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Adaptar-se ou morrer

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Em situações de crise e escassez, vida é movimento. Esse conceito, originário do último filme que assisti (Guerra Mundial Z), exprime uma verdade importante e que me faz lembrar outro filme visto recentemente: Adaptation. As dinâmicas e evoluções da vida exigem um passo “no incerto”, no novo, que deve ser dado com cautela, mas é uma adaptação inevitável.

Ultimamente tenho pensado muito nisso, ancorado nos discursos do Papa Francisco, mais pela sua leitura “intuitiva”, que por motivos religiosos. O Papa, refletindo sobre a situação atual da Igreja Católica, fala da capacidade da Igreja de ir “contra a corrente” da ditadura tecnicista, que coloca a velocidade como medida fundamental no “acompanhar” os avanços sociais.

Acredito que a visão de Francisco é o ponto de equilíbrio e de cautela para que não sejamos tomados pela “ilusão do novo e do rápido”. Mas, por outro lado, não tem, em nenhum sentido, o objetivo de justificar o comodismo.

Adaptar-se aos “sinais dos tempos” é ter a coragem de ousar, de crescer, evoluir, sem simplesmente acreditar que o que já foi feito basta. Adaptar-se é continuar em movimento, é querer viver, pois, pelo contrário (e independentemente da vontade), se morre.

É interessante me dar conta do quanto essa capacidade vai diminuindo ao longo do tempo. A velhice nos faz buscar o “aconchego”, o seguro, o “cômodo”. É isso que nos leva à morte. Continuar “em movimento” exige do corpo, da alma e da mente um contínuo esforço que, contudo, nos faz (re)viver.

Morremos (não necessariamente de maneira literal) quando paramos, conservando o que já temos; quando enterramos a moeda que ganhamos, para não perdê-la; quando tememos as mudanças e não queremos nos adaptar. Porque “vida é movimento”.

Antídoto contra o mal

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A grande lição do final de semana que passou foi redescobrir a importância (para não dizer: necessidade) de alimentar-se de coisas boas. Um bom antídoto contra o mal.

Nos últimos meses, vendo (e vivendo) situações negativas, em diversos ambientes, comecei, em doses homeopáticas, a perder a esperança nas pessoas, no mundo e em Deus. O grande problema é que, essa falta de expectativa positiva, nos leva a aceitar o mal que “busca” se fazer presente; faz-nos aceitar comodamente os limites, nossos e alheios, como triste “condenação”. Esse “vitimismo” não é somente contra produtivo, mas auxilia a manutenção do “status quo”.

Procurar o bem, nos acontecimentos e relacionamentos, nos dá o fôlego suficiente para ultrapassar, no dia-a-dia, a linha tênue entre o “simples viver” para o “viver e fazer a diferença”.

Simplesmente viver, é aceitar, cotidianamente, que o pouco que fazemos é inútil à transformação da sociedade. É não ter a ilusão, romântica ou ideológica, de que as coisas mudam através dos pequenos atos. Essa concepção é tão racional, tem tanta lógica, que parece verdadeiramente definitiva.

Contudo, não são as revoluções exteriores que transformam definitivamente a nossa vida, mas as mudanças interiores, a capacidade de “ler” os acontecimentos de maneira diferente, visando um agir “novo”, que não muda (talvez) o mundo, mas o “revoluciona” sim, no pequeno.

Alimentar-se de coisas, relacionamentos e experiências boas nos tira do comodismo omisso e nos impulsiona a fazer a diferença na nossa e na vida que existe ao nosso redor.

O paradoxo da partilha

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“Somente quando se é capaz de compartilhar que se enriquece de verdade; tudo aquilo que se compartilha, se multiplica” disse o Papa Francisco, sobre a partilha, na visita à Comunidade de Varginha (Manguinhos).

Essa frase me caiu bem hoje de manhã, após refletir sobre os caminhos percorridos até aqui, na minha vida, e, sobretudo, por meio do meu BLOG, que está no advento do sétimo aniversario.

Nunca pensei que chegaria tão longe; Não acreditava que conseguiria me manter fiel a esse projeto tão bonito, tão importante para mim. Mas, foi justamente essa imensa vontade de compartilhar cada experiência, reflexão, cada momento da minha vida com “os outros” que me conduziu até aqui. “Outros”, profundamente diferentes e que, nesse imenso oceano da internet, decidiram navegar comigo e descobrir, “me olhando”, que somos tão humanos, limitados, mais também somos capazes de enxergar a vida de outra forma.

