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Uma semana para mudar o mundo – Revista Cidade Nova – outubro 2006

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Por Valter Hugo Muniz

Do dia 16 ao dia 22 deste mês se realizará a Semana Mundo Unido. Jovens de todo o mundo estão programando diversas iniciativas com o objetivo de mostrar que a paz, a solidariedade, a fraternidade podem ser construídos e cultivados a partir de nossas cidades

Explode a guerra no Lí­bano. A morte de civis, a intolerância e os atos terroristas parecem di-recionar o país a rumos catastróficos. Os números oficiais di­zem que os ataques já mataram qua­se duzentas crianças até o início de setembro e elas já contabilizam um terço dos feridos no conflito.

Enquanto o mundo dirige suas atenções para o Oriente Médio, na África as mulheres ainda lutam por uma vida melhor, quase sempre utó­pica, pois a falta de credibilidade nos governantes é evidente. Em uma pesquisa feita pela BBC, televisão inglesa, percebe-se que a situação da mulher africana é mascarada. Elas ainda sofrem muito com a violência, sobretudo a doméstica.

Na Europa, o descontentamento de jovens que habitam nas perife­rias das cidades francesas tem gera­do fortes conflitos com a sociedade. E poderíamos continuar a relação de fatos que demonstram a situação atual do mundo segundo a leitura da mídia.

Contudo, não é preciso ir muito longe para se dar conta da violência, da intolerância e da guerra que pa­recem infindáveis em todo o planeta. Os ataques de grupos criminosos em São Paulo, os conflitos nas favelas do Rio de Janeiro, sequestros, vandalis­mo e manifestações de intolerância de todo tipo, são problemas que têm feito cada vez mais parte do cotidia-no de todos.

Em meio a toda esta balbúrdia é possível acreditar em um mundo melhor? É utópico demais pensar na paz?

Um desafio aos jovens

Em 1995, Chiara Lubich, funda­dora do Movimento dos Focolares, falando para milhares de jovens de todo o mundo que se reuniam em Roma, convidou-os a não se deixa­rem intimidar pelos sinais de ódio e de violência que marcam o nosso tempo e lançou uma proposta ori­ginal: a realização de uma “Semana Mundo Unido”. Com essa proposta, Chiara confiava aos jovens a difusão de uma cultura de paz e de fraterni­dade baseada em relacionamentos de convivência pacífica e de enriqueci­mento recíproco entre os povos e as culturas, no respeito à dignidade de cada ser humano e à identidade de cada povo ou comunidade.

“Uma proposta para todos nós, para os jovens do mundo inteiro, para as instituições nacionais e internacio­nais, públicas e privadas, para todos; uma proposta, ou melhor, um com­promisso: um encontro marcado com a Semana Mundo Unido. O objetivo? Evidenciar e valorizar as iniciativas que promovem a unidade, em todos os níveis”, explicou Chiara.

A proposta de Chiara teve a ade­são imediata de jovens de todo o mundo pertencentes ao Movimen­to Jovens por um Mundo Unido (MJMU, expressão do Movimento dos Focolares) que engloba jovens de diversas raças e nacionalidades, pertencentes às principais Igrejas, mas também de outras religiões e culturas que não professam um cre­do religioso. E já em 1996 despon­taram iniciativas em todo o mundo — cinefóruns, manifestações públicas pela paz, divulgação na mídia, inicia­tivas sociais — que tinham o objetivo de chamar a atenção da opinião pú­blica para os ideais de paz e de fra­ternidade.

Um momento fundamental da SMU – no seu início ou na sua conclusão – é a conexão telefó­nica que coloca em comunicação simultânea os jovens do MJMU de diversos países para uma troca de experiências sobre as iniciativas empreendidas por eles ou para uma comunicação direta com jovens de países em guerra ou que sofreram alguma catástrofe natural. Também Chiara Lubich participa da conexão com uma mensagem que, em geral, leva os jovens a olharem o mundo e os acontecimentos sob o prisma da fraternidade e da unidade entre os homens.

