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Carta aberta aos jovens participantes do Genfest 2018

Queridos jovens,

Muitos de vocês já devem estar a caminho ou até já chegaram nas Filipinas para mais um Genfest. Essa grande festa dos jovens do Movimentos dos Focolares é historicamente um dos momentos mais celebrados e globalmente vividos pelos membros da Obra de Maria. Ainda mais este Genfest, o primeiro fora do continente europeu.

Eu, como vocês, me considero membro da “Geração Nova” mesmo se o tempo e as experiências que vivi (e os cabelos brancos acumulados no processo), já não me permitam dizer que sou tão jovem.

Entretanto, eu também tive o privilégio de viver essa experiência de doação permanente que vocês são convidados. Pude me maravilhar com as alegrias que as escolhas relacionadas à pureza, ao desapego, à abertura e principalmente à radicalidade nos faz sentir. Tive crises de fé, decepções com Focolarinos (lembrem-se de que eles são seres humanos), sofri com a rigidez da estrutura da Obra e não poucas vezes me perguntei se a o Movimento era mesmo o meu lugar.

O mais interessante é que tudo isso, sentimentos bons e ruins, e até mesmos os relacionamentos, passaram ao longo do tempo. A única coisa que ficou e que está viva em mim até hoje é a certeza de que não posso me contentar com migalhas, porque tenho uma vida só e que por consequência, preciso vivê-la bem.

Nos próximos dias vocês experimentarão na própria pele a certeza de que um mundo unido é possível. Encontrarão gente de todas as partes do planeta, farão novos amigos e perceberão que tem muita gente que acredita nessa “loucura da unidade” e que vive intensamente para concretizá-la no dia-a-dia. O risco, porém, é vocês não conseguirem construir uma ponte entre o que vão viver e o contexto onde vocês estão inseridos. O entusiasmo dessa experiência talvez faça com que não queiram voltar para o difícil mundo onde a unidade, a paz e as pontes ainda precisam de vocês para construí-las.

Vivam intensamente cada segundo dessa experiência para que fique uma marca em suas almas. Lá na frente, talvez vocês vão perceber que esses momentos de grande entusiamo nos ajudam a continuar fazendo as escolhas, as renúncias e os sacrifícios certos.

Com vocês, revivo as minhas esperanças de que juntos podemos escrever uma nova história e honrar o convite à unidade que herdamos de Chiara Lubich. Boa Festa

Giuseppe Zanghì

Ao mestre Giuseppe Zanghì

Giuseppe Zanghì Giuseppe Zanghì

Encontrar Giuseppe Zanghì não foi uma experiência trivial. O homem cuja especialidade era transformar inspirações em teorias tinha mesmo uma luz diferente.

Sua presença expansiva transparecia, para mim, uma certa “impaciência”, perceptível em todos aqueles que vivem aqui, mas com a alma “là na frente”.

Uma lembrança de Giuseppe Zanghì

Uma vez, logo depois de uma conferência feita para os adolescentes dos Focolares em 2005, tive o privilégio de presenciar o encontro dele com dois  expectadores que, curiosos, queriam uma resposta as suas angústias em relação à vida.

“Entendo o que você esta querendo me perguntar, mas acho que é preciso que aprendamos a ir no mais profundo da nossa existência. Sabe aquele lugar, lá dentro de nós? Então, mais profundo ainda. Só assim podemos descobrir aonde estar a verdadeira felicidade”.

Não sei se essas foram as palavras literais de Zanghì, mas a tal “sede de profundidade” acabou me contagiando e acompanhando por muito tempo, até finalmente me levar ao Instituto Universitario Sophia. Lá, diante daquele audacioso projeto de “vida e estudo”, pude colher alguns dos incomensuráveis frutos da vida e das sínteses intelectuais desse grande mestre.

Giuseppe ZanghìCom 85 anos, Peppuccio – como era conhecido entre as pessoas do Focolares – se foi, deixando um patrimônio de leituras que aproximam “Céu” e “Terra”. Em mim, a gostosa lembrança de um “fratello” cheio de uma “santa” teimosia, alegria, além do sorriso de um verdadeiro “menino de Deus”.

A santidade pelos olhos agnósticos

chiara-luce-badano

Santidade. Para mim, que sou católico, é já difícil entendê-la conceitualmente, mas imagine para alguém que se nega a aceitar a existência de um Ser transcendente? Claro que, quando consideramos “figurinhas carimbadas” como Agostinho de Hipona, Tomás de Aquino, Francisco de Assis e, nos tempos de hoje, Madre Teresa de Calcutá e Karol Wojtyła, parece ficar um pouco mais fácil “acreditar” que existem pessoas especiais que, com seu testemunho de vida, transformaram a sociedade/comunidade em que estavam inseridos.

Infelizmente, hoje a santidade é ignorada por ser um conceito essencialmente religioso; por ser interpretada como um tipo de fanatismo idealista em relação a uma determinada pessoa; por ser vista como crença ingênua, irracional, de que, pedindo (rezando) para “intercessores” as situações – principalmente ruins – podem mudar.

Essa visão – ou essas visões – limitada do significado de santidade acaba ocultando aquilo de mais “gritante” que os santos carregam para todos, independentemente do credo ou mesmo na ausência dele: a radicalidade e coerência de vida, baseadas naquilo que se acredita ser bom, não só para si ou para um grupo restrito, fechado, mas para toda a sociedade. Viver dessa forma é tão difícil quanto possível e a história da jovem italiana Chiara Badano, contada pelo agnóstico Franz Coriasco, é um exemplo incontestável de “modernização” da santidade.