Daqui a três dias o escrevologoexisto.com irá completar mais um ano. Esse, talvez, o mais bonito deles, pois carregado de experiências e sentimentos de uma nova fase da vida, em família. A minha amada esposa Flavia, companheira e amiga, tem sempre me apoiado e me ajudado a entender que os dons são mesmo feitos para serem partilhados, como uma missão que dá significado a nossa existência e por isso, nos faz MAIS felizes se a aceitamos e, principalmente, concretizamos.

Pensar no meu blog é querer hoje abraçar cada um “que me leu”. Agradecer cada pessoa que passou na minha vida, cada relacionamento. Sem eles as palavras não teriam vida, sairiam somente da cabeça e não do coração.

É por cada um dos meus leitores que escrevo. E escrevendo, existo. escrevo Logo existo.

Retorno às origens: uma revolução interior

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Nada é mais frutuoso para a autoconsciência do que o retorno às origens.

Olhar para trás, focando nos caminhos percorridos pelas gerações que nos precederam, ajuda a repensar a própria vida, as escolhas e reconsiderar erros e acertos.

Quando esse retorno busca entender a história da humanidade os resultados já são fantásticos, mas quando o “olhar” é voltado para a história familiar as consequências são difíceis de dimensionar.

E bem… foi isso que fiz nas últimas três semanas.

Voltar às terras nordestinas da qual uma parte do meu genoma é originário é sempre impactante, me revoluciona “por dentro”, pois é uma “viagem” ao passado que explica muito do presente e dá pistas interessantes para conduzir o futuro.

Esse retorno, contudo, não promove só sentimentos bons, justificativas almejadas para os limites pessoais. Olhar para meus predecessores é, sobretudo, entender o quanto somos interligados, conectados, nas alegrias e nos traumas da vida.

É duro perceber que nem sempre as pessoas conseguem purificar-se dos erros repassados e  incutidos na educação recebida. Normalmente as pessoas assumem os traumas dos pais sem a consciência de que podem “curá-lo”, sem a responsabilidade do rompimento de uma cadeia de comportamentos negativos, que se reproduzem ao longo das gerações.

Por isso… acredito… é fundamental procurar explicações pessoais, sínteses, que nos libertem do passado negativo e que, mais do que tudo, evidenciem o POSITIVO do que nos foi transmitido. Os limites, as dificuldades e os erros que incorporamos devem servir como possibilidade de recomeço, crescimento, transformação pessoal.

Afinal de contas, a CO-VIVÊNCIA nos liga misteriosamente e “socializa” nossos limites e imperfeições, mas também nossos talentos, nosso amor fraterno.

O bem em temer as diferenças

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Muitas pessoas acreditam que o Amor é capaz de equilibrar as diferenças. Por ter vivido (e viver em família) experiências significativas a esse respeito, posso afirmar, com certeza, que é uma crença verdadeira.

Contudo, por mais potente que possa ser, o Amor não anula as diferenças, não as supera. Em uma relação verdadeira, transparente, com qualquer “outro”, continuamos sempre os mesmos, com traumas, caráteres, experiências e, principalmente: somos frutos da nossa cultura natal.

Na verdade, o Amor nos ajuda a superar nós mesmos… nossos limites pessoais, esquemas psicológicos que, tantas vezes, nos bloqueiam, nos afastam do “outro”, profundamente diferente.

Descobrir isso, o quanto antes, em uma relação é talvez o aspecto mais importante, principalmente quando ela é transcontinental. As diferenças, nesse caso, são abissais, pois a distância geográfica (que pode ser aplicada também entre as regiões do Brasil) produzem dinâmicas culturais muito variadas, contrastantes, que, na vida cotidiana, podem naturalmente gerar problemas.

Assim, é recomendado TEMER AS DIFERENÇAS. Um temor positivo, um respeito delicado, pois elas aparecem aos poucos, criam impasses que nem sempre são superáveis imediatamente, por isso é fundamental ter paciência.

Esse temor também nos ajuda a ser realistas. Caso o “outro” não esteja disposto a mergulhar na difícil e aventurosa jornada da “inculturação” isso, com certeza, é um mau sinal. Claro que, por outro lado, nem sempre estamos prontos no momento em que somos exigidos. Às vezes fracassamos por falta de força, preparação ou coragem. Contudo as oportunidades de viver essa experiência reaparecem,  principalmente se o relacionamento persevera

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