Trabalhando pelo mundo unido

A primeira edição da Semana Mundo Unido já contou com a participação de 80 cidades nos cinco continentes. Do Peru à Coreia do Sul, da Finlândia à África do Sul, os jovens se mobilizaram em iniciativas originais e muito concretas.

Na SMU de 1998, representan­tes do Movimento Jovens por um Mundo Unido dos Estados Unidos levaram ao secretário-geral da ONU um documento elaborado com a ajuda dos jovens do Iraque em favor da unidade entre os povos.

Em 2002, os jovens do Oriente Médio desenvolveram diversas ini­ciativas para renovar na população a esperança e a fé no mundo uni­do e na fraternidade universal. No Líbano, por exemplo, eles anuncia­ram a proposta do mundo unido nas praças, com concertos e outras manifestações artísticas. Além disso, eles recolheram uma grande quanti­dade de alimentos em frente aos seis maiores supermercados de Beirute, que depois foram distribuídos para 100 famílias carentes.

No ano passado, quando a SMU completou seus 10 anos, as atividades se alastraram por todo o mundo. Na Tanzânia, país da Áfri­ca subsaariana, 42 Jovens por um Mundo Unido construíram duas cabanas com barro e palha, para dois refugiados idosos que não ti­nham um lugar para ficar. Foram também às duas escolas de ensino médio do campo de refugiados para partilhar as experiências feitas pelos Jovens por um Mundo Uni­do de seu país.

A Semana Mundo Unido des­te ano se realizará do dia 16 ao dia 22 de Outubro e terá como lema: “Mundo Unido: comece pela sua cidade”. Diversas ações estão sendo programadas em muitos países, pro­curando agora, mais do que tudo, mostrar que a paz, a solidariedade, a fraternidade, todos os valores que parecem estar perdidos, devem ser construídos e cultivados nos nossos ambientes, em família, na escola, no trabalho, com os amigos, a partir de nossas cidades.

Agenda Mundo Unido

Uma pequena agenda com pensa­mentos para serem concretizados a cada dia durante a SMU foi uma das ideias que os jovens tiveram para dis­seminar a proposta de fraternidade as­sumida por eles.

Seguem abaixo os textos da Agenda para serem refletidos e vividos a cada dia da Semana Mundo Unido.

SEGUNDA-FEIRA

Uma cidade… SOLIDÁRIA “A diferença entre o que fazemos e o que somos capazes de fazer seria sufi­ciente para resolver a maioria dos pro­blemas do mundo.” (Mahatma Gandhi)

Relato de uma cidade

“Sou artista plástica e sempre me incomodou a diferença social que existe na minha cidade. Decidi me aproximar de uma comunidade carente onde as pessoas moravam em casas de tábuas e papelão. Depois de 25 anos de trabalho ali, junto com os moradores, foi possível substituir e reformar 84 casas em regi­me de mutirão. Hoje também já existem muitos outros trabalhos em prol dessa comunidade.” (A.R. – São Paulo)

TERÇA-FEIRA

Uma cidade… FRATERNA

“Épreciso amar a todos, simpáticos e antipáticos, pobres e ricos, da nossa pá­tria ou de outra, amigos ou inimigos.” (Chiara Lubich)

Relato de uma cidade

“Sou libanesa e trabalho na recep­ção de um hospital em Beirute. Um dia chegou um palestino com um parente doente em estado grave. Sua origem palestina seria suficiente para que eu me recusasse a atendê-lo, porque venho de um vilarejo que foi totalmente quei­mado por eles. Procurei superar o ódio e o rancor que tinha dentro de mim e ajudá-lo. Críamos uma amizade que foi muito além do período de convalescen­ça de seu parente e envolveu também nossas famílias”. (H.N. – Líbano)

QUARTA-FEIRA

Uma cidade… DE PAZ “O amor é a única força capaz de transformar um inimigo em amigo.”

(Martin Luther King)

Relato de uma cidade

“Dois meninos estavam brigando na escola. Eu os separei e sugeri que fizes­sem as pazes, mas eles não quiseram. Mais tarde, um deles estava no pátio e foi procurar o outro. Chamei-o para dar uma volta, fazendo com que nos encon­trássemos ‘por acaso’. Eles se deram as mãos e voltaram a ser amigos.”

