Tag: Indonésia Page 1 of 2

29 dias no país do Tsunami – Parte40: Eu, 8 anos depois do Tsunami na Indonésia

Há quase oito anos eu estive na Indonésia 6 meses depois do trágico terremoto de 2004 e me dou conta de quanto ainda me arrepia lembrar de tudo aquilo que pude viver nas terras de um povo que ainda tentava cicatrizar as feridas que um desastre natural causa.

Tantas perguntas sem respostas, tantos porquês aclamados entre lágrimas de pais que perderam seus filhos, filhos que perderam toda a família, no sismo seguido de tsunami do oceano Indico. Antes daquele 26 de dezembro, provavelmente tantas famílias celebraram juntas seu último natal antes de serem engolidas pelas imensas ondas.

Contudo… a pergunta que me fiz ali, oito anos atrás, ainda ecoa internamente:

O que sobrou dentro de cada ser humano do planeta que foi informado dessa grande tragédia?

Mais de 230.000 vidas foram consumidas, mas o quanto refletimos como comunidade internacional sobre os nossos atos, sobre a nossa responsabilidade individual no impulsionar reações violentas da natureza?

Voltando para casa, depois dessa experiência inesquecível, permaneci em um silêncio interior de quase 2 meses.

Sentia uma grande dificuldade de me comunicar dentro de um ambiente consumista, individualista, de uma pobreza humana desesperadora. Queria voltar para a Indonésia.

Porém, encontrando um jovem franciscano da Toca de Assis, pude entender que os “meus pobres”, aqueles que eu deveria cuidar, dar de comer, lavar, não tinham necessidades materiais, mas espirituais. Essa pobreza, disse-me o jovem «toqueiro» “eu nunca poderei tentar curar”.

Aquelas palavras me trouxeram definitivamente ao jornalismo e ao desejo de tocar a humanidade das pessoas por meio da informação, para que os números exprimam a vida que se esconde por detrás deles…

Encontrar o sofrimento daquelas pessoas e a paradoxal dignidade, a vontade de viver, mesmo diante das adversidades, me serve ainda hoje como impulso a não me limitar as vicissitudes de uma vida medíocre, baseada em sonhos materiais. Já naquele momento, ser «fraterno» era antes de tudo procurar fazer da minha existência, dos meus talentos, serviço aos mais necessitados, de pão e de Deus.

29 dias no país do Tsunami – Parte 36: Em Banda Aceh

Acordar cedo faz parte da rotina, mas hoje realmente acordamos MUITO CEDO para participar de uma cerimônia em uma pequena vila destruída pelo Tsunami, onde a AMU (Azione Mondo Unito) – Ong que nos trouxe à Indonésia para trabalhar -, ajudou a construir barcos para pesca.

Ali, depois da celebração, comemos arros doce e cocada no café da manhã e logo em seguida uma parte do grupo voltou pra Medan, capital da grande ilha de Sumatra, enquanto eu e o Leonardo ficamos com o Nicolas, Jean Paul, Lambok e um outro indonésio, além de Evy, uma jovem muçulmana de Banda Aceh. Junto deles fomos visitar outras vilas onde eles haviam prometido, quando fosse possível, prover algum tipo de ajuda.

Durante a viagem pude ver lugares realmente destruídos. É muito difícil descrever aquilo que o Tsunami fez… o mar engoliu as praias, dividiu montanhas… Inesquecível.

Almoçamos no caminho e como sobremesa comemos uma “jack fruit” (Jaca) fedida mas muito boa.

Passeamos mais um pouco, fomos à missa e a noite com Evy fomos jantar. Comida deliciosa e depois outra experiência nova: café com um moído de marijuana… estranho e delicioso.

Fiquei feliz de poder conhecer melhor Evy. Uma jovem simpática, divertida… Interessante que, mesmo sendo uma dezena de anos mais velha, não colou obstáculos para que pudéssemos construir um bom relacionamento com ela.

Forte a sua experiência pessoal quando o Tsunami arrasou com a sua cidade, destruiu a universidade e matou grande parte dos seus amigos.

Evy nos contou que passou semanas jogando pessoas mortas no riacho, pois o governo se viu impossibilitado em reconhecer todos os corpos. O cheiro “azedo” de cadáver que ainda se sentia 6 meses depois do Tsunami, me fez imaginar como seria a situação nos dias posteriores às ondas gigantes.

_ Como vocês conseguiam comer com esse fedor insuportável de cadáver? – perguntei inocentemente à minha amiga muçulmana.

_ Não sei explicar. Nesses momentos vivemos quase de maneira inconsciente. Eu só pensava que já haviam muitas pessoas mortas e se eu não comesse algo, me juntaria a elas, o que não ajudaria muito. – respondeu-me com uma simplicidade assustadora, decretando logo em seguida o fim da janta.

Voltando para casa depois desse dia maravilhoso fui dormir imediatamente, procurando me preparar físico-psicologicamente para a longa viagem que faremos amanhã.

29 dias no país do Tsunami- Parte 15

Depois de esperar um pouco, entramos no navio que nos levaria a Nias. Não poderíamos esperar um lugar tão bom.

O navio, no inicio parecia estranha, superlotada, perigosa, mas quando entramos no nosso quarto, quase não acreditávamos: duas camas (com colchão) maravilhosas. O “miltiplo” (mil vezes recompensável) depois de uma viagem de carro tão cansativa.
Chegando em Nias...
Chegando em Nias…

Fomos imediatamente descansar e ali ficamos até hoje cedo, quando finalmente chegamos em Nias.

