidário, mas na desvalorização do #vemprarua, que mobilizou massivamente o povo e, agora, mostra novamente que, para mudar o país, é preciso muito mais que palavras de ordem.

Clique aqui e veja os quadrinhos que contam a história do Mensalão

Dinâmica vital

butterfly

É interessante, com o passar dos anos, me dar conta do quanto os limites, meus e dos outros, podem se tornar empecilhos problemáticos nos desenvolvimento dos mais variados projetos.

Uma das coisas mais bonitas da vida é poder viver por Algo grande, que valha à pena investir nossas energias, sem nos perdermos em nossa pequenez e acreditando que existe uma realidade que transcende os nossos limites. Essa utopia serve de guia, de Luz, no percorrer cada etapa, ajudando-nos a escolher qual a estrada é melhor seguir, ou se é melhor “parar para descansar”.

Contudo, viver (ou caminhar) não é só um movimento exterior. Desenvolver-se e adaptar-se exige, sobretudo, uma dinâmica interior. Partindo de uma autoanalise, visando à autoconsciência, somos capazes de estarmos mais abertos aos novos contextos que, nem sempre por “gosto”, devemos vivenciar.

O problema é que nem sempre estamos dispostos a encarar, de maneira positiva, esses desafios impostos e, dessa forma, acabamos vítima e causa de sofrimento. Se não fazemos uso da sabedoria para aceitar o “novo”, perdemos a chance de recuperar aquilo que nos ajuda a viver melhor e reencontrar a beleza de buscar, constantemente, o significado último da nossa existência.

Adaptar-se ou morrer

corredores

Em situações de crise e escassez, vida é movimento. Esse conceito, originário do último filme que assisti (Guerra Mundial Z), exprime uma verdade importante e que me faz lembrar outro filme visto recentemente: Adaptation. As dinâmicas e evoluções da vida exigem um passo “no incerto”, no novo, que deve ser dado com cautela, mas é uma adaptação inevitável.

Ultimamente tenho pensado muito nisso, ancorado nos discursos do Papa Francisco, mais pela sua leitura “intuitiva”, que por motivos religiosos. O Papa, refletindo sobre a situação atual da Igreja Católica, fala da capacidade da Igreja de ir “contra a corrente” da ditadura tecnicista, que coloca a velocidade como medida fundamental no “acompanhar” os avanços sociais.

Acredito que a visão de Francisco é o ponto de equilíbrio e de cautela para que não sejamos tomados pela “ilusão do novo e do rápido”. Mas, por outro lado, não tem, em nenhum sentido, o objetivo de justificar o comodismo.

Adaptar-se aos “sinais dos tempos” é ter a coragem de ousar, de crescer, evoluir, sem simplesmente acreditar que o que já foi feito basta. Adaptar-se é continuar em movimento, é querer viver, pois, pelo contrário (e independentemente da vontade), se morre.

É interessante me dar conta do quanto essa capacidade vai diminuindo ao longo do tempo. A velhice nos faz buscar o “aconchego”, o seguro, o “cômodo”. É isso que nos leva à morte. Continuar “em movimento” exige do corpo, da alma e da mente um contínuo esforço que, contudo, nos faz (re)viver.

Morremos (não necessariamente de maneira literal) quando paramos, conservando o que já temos; quando enterramos a moeda que ganhamos, para não perdê-la; quando tememos as mudanças e não queremos nos adaptar. Porque “vida é movimento”.

Pedagogia futebolística

home_231197

Gosto de pensar a pedagogia da vida a partir do futebol, pois foi justamente por meio desse esporte que descobri a beleza de lutar, de superar os desafios, de ser criativo, de me doar, de ter espírito de equipe, generosidade e claro, foi onde aprendi a perder e recomeçar.

Esse “paralelismo” me fez perceber que a vida é, sobretudo, um grande jogo. Ás vezes nós nos preparamos bem e conseguimos superar desafios. Outras tantas, “treinamos pouco”, acreditamos que só o talento basta e somos surpreendidos com derrotas, fracassos. No jogo, como na vida, também podemos construir laços profundos, principalmente nos momentos de dificuldade. Assim, ficamos mais fortes, porque unidos.

Ontem, no amistoso entre Brasil e Portugal, o capitão brasileiro Thiago Silva mostrou, concretamente, como tudo isso é possível. Durante o primeiro tempo, após uma falha grave do lateral brasileiro Maicon, a seleção portuguesa abriu o placar.

Quantas vezes um “grupo” é prejudicado por uma falha individual? Contudo, a vida nos dá a oportunidade (se quisermos) de olhar pra frente, continuar “jogando” para nos recuperarmos. E foi isso que aconteceu no jogo de ontem. Após um escanteio batido por Neymar, Thiago Silva, o capitão, subiu mais alto que os zagueiros portugueses e cabeceou a bola para empatar a partida.

A comemoração de Thiago foi simbólica, comovente. O zagueiro brasileiro apontou para Maicon, ofereceu-lhe o gol, colocando em evidência o valor da união, da ajuda recíproca, o valor do grupo que cobre as falhas individuais.

Que lição bonita deu o futebol! Poderíamos estar lamentando hoje, como fazemos muitas vezes em nossas vidas, que perdemos porque fulano ou ciclano falhou e comprometeu o trabalho do grupo. Mas, Thiago Silva mostrou que, enquanto a bola rola, a vida continua, podemos sempre transformar a realidade e, digo mais, fazer com que uma dificuldade seja oportunidade de estreitar laços, fortalecer o grupo, para as muitas dificuldades que ainda virão.

Page 2 of 4

Powered by WordPress & Theme by Anders Norén