(R., sete anos – Venezuela)

QUINTA-FEIRA

Uma cidade… QUE ACOLHE “Podemos nos contentar com o bem de um só indivíduo, mas é muito me­lhor e mais divino o bem da inteira co­munidade. ” (Aristóteles)

Relato de uma cidade

“Na esquina, perto de casa, tem um cruzamento movimentado que não tinha sinalização adequada. Por isso aconteciam muitos acidentes. Como cidadã, deveria fazer alguma coisa e resolvi buscar ajuda dos órgãos compe­tentes. Depois de muita insistência foi colocada nessa esquina uma rotatória e os acidentes diminuíram bastante.”

(C.P. – Ribeirão Preto, SP)

SEXTA-FEIRA

Uma cidade… DE ESPERANÇA “Aprendi que um homem só tem o direito de olhar um outro de cima para baixo se for para ajudá-lo a levantar-se.” (Gabriel Garcia Marques)

Relato de uma cidade

“Sempre fiquei inquieto ao ver jo­vens entregues às drogas pelas ruas de minha cidade. Então, tive uma ideia: ajudá-los a ter uma esperança e desen­volver alguma atividade que os ajudasse a deixar o vício. Comecei a ensiná-los a fazer pulseirínhas. Hoje sou um dos res­ponsáveis pela Fazenda da Esperança, um lugar de recuperação de dependentes químicos que tem como base de tratamento o exercido de sair de si, amando quem está ao redor.”

(N. – Guaratinguetá, SP)

SÁBADO

Uma cidade… TRANSFORMADORA “…Olhe bem, veja: o mais im­portante e bonito do mundo é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas -mas que elas vão sempre mudando.” (João Guimarães Rosa)

Relato de uma cidade

“Há seis anos mudei de cidade e quando cheguei ao terminal rodoviá­rio percebi que não havia uma escada rolante que ajudasse os passageiros idosos e deficientes. Exercendo meu direito de cidadão em favor do bem comum, fiz várias solicitações à admi­nistração do terminal, pedindo provi­dências. Depois de mais de um ano, foi instalada uma escada rolante que, por muitos meses, ficou sem funcio­nar. Voltei a solicitar providências e a escada logo começou a operar e contí­nua funcionando até hoje.”

(E. – Rio de Janeiro)

DOMINGO

Uma cidade… JUSTA

“(…) a liberdade e a responsabi­lidade caminham juntas. A verdadeira liberdade demonstra-se na responsa­bilidade, num modo de agir que assu­me sobre si a co-responsabilidade pelo mundo, por si mesmo e pelos outros.” , (Bento XVI)

Relato de uma cidade

“Um dia perdi meu celular, e meus amigos, sabendo que eu tinha seguro, tentaram me convencer afazer um bole­tim de ocorrendo informando que tinha sido roubado, de modo a conseguir um novo aparelho gratuitamente. Minha consciência me mandava ser coerente e não fiz o boletim. Alguns dias depois uma senhora me telefonou dizendo que havia encontrado meu celular.”

(A.M. – São Paulo)

Recuperação: A experiência da Fazenda da Esperança


Recuperação

Fonte: Dicionário Houaiss

Acepções
■ substantivo feminino
1 ato ou efeito de recuperar(-se); recobramento
1.1 reconquista da saúde, do bem-estar
Ex.: deixou o hospital e está em plena r.
2 volta à vida normal, ao ambiente social ou de trabalho
Ex.: o acompanhamento psiquiátrico foi fundamental para sua r.
3 Rubrica: termo jurídico.
ato por meio do qual alguém é reintegrado na posse de algo que lhe tenha sido retirado
4 Rubrica: pedagogia. Regionalismo: Brasil.
período de estudo (de um reprovado) em que se prepara para prestar uma segunda prova que o capacite a passar para o grau acadêmico seguinte
Ex.: ficou em r. em duas matérias
5 Derivação: por metonímia. Rubrica: pedagogia. Regionalismo: Brasil.
a prova realizada no final desse período de estudo

No meu segundo dia no Seminário Internacional de Educação e Prevenção ao uso de Drogas e à Violência senti a curiosidade de entender o significado da palavra “recuperação”, justamente por estar em um local em que ela faz muito sentido e pela relação direta com a pratica educativa, muito discutida no Seminário.