Uma visão fantástica…. a praia… tudo. Parecia que estávamos chegando em um pequeno paraíso.
Vista matinal do alojamento das irmãs franciscanas
Vista do alojamento das irmãs franciscanas
Fomos para os nossos alojamentos. Uma bela casa de irmãs franciscanas que acolhem todos os voluntários que vêm à ilha. O quarto é maravilhoso e a visão inesquecível.

Tomamos banho (aos moldes indonésios) e depois fomos conhecer a cidade.

Impressionante.

Não acreditava naquilo que meus olhos viam. Uma cidade toda destruída pelos terremotos. Casas, escolas, tudo “no chão” o parcialmente arrasado.

Primeiro contato com a destruição

Primeiro contato com a destruição

Foi o meu primeiro contato com a destruição daquele país e me veio uma grande tristeza pensar quais perspectivas teriam os sobreviventes num lugar extremamente pobre como aquele e me dou conta do quanto terei que trabalhar aqui.

Voltando para os alojamentos fico pensando no que vi, enquanto espero o almoço.

29 dias no país do Tsunami – Parte 7: Passeio em Singapura

Jovens do Movimento dos Focolares de Singapura, Malásia e nós

Jovens do Movimento dos Focolares de Singapura, Malásia e nós

Fiquei impressionado com a quantidade de verde nas ruas principais que nos levaram para o centro de Singapura. Outra coisa que me deixou surpreso foi a quantidade de prédios, que acolhem quase toda a população local.

A casa de Ako é uma casa grande, mas muito simples e imediatamente me senti bem, como se fizesse parte da mesma família.

Organizamos-nos e decidi tomar um bom banho, pois a noite vamos na casa do meu amigo David (que morou comigo por um mês na Suíça e ainda estava na Europa). Antes disso, conversamos um pouco com os dois participantes do Movimento que nos buscaram no aeroporto.

Por meia hora eles nos contaram um pouco do que tinham visto na Indonésia. Existia muita dor nos seus olhares, mas fizeram questão de dizer que esta é uma experiência inesquecível. Um dos dois, um senhor de uns 50 anos, me deixou impressionado pelo sofrimento de não ter saúde suficiente para estar lá ajudando…

Depois disso, fomos a casa do David para nos reunirmos com a comunidade. Contei uma experiência minha sobre a Fé e o amor de Deus por nós. Quantas vezes vivemos inconscientemente sem se dar conta das inúmeras “providências” que nos ajudam nos momentos de dificuldade?

Ago também contou a sua experiência de vida e terminamos com uma oração em grupo. Logo em seguida, a comunidade nos ofereceu uma deliciosa janta oriental. Sushi, Yakisoba, tudo delicioso.

Os pais de David me mostraram o seu quarto e eu fiz questão de deixar um bilhete para que ele soubesse, quando voltasse da Suíça, que eu tinha estado ali.

Durante a reunião senti que era uma oportunidade de nos prepararmos espiritualmente para a viagem à Indonésia e sentir que estaríamos ali também como representantes da comunidade de Singapura.

(…)

Poderia terminar esse primeiro dia de viagem com uma frase de Ago: “É verdade! Em qualquer lugar que vamos, saboreamos o sentimento de pertencer a uma grande família. Isso é o Ideal (O Movimento dos Focolares é também conhecido como Ideal da Unidade).

29 dias no país do Tsunami – Parte 6: Voando para Singapura

Vista "aérea" de Singapura

Vista “aérea” de Singapura

Após aterrissar em Frankfurt decolamos em direção a Singapura as 22:40h. A partir de agora são onze horas de vôo.

Ao meu lado, no avião, está um casal de australianos. Hoje pensei em escrever uma história que ilustrasse um pouco o caminho realizado até essa viagem. Teria tanta coisa legal para dizer, mas decidi fazer uma retrospectiva dessa minha experiência aqui na Europa.

Lembro-me como se fosse ontem daquele 16 de dezembro de 2003. No aeroporto a minha família, os amigos do Movimento, a família de Fernando (amigo que viajou comigo) e a minha ex namorada Camila.

Estava muito contente, afinal de contas, tinha esperado muito por aquela viagem que, mesmo tendo que deixar TUDO (pais, amigos, namorada…), não conseguia me sentir triste.

Emocionei-me somente quando eu tive que me despedir da minha mãe. Não queria deixá-la “sozinha”.

Então, enquanto entravamos para o saguão de embarque, conhecemos outras jovens do Movimento que foram fazer uma experiência parecida com a minha, só que em Loppiano, cidade piloto do Movimento dos Focolares, em Incisa, na região da Toscana, na Itália.

Amaryllis, Ana Paula, Érica e Gabriela tornaram-se de imediato nossas amigas. Tudo era especial, novo. Assim fomos juntos para começar uma grande aventura.

(…)

Bem… São 18:37, hora local. Chegamos muito bem em Singapura depois da longa viagem. O tempo aqui é bem quente, mesmo tendo saído do verão romano.

Assim que saímos do aeroporto encontramos AKO (então responsável pelo Movimento dos Focolares no Sudoeste Asiático) e dois participantes do Movimento no país.

Sentimos-nos imediatamente em casa depois da calorosa acolhida. Nesse momento começava também as experiências gastronômicas do outro lado do mundo. Foi-nos oferecido deliciosos doces locais. Uma espécie de sorvete com frutas, feijão, milho… Bem estranhos, mas bons.

Depois nos dividimos nos carros e fomos em direção a casa de Ako.

Page 1 of 2

Powered by WordPress & Theme by Anders Norén