Francisco de Assis, Madre Teresa e Chiara Badano “se encontram” na mesma radicalidade e coerência; na mesma simplicidade e existência direcionada aos outros; sendo, contudo, cada um deles, “senhores do próprio tempo”.  Chiara, por exemplo, usava calça jeans, gostava de esportes, não era dotada de inteligência ou beleza notável, não era alguém “especial” que se destacava pelo que se poderia observar “com os olhos”, encontrando-a pela rua, mas, como diria Antoine de Saint-Exupéry: “só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos”. Isso fez o seu testemunho silencioso, até quando milhares de pessoas de todo o mundo tiveram a possibilidade de conhecer a sua história.

A “incapacidade” de colher a “mensagem” que a vida de Chiara Badano comunicava (e ainda comunica) está nas entrelinhas do livro “25 minutos” de Coriasco. Racionalmente o biógrafo de Chiara reconhece e acredita na grandeza da sua conterrânea de Sassello, norte da Itália, mas, interiormente, não consegue assimilar a essência dela. Será?

Tenho me debruçado em inúmeras biografias. Steve Jobs, Einstein…, mas a história de Chiara, “Luce” para os católicos, exala uma beleza instigante e faz perceber que a vida é muito curta para ser desperdiçada com projetos medíocres. Isso sim é exemplo de vida, testemunho cristão, ou melhor, santidade.

PS: A SARAIVA está vendendo o livro por R$17,00.

Só mais um GENFEST?

Há um pouco mais de uma semana da décima edição do GENFEST, que prevê a participação de 12.500 jovens de mais de 100 países, parece necessário refletir sobre o significado deste evento, nas nossas vidas e no contexto social em que nos encontramos.

Em um mundo que clama por novos projetos e ideais capazes de sobreviver às crises financeira e de valores éticos, participar de um Genfest é com certeza a possibilidade de encontrar respostas coletivas e de vislumbrar “de corpo e alma” a grandeza de um Ideal aderido por milhares de jovens, de diferentes culturas, que acreditam que um mundo fraterno é possível.

Porém não basta festejar o mundo unido, é preciso construí-lo com as próprias vidas.

Genocídio na Síria, epidemia de Ebola na Etiópia, chacina do narcotráfico mexicano, desemprego de 50% dos jovens na Espanha, corrupção crônica no Brasil são alguns exemplos alarmantes de um cenário social que afeta a vida de milhares de jovens de diferentes contextos.

Mas o que eu tenho a ver com isso? Muito.

Gozar de um bem estar social e espiritual pode servir de desculpa para a passividade, o comodismo. Fazer do ideal do Mundo Unido instrumemto de conforto psicologico, alimento de um romantismo utópico, não ajuda a difundir, tranformar em cultura, uma alternativa tão fundamental às questões contemporâneas.

A tal “Gen Revolution” precisa virar uma realidade cada vez mais “encarnada” na vida dos jovens presentes em Budapeste. O encanto com o evento precisa servir de combustivel para uma escolha radical, vitalícia, VOCACIONAL de viver a vida e usar os próprios talentos não só para realizar a própria felicidade, mas lutar por uma felicidade compartilhada.

O privilegio de viver essa experiência maravilhosa é grande, menor, porém, que a responsabilidade de transformá-la em algo que não se desfaça depois dos três dias de FESTA.

É importante ressaltar que na edição anterior do Genfest, no ano 2000, os jovens presentes eram 25.000, o dobro do previsto para este ano, mostrando também o quanto a adesão a um Ideal tão exigente é cada vez mais desafiadora.

Este será o primeiro Genfest sem a presença física de Chiara Lubich o que parece evidenciar um “sinal dos tempos” onde a responsabilidade em construir um mundo mais unido está fundamentalmente nas mãos daqueles que acreditam.

Se cada participante do Genfest conseguir pensar no como, pessoalmente, poderia trabalhar para fazer do Mundo Unido uma pequena realidade local, as pequenas pontes de fraternidade serão (continuarão sendo) construídas e poderão, talvez, chegarem à uma dimensão cada vez mais universal.

“Não se acontentem com migalhas, vocês têm apenas uma vida, sonhem grande. Não se acontentem com as pequenas alegrias, busquem a plenitude da alegria.” (Chiara Lubich, GENFEST, 2000)

Um encontro pessoal com Ginetta Cagliari

Uma historia para ser recontada de mil modos. É essa a impressão que se tem após ler “Ginetta fatos que ainda não contei”, lançamento da Editora Cidade Nova em comemoração aos 10 anos da morte da mulher que mudou a vida de milhares de brasileiros.

Ginetta Cagliari, italiana de personalidade forte e radicalismo assustador, pode-se dizer que foi instrumento “divino” no “expedir” às terras americanas o Ideal da Unidade, estilo de vida que hoje é aderido por pessoas de todas as regiões, idades e culturas do Brasil.

Depois de “Ginetta, uma vida pelo Ideal da Unidade” essa segunda biografia “convida” Ginetta a abrir seu diário pessoal para partilhar momentos importantes da sua infância, do «Entre guerras» e do encontro “escatológico” com Deus-Amor, testemunhado por Chiara Lubich e suas primeiras companheiras.

No girar progressivos das páginas do livro é impossível não se emocionar com a conversão de Ginetta, lapidada para que fosse sempre mais “encarnação” do Ideal descoberto.

A perseverança rumo à realização do desejo de ser amor concreto ao próximo aproxima Ginetta, guardadas as devidas proporções e estilos, de Inácio de Loyola, que curiosamente também foi peça fundamental na difusão do cristianismo por meio da Companhia de Jesus.

Desejo de conversão, de radicalidade no testemunhar o evangelho. São duas realidades que ficam após a “ler” novamente Ginetta.

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