Entre as acepções apresentadas no Dicionário Houaiss, a que mais me interessou foi o termo jurídico: “ato por meio do qual alguém é reintegrado na posse de algo que lhe tenha sido retirado”.

Seria ingênuo pensar que somente a dignidade dos jovens que se recuperam aqui na Fazenda é algo que lhes foi retirada. Eles também perderam famílias, saúde, mas não são eles os únicos “enfermos”, só eles que necessitam de tratamento.

Estamos todos doentes, porque a sociedade está doente há muitos anos. E essa enfermidade não só nos privou de direitos básicos: saúde, educação, segurança, alimentação, mas principalmente tornou-nos cidadãos esquizofrênicos, ao ponto de olharmos para nossos iguais, TODOS OS DIAS, e sermos capazes de desviar o olhar, fechar o vidro do carro, mudar de canal.

Perdemos a capacidade de nos sensibilizar e aprendemos a fazer da dimensão dessa tragédia social desculpa esfarrapada para o nosso comodismo.

Dois dias entre educadores e desfrutando da atmosfera da Fazenda da Esperança me fizeram chegar a uma simples conclusão: EU TAMBÉM PRECISO ME RECUPERAR!

A vivência aqui entre marginalizados pela sociedade e profissionais que tentam de alguma forma transformar trabalhos “solo” em uma potente orquestra, grito emergencial para a conversão do cenário sociopolítico que nos encontramos, me fez pensar em conceitos, como o que intitula essa minha reflexão.

Se não procuramos “reintegrar” a nossa visão a respeito da dignidade, da sensibilidade e da necessidade de transformar SOCIEDADE e a nós mesmos parecerá hipocrisia consideramo-nos mais capazes do que qualquer pessoa, marginalizada ou não, do convívio social.

Aqui, ontem, no “momento mais importante do dia”, como disse um dos “recuperandos”, pude sentir a potência do que é o “amor ao próximo”, a fraternidade, que aqui adquire outra dimensão, profundidade.

“O Senhor operou maravilhas por nós” era a canção que concluía o momento de adoração daqueles jovens, com as mais inacreditáveis histórias, de todo o país e de outros lugares do mundo. A potência assustadora daquelas vozes entrou pelos meus ouvidos e me transformou.

Sim – pensei. Para mim também o “tal” Senhor operou maravilhas. Deu-me saúde, formação e sensibilidade para perceber que ainda existem profissionais preocupados com a ESPERANÇA, verdadeiro motor das transformações, realidade instigadora, provocadora.

Ter esperança hoje é beirar a loucura, digna de recuperação. Mais devo admitir que, no fundo, depois de entender aqui, “na carne”, o significado dessa palavra, até preferiria ficar mais uns dias para me tratar. Todos deveríamos.

O sol nasce para todos

Ao entrar na região onde está localizada a Fazenda da Esperança, no interior de São Paulo, não é difícil maravilhar-se com a natureza que presenteia voluntários, recuperandos e visitantes do lugar.

A indiscrição em relação às maravilhas da fauna e flora local pode ser percebida em outros âmbitos e eu pude colhê-la especialmente nos olhos de Mônica.

Com provavelmente 20 anos, “Moniquinha”, como é chamada pelo pessoal da Fazenda, é uma garota realmente bonita. Com traços finos, lábios delineados, sorriso incrível, mas nada comparado ao seu olhar profundo, quase hipnotizante.

Percebê-la em meio às 120 recuperandas que habitam no centro feminino não é tão difícil, pelos motivos descritos acima, mas esse é o único aspecto que à diferencia das suas “irmãs”.

Gêmea, doada à avó porque a mãe não tinha condições de criá-la, Monica viveu em um ambiente hostil até presenciar o homicídio de um familiar e logo em seguida ser enviada a um orfanato, onde conheceu a droga com 9 anos, fato que a levou logo à rua.

