Month: May 2010 Page 1 of 2

[vidaloka] A viagem

Avião e o céu CINZA de Amsterdam

Viagens continentais sempre têm um sabor especial, mesmo que seja uma das experiências mais desconfortantes.

Despedir da minha família foi surpreendentemente simples, sem choro, pois afinal de contas todos já esperávamos que esse dia chegaria.

O mais especial foi perceber que mesmo aqui, do outro lado do Atlântico, permanecemos unidos nessa nossa maravilhosa família e na alegria de poder um viver pelo outro, independente da distância.

Cheguei em Amsterdam as 11:25h, hora local, esperando um dia aberto, ensolarado, pois é o que se espera de um dia de primavera. Porém, ao olhar o monitor da temperatura externa, ainda dentro do avião, me surpreendi com os doze graus. Olhando pela janela, algo ainda mais desolador: tempo fechado e garoa! Primeiros lapsos de nostalgia do nosso país tropical.

Agora estou aqui, sentado na espera para o embarque para Milão, depois de ter sobrevivido aos primeiros questionamentos a respeito da minha estadia na Europa pela polícia holandesa.

Enquanto isso, no monitor do aeroporto holandês, aparecem imagens da minha cidade natal. O mais interessante é que apresentam o estado de São Paulo (com praias, plantações de laranja e cana), como se fosse a cidade.

(…)

Depois de um atraso de quase uma hora o avião decolou em direção à Milão. Uma viagem bem tranquila de quase duas horas.

Cheguei bem cansado, peguei minhas malas e fui atrás do ônibus que leva do aeroporto de Malpensa à Stazione Centrale de Milão.

O que imaginei que seria difícil não aconteceu. Encontrei o guichê, comprei a passagem e em 40 minutos estava na estação central da capital econômica italiana.

Em 20 minutos aconteceria o primeiro ESPERADO reencontro…

(continua)…

[vidaloka] Livre para voar

Malas quase prontas

Eu sempre ouvi dizer que as boas escolhas trazem alegria e serenidade. Pois bem, essas são as duas palavras que resumem o meu estado de alma algumas horas antes de “voar” para uma nova fase da vida.

Essa sensação incrível de liberdade, de infinitas possibilidades, se entrelaça naquilo que rege a vida de nós todos: o mistério.

Mistério. “algo secreto, escondido, de significado ou causa oculta; um fenômeno que ocorre e não se tem conhecimento de quais as causas; algo que não se pode explicar.”

Não sinto que estou indo embora, nem que deixo tudo, sensações bem presentes nos últimos dias. Hoje o sentimento é de continuidade. Afinal de contas a vida me trouxe aqui, as minhas escolhas me colocaram nesse ponto  e o que me resta: viver!

Existe um plano por trás de tudo. Durante o tempo que vivi aqui muitas experiências me fizeram descobrir quem sou, meus talentos, aquela participação pessoal no Maravilhoso Jogo que não posso esperar de ninguém. Cabe somente a mim seguir este caminho, essa missão.

Por isso, haja felicidade!!!! De reencontrar um pedaço de mim do outro lado do oceano, de poder construir caminhos em direção a tão sonhada vida no continente africano… Tudo é possível quando a se acredita, mas antes de tudo, tudo ACONTECE quando nos deixamos levar pelo Dono do Jogo. Assim a Sua felicidade e a nossa se sintetizam e se bastam.

As 19:05h de hoje vôo para dar continuidade a vida que escolhi para mim. Pensando bem… a vida que Ele escolhe e eu aceitei, para o bem da minha felicidade.

[vidaloka] Despedida oficial: quanto vale uma amizade?

Despedida3

Difícil dizer o quanto o coração sai preenchido de momentos tão fantásticos como os vivido hoje, com tanta gente que amo com a alma.

Faz  tempo que sinto essa “vontade de mundo”, de viver plenamente as coisas, os relacionamentos, mas nunca quis que fosse uma realidade a ser alcançada.

Não! De jeito nenhum! Quero ser feliz AGORA!

Lembro-me como se fosse ontem do abraço apertado e das lágrimas no casamento da minha irmã mais velha. “Você só tem uma obrigação: Seja Feliz”, eu disse a ela e foi um “eu já sou” que marcou profundamente aquela experiência.

