O artista

Aquele papel em branco estava ali para ser desenhado. Canetinhas entre dedos e pronto: Começava o tempo infinito para que fosse feito o desenho mais bonito possível.

As infinitas cores, os muitos acessórios poderiam ser usados da melhor maneira possível. Mas, o tempo foi passando e perdeu-se a oportunidade de colorir enquanto se demarcava o entorno do desenho.

Perdia-se tempo construindo limites para o que havia dentro e fora do papel.

Em um determinado momento olhou-se o desenho e viu-se que ele nem sequer havia começado. O centro continuava vazio e nos cantos, forte, estavam aquelas demarcações sem sentido.

Lembrando dos desenhos anteriores o artista não conseguia dar valor àquela pseudo-arte. Em seu atelier havia os mais belos desenhos possíveis. Coloridos, complexos, simples… mas ao menos tentou-se desenhar.

Inevitavelmente foi necessário jogar fora aquele desenho para recomeçá-lo ou mesmo pensar em outro tipo de manifestação artística.

Lápis coloridos em mão.

Papel em branco.

(…) ?

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1 Comment

  1. Ju(liana)

    “Embora se recorra frequentemente a emoções verdadeiras, o trabalho de um artista é fabricado e situa-se, por vezes, longe da espontaneidade, todavia, não será por isso menos genuíno. ” (concordo em partes)
    Mas,todos os artistas(vale também para sua metáfora) correm o risco de se perder ou se frustrar na criação quando se iludem pelas “grandes idéias”, “A grande cena”, “o clímax” da sua criação…e por experiência própria, é uma escolha não muito sábia e um pouco prepotente. Os grandes artistas, muitas vezes começaram com inspirações simples, que até eles mesmos pouco acreditavam que aquilo poderia tornar-se algo tão grandioso aos olhos dos outros, porém tinham a certeza que aos seus próprios olhos aquilo era de uma importância imensa e sincera. Isso não é garantia de sucesso, muitos artistas desenvolvem verdadeiros fracassos, mas não os impedem de acreditar em futuros sucessos e satisfação pessoal. Outro deslize do artista é querer ser feliz nos 15 minutos de estrelato, que é quando sua obra ganha vida diante do público, mas a felicidade do artista é muito simples, quase que loucura aos olhos dos outros….ela está mais no desenvolver, no se perder, no encontrar novos rumos, no se lançar e trabalhar para mostrar aquilo que ele tem de mais pessoal…e isso é o mais difícil…
    E o papel em branco é como o início de qualquer nova obra. Não se sabe o como se começa ou como termina, por isso não se deve ainda fazer os”contornos”.
    É preciso silêncio para escutar a Criação.
    Eu não sou muito de desenho….uma sugestão: tente dançar da próxima vez, é impossível se começar pelos contornos e é necessário confiar que mesmo se movimentando sem saber, em algum momento aparecerá um sentido para tudo.

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