“Para conseguir a droga roubava, me prostituía e com 12 anos estava completamente dominada. Já havia tentado me suicidar 2 vezes”

Sim… ouvir depoimentos chocantes (pois aqui não estão descritos detalhadamente aquilo que Monica disse) não é algo raro em um espaço de recuperação de doentes, mas não sei, ver a felicidade no olhar e no sorriso de Monica me incomodou, me comoveu.

Depois de ser cúmplice de um homicídio, ir para a Fundação Casa e sofrer uma segunda e quase mortal overdose, Monica se viu no hospital em que trabalhavam algumas religiosas, diante de algumas opções: Fugir e morrer no tráfico, voltar para a detenção, morrer de overdose ou mudar de vida. Inteligentemente a jovem escolheu a última e assim conheceu a Fazenda da Esperança.

Diante desse espaço harmonioso, com casas lindas, construções de encher os olhos, com fartura e, sobretudo, beleza, Monica descobriu o valor da sua vida, o sentido da palavra “dignidade” e depois de uma forte experiência, se recuperou e hoje é uma das coordenadoras da casa que abriga outras meninas.

Claro, contada assim, como são as narrativas romanceadas, parece um filme, com final feliz e tudo mais. Mas não… ali as experiências negativas foram feitas. Abusos, atrocidades, que revelam a miséria do ser humano.

Será que essas experiências podem ser evitadas? Prevenidas? Ou diminuídas?

Aqui tenho entendido o poder e a importâncias dos trabalhos sociais, verdadeiros “salvadores” de uma sociedade que não tem o amparo e os direitos básicos supridos, muito graças ao descaso dos líderes políticos.

Por outro lado, entendi também que a educação tem um papel estratégico nesse processo! É a partir dela que é possível “resignificar” traumas, apresentar, por meio do conhecimento e da convivência social, o “outro” e assim permitir novas escolhas, que amenizem a busca de sentido para vida por meio de caminhos equivocados.

Só consegui ter a alma tranquila quando me levantei hoje cedo e vi as nuvens tocarem a região montanhosa em que me encontro. De novo a certeza do belo que existe na vida, na natureza, nas relações, no ser humano.

Novamente me veio na cabeça o sorriso de Monica, a sua felicidade HOJE, e a certeza de que, como esse fenômeno maravilhoso que presenciei de manhã cedo, o sol nasce pra todos.

Ginetta Cagliari: Uma vida pelo Ideal da Unidade – Sandra Ferreira Ribeiro

Ginetta não é só a minha mãe espiritual, é também biológica.

Sim!

Com certeza, se essa mulher fantástica não deixasse a singela Trento, no norte da Itália, para se aventurar nas terras tropicais do Brasil, eu nunca estaria aqui escrevendo sobre nada, nem ninguém.

Foi por meio de Chiara Lubich e o Ideal da Unidade, concretizado pela presença viva do Movimento dos Focolares como instituição de caráter religioso, que meus pais puderam se encontrar.

Um retiro espiritual para toda a comunidade, a tal MARIApolis, levou meus pais a se conhecerem, se apaixonarem e se casarem.

Quem lê essa biografia sobre Ginetta, sinceramente, vai encontrar muita insanidade no que diz respeito aos escrúpulos humanos. Ela não raciocinava, se lançava, amava e por isso, conquistou tanta gente.

Encontrei-me com esse livro em mãos justamente em um momento particular de escolha radical entre ser FELIZ ou buscar a MÁXIMA FELICIDADE. A singularidade da vida, o radicalismo de Ginetta, me fizeram perceber que não é possível se contentar com o bom, é TUDO ou NADA.

Entendi também que os sonhos mais insanos, mais impossíveis, se são fruto do desejo divino, se concretizam. Isso eu pude experimentar diversas vezes na minha vida, de maneira concreta.

Falar de santidade vai parecer “carolisse”, coisa de beato de igreja, realmente percebo que são rotulações de quem tem medo de se descobrir VAZIO.