Pois é, ninguém busca a felicidade a gente é feliz e por isso se sente no dever de fazer os outros sentirem o mesmo.

É isso! Depois de uma noite tão maravilhosa como essa. Em que muito mais que os 70 esperados amigos foram viver comigo esses últimos momentos de BRASIL… Como não querer retribuir?

…depois das mensagens de carinho, dos abraços, das conversas, de gente dos trabalhos, da faculdade, da escola, dos Focolares, amigos de amigos, namoradas de amigos, vizinhos, enfim TODOS!

Não  estavam todos aqueles que esperava, claro, mas todos que deveriam estar, que queria ver, saudar, antes de iniciar uma nova e misteriosa fase. Nova, com certeza! E misteriosa, pois é impossível saber o que vai acontecer daqui pra frente.

Hoje, como nunca antes com essa intensidade na minha vida, me senti amado. Um amor concreto, presença, de gente que SOU EU e EU SOU ELES.

Nada é tão incrível do que me dar conta de tantos fragmentos que compõem o meu ser!

Obrigado! Obrigado! Obrigado!

Antes de tudo a Deus, depois aos meus pais, minha família, a maior riqueza que levo comigo.

Mas sim, de modo especial hoje, aos meus AMIGOS. Sinto-me a pessoa mais abastada do universo por ver que quando a gente cultiva amor, não tem como não colhê-lo.

Essa despedida oficial vai ficar marcada na minha vida como o momento mais fantástico de festejar o que tenho de mais fundamental para a minha felicidade: a amizade.

[vidaloka] Primeira despedida: RANGO

O tempo voa! Não é clichê, é FATO!

Ter consciência disso sempre me ajudou a não perder tempo na vida e me fez aproveitar intensamente cada experiência, viver cada momento, como se fosse o único.

Daqui a cinco dias, nesta mesma hora, estarei sobre o Oceano Atlântico voando em direção a uma nova fase, cheia de novos reencontros.

Bom, mas isso todo mundo já sabe!

O que é quase impossível descrever é a minha alegria depois de mais uma experiência vivida no Rango!

Durante esses últimos meses fui fiel. Estive lá praticamente todas as sextas-feiras deste ano, doando um pouco da minha “incapacidade” de cozinhar e também a enorme vontade de ajudar na preparação do jantar para quase 200 moradores de rua, que vão à Paróquia Nossa Senhora dos Passos (cruzamento da Rebouças com a Brasil) para se alimentarem.

Cortar tomates, ajudar na farofa, servir pratos, lavá-los, distribuir sorrisos, conversar com as crianças… cada uma destas coisas me fizeram um bem enorme.

Depois do trabalho habitual, o caro Padre Vitor fez uma oração abençoando essa minha nova fase. Foi emocionante dizer diante dos voluntários o quê significou para mim aqueles momentos com eles e os pobres.

No final somos todos pobres. Cada um com as suas próprias misérias, defeitos, fraquezas. Para uns faltam coisas materiais, para outros, riqueza de espírito.

Contudo, apesar dessas diferenças, fui embora do Rango com uma certeza: somos todos irmãos!! Precisamos viver mais uns pelos outros, nos ajudarmos, se queremos realmente uma sociedade melhor, mais ainda, se quisermos ser mais felizes.

Felicidade é perceber que a nossa capacidade de fazer as pessoas felizes nos torna pessoas insubstituíveis.

Hoje foi a primeira despedida. Comecei a sentir o coração apertado por deixar uma realidade que faz tanto parte de mim, mas sei que preciso ir e por isso, levo todos, porque muito da minha vontade de viver pelos mais necessitados, vem desse serviço que fazia ali no RANGO.

Abaixo o link de dois textos sobre as experiências no RANGO:

Rangando: http://vartzlife.wordpress.com/2009/09/13/rangando/

Sou quando me dôo: http://vartzlife.wordpress.com/2009/10/10/sou-quando-me-doo/

[vidaloka] Introdução – O porquê de ir embora!

Ufff!!

