Passei a noite digerindo acusações à respeito da fragilidade dos meus sentimentos.

Minha irmã me disse que isso é não ter jeito de gente, mas não recrimino, em nenhuma hipótese, o fato de me encantar facilmente pelas pessoas.

Às vezes tenho mesmo a impressão de que poderia estar e construir um relacionamento profundo com qualquer pessoa do planeta, mas sentimento não é algo tão manipulável quanto a informação.

Perguntado sobre o que minhas experiências afetivas (não foram muitas, felizmente) me trouxeram de certezas à respeito do amor, tendo em vista o que escrevi em Acreditar no amor, sem desprezar a dúvida, posso dizer que alguns aspectos foram reafirmados, mesmo com o término do meu namoro (em maio deste ano), até certo ponto fantasiado por mim, que me deu hoje uma outra concepção de Amor.

A primeira dela passa justamente pelo fato de que “o que sustenta “aquele Amor” é um outro, mais verdadeiro e concreto, pouco baseado em sentimentos pessoais, mas concreto, visando exclusivamente a felicidade do outro”. Acho mesmo importantíssimo acreditar naquilo que construímos, se esforçando para fazer ao menos bem a nossa parte, pois nem sempre as decisões pertencem a nossa “juridição” mas também dependem de quem está ao nosso lado.

Depois, o fato de que “o amor não é só um sentimento, é uma Escolha”. Essa é também uma descoberta importante. Pois não é que escolhemos QUEM amar, quem nos apaixonamos,  mas podemos escolher entre querer ou não amar. A racionalidade está justamente no fato de que o amor é um sentimento inteligente, não é cego e nem burro. Nenhuma paixão pode sobrepor-se as condições que atendem as exigências profundas de felicidade de cada um.

Entendi que a paixão é a força (divina) que nos faz ir de encontro à pessoa amada. É aquilo que faz diferenciar AQUELA pessoa das outras, mas é só, pois o amor é uma construção cotidiana, que se não for alimentada, apaga qualquer paixão.

“Quando enxergamos o amor assim, como escolha, damos um passo importante nas nossas vidas, nos nossos relacionamentos. Estamos mais prontos a acolher os defeitos e limites do outro, a respeitar as dúvidas e vive-las juntos. Não se para nos obstáculos. Mas é uma conquista cotidiana.” Talvez hoje repensaria melhor antes de formular essa frase, não por não acreditar nela, muito pelo contrário, mas são pensamentos que devem surgir naturalmente, não é possível escolher nossa paixão e sim se vamos alimentá-las ou não.

Dei-me conta nesses últimos meses, passadas (e superadas) tantas dificuldades, que é realmente importante uma profunda reciprocidade de sentimentos e um compromisso em relação ao outro. Muito é possível teorizar e concluir em cada experiência, sobretudo porque ambas nos ajudam a entender e crescer para a vida que continua.

Depois desses meses de reconstrução de mim mesmo descobri um amor muito mais simples, singelo, apascentador… uma alegria serena e também uma certa segurança e estabilidade emocional, tudo fruto de uma busca constante de ver que nada é por acaso e tudo nos leva a uma felicidade, recheada de dores, mas verdadeira.