A busca de práticas religiosas cotidianas, da vida em comunidade, da oração e contemplação do mundo, contrasta de maneira gritante com o frênesis contemporâneo. Nietzsche diz que Deus está morto, mas o que realmente vai morrendo, sempre mais, é esse desejo interior profundo de buscar A MÁXIMA FELICIDADE, que para o cristão se traduz em um termo forte: SANTIDADE.

Sim, é possivel ser um SANTO MODERNO, que não é aquele estigma do perfeito, do certo, do intocável. A santidade é uma batalha, cotidiana, cheia de erros, acertos, é uma busca constante e insaciável nesta terra.

Ginetta pra mim, que pude conviver “de perto”, é essa possibilidade realizada. É alguém que não parou nos próprios limites, mas buscou o divino, deixando o “impossível” para quem pode se ocupar dele.

Enfim, tudo o que sou, que penso, que faço tem raiz nesse amor…

Será que posso esperar menos? Desejar menos?

Tudo ou Nada…

Ainda bem que não estou sozinho.

50 anos dos Focolares no Brasil – O que estamos comemorando?

focolare brasilHá 50 anos alguns jovens desembarcavam no Brasil para uma maravilhosa loucura. Quem, em sã consciência, deixaria pais, trabalho, pátria, para seguir um Deus que se manifestava em uma jovem sem instrução, sem títulos acadêmicos, sem reconhecimento teológico?

É aqui o limite entre a Obra de Deus e aquilo que nós, seres humanos, podemos fazer.

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Ginetta, Marco, Fede, Rino, Violetta sabiam disso. Não estavam deixando para trás suas vidas para seguirem somente uma grande mulher como Chiara Lubich, mas eram guiados por um Deus ainda misterioso, mas que se manifestava na medida em que caminhavam “senza guardare indietro” (sem olhar para trás) e não com explicações racionais.

Depois deles, muitos foram conquistados por esse Deus que se apresentava “vestido” do Ideal da Unidade. Dezenas, centenas e milhares.

Passados 50 anos, estamos reunidos para festejar o que?

  • A coragem dos precursores desse Ideal que se encarnou em nossa cultura tupiniquim.
  • Dos jovens que deixaram tudo, para continuar a fazer ressoar esse grito celeste, emitido em alto em bom som por Chiara.
  • A fidelidade “a risca” daqueles que sabiam que o Ideal só continha Deus, se vivido de maneira pura.
Encontro dos internos do Movimento - 1998

Encontro dos internos do Movimento – 1998

 Há 11 anos festejávamos juntos a vinda de Chiara. Éramos também milhares, de todo o Brasil, mas a nossa “mãe espiritual” não apareceu.

Esse foi também exemplo concreto da maneira como Deus quis que se encarnasse o Ideal no Brasil. Juntos, sem a presença física de Chiara, tivemos que construir e entender que é da Unidade que vem a Luz para caminhar e levar Deus em toda a parte.

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Mas, hoje, também estamos comemorando a alegria de, por meio do SIM de Chiara, muitos de nós termos nascidos (física ou espiritualmente) e assim, essa presença “particular” de Deus ter permanecido por 50 anos no Brasil.

Comemoramos um Ideal que vive! Um passado que é presente e um presente que, enquanto amarmos, será futuro!

Talvez alguma incompreensão exista, fruto da nossa humanidade, imperfeição, pequenez, mas é dela que Deus se fez homem, é por ela que o Ideal nasceu.

Nessa “festa de família” também cabem muitos pedidos de desculpas, recomeços, por conta da nossa falta de caridade, irresponsabilidade, descuido, por tantos e tantas que, em algum momento, não sentiram essa presença pura de Deus.

Começa agora uma nova fase do Movimento dos Focolares no Brasil. Uma era pós fundação que depende muito mais de mim, de você, de nós. O Ideal não vai sobreviver sem Jesus no Meio, sem uma comunidade (família) viva.

Uma responsabilidade. A chance de continuar levar no mundo a presença de Deus, por meio do Ideal de Chiara.

PARABÉNS PRA VOCÊ,
NESSA DATA QUERIDA,
MUITAS FELICIDADES
E MUITOS ANOS DE VIDA!

www.50anos.focolares.org.br
Twitter: www.twitter.com/focolares

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