Dizem que viagem começa nas vésperas, no momento em que se começa a fazer as malas.

Bom, nesse caso então começo a viajar HOJE!

Ontem vivi a última etapa de preparação. Fui ao “Consolato Generale Italiano” para pegar o passaporte com o visto “de lunga durata”.

Assim que passei pela catraca e recebi minha senha, não me contive o sorriso quando vi que era justamente o número 23. Certeza de sucesso! (superstição?)

Depois de uma hora de espera, tudo certo! Agora sim posso viajar!

Essa introdução teria inúmeras páginas se levasse em consideração todas as “providências” que recebi nos últimos 5 meses. Talvez pudesse escrever um romance, uma linda história de amor, de Deus por mim, em primeiro lugar, mas também por meio de tantas pessoas, conversas. O amor não é uma fantasia, é um sentimento muito concreto.

Mas enfim… vou!

Só que é justamente aqui que eu questiono a primeira frase escrita nesta introdução, pois, para mim, essa viagem começou há muito tempo, há 26 anos!

Quem me conhece sempre me achou ou “estranho” (pejorativo) ou “louco” (positivo) . E posso dizer, de coração, que me encaixo perfeitamente em ambas definições.

Desde que entendi que a minha vida se FAZ na medida em que coloco a disposição meus talentos para construção de projetos verdadeiros de mudanças, (em vez de dar dinheiro para grandes empresas que exploram seus funcionários ou outras que limitem a capacidade de mostrar a Verdade para quem recebe a informação) percebi que faria um caminho “diferente” dos meus colegas de profissão.

Felicidade para mim nunca foi trabalhar em uma grande emissora de TV, nem ser um grande do mundo do jornalismo impresso, da comunicação. Eu nunca quis ter muito dinheiro, nem aparecer na televisão. Para mim Jornalismo não é nada além de um SERVIÇO, algo que me faz SER e consequentemente me dá a responsabilidade perante as pessoas, ao mundo.

Por isso vou atrás dela.

Lembro-me bem da conversa com uma colega na universidade (@amanda kamanchek) que, abismada pelo meu propósito de ser jornalista na África ou no Oriente Médio, me perguntou: “Mas no Brasil já não existem pobres suficientes para ajudarmos?”“_SIM!” – respondi e acrescentei inspirado pelo sentimento que sempre guardei dentro de mim: “ mas existem situações-limites que uma realidade não pode mais reconstruir, pela incapacidade ou impossibilidade do diálogo, e somente alguém ‘de fora’, que não esteja envolvido ou marcado pela situação é capaz de gerar”.

O interessante que o escritor israelense David Grossman, ao participar do Roda Viva, justificou a dificuldade de resolução do conflito Israel-Palestina justamente no fato de que ambas as partes estão muito marcadas, o que dificulta qualquer possibilidade acordo ou de perdão.

Bom, mas acho que a minha justificativa bastou. Entendemos (eu e a Amanda) que esse desejo de deixar a própria pátria, a família, o próprio mundo, para ajudar pessoas em outras situações, realmente nasce no coração de poucos e que traduzimos com uma palavra: vocação!

Não consigo me ver FELIZ sem a busca em realizar esse objetivo e deixo-me levar até ele, não pensando como “destino final”, mas como lugar onde devo estar, atuar e logo, transformar!!

O mestrado na Itália é uma etapa importante antes disso. É a possibilidade de incrementar a excelente formação que tive na PUC-SP, com outra universidade que preza pelo estudo teórico vinculado a vida, a minha maior exigência intelectual. Não dá pra falar em jornalismo, sem FAZER jornalismo!

Mas acho que, acima de tudo, essa mudança de vida, essa nova etapa é um continuar a ser coerente com as escolhas que fiz até aqui.

O objetivo não é estar na África, no Oriente Médio, no Brasil, na Itália. O que vale aqui é a busca consciente de uma felicidade profunda, verdadeira, máxima e não um simples me contentar com a mediocridade que algumas vez acreditei poder aceitar como solução de “mínimo esforço”.

O que me levou a essa viagem, o que impulsiona minhas escolhas é que a Felicidade é diretamente proporcional ao sacrifício.

(continua…)

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