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Reconectar, Brasil

Voltar ao Brasil para reconectar

Eu nunca fiquei tanto tempo sem voltar ao Brasil. A culpa é da pandemia de COVID-19. Essa situação excepcional criou uma desconexão entre o “helvetismo” que cultivei como imigrante nos últimos seis anos e a brasilidade que carrego dentro de mim.

Na minha terra natal, eu sempre sou convidado a ver o mundo na perspectiva dramática do outro, muito por presenciar diariamente a miséria, a privação e o desamparo dos mais vulneráveis. Há muito tempo esses elementos não fazem mais parte do meu cotidiano.

A diferença entre realidades não só me afastou das dinâmicas constitutivas de quem eu sou, mas também me distanciou de alguns dos meus compatriotas. Para eles, sem a vivência, eu perco um componente chave para analisar a situação sócio-política brasileira. 

Daqui a exatas duas semanas, se tudo der certo, estarei de volta ao meu país. Mas dessa vez o mundo não é mais o mesmo. Estamos todos conectados pelas realidades impostas pela pandemia de COVID-19. Contudo, as feridas e o vazio que essa experiência tem causado de maneira diferente em cada um de nós precisam encontrar significado no desejo profundo de reconexão, de reencontro. Mesmo se com máscaras e distância física.

Crises são sempre oportunidades incríveis de avaliação interior. Foram nesses exercícios que eu entendi o quanto o outro é parte de mim e eu sou fruto do outro. É essa reconexão que estou indo buscar no Brasil para, quem sabe, me sentir novamente completo.

[vidaloka] FINAL. No futuro, o que nos espera é sempre o Melhor

15 dias.

2 enterros.

Inúmeros reencontros.

O retorno pra casa depois de dois anos de [Vidaloka] tem sido uma experiência difícil, em alguns momentos quase “dramática”, pelas circunstâncias e situações que exigiam tranquilidade psicológica, mas é, sobretudo, maravilhoso.

Voltar a morar com meus pais não estava nos meus planos, mas essa passagem importante exigiu um “passo” interior e uma disposição nova para continuar vivendo por outras pessoas queridas, oportunidade única nessa fase da vida.

Enquanto os dias passam, entre a procura de trabalhos, free-las, recomeço nos estudos e uma importante adaptação ao clima, ritmo de vida, humor das pessoas… tem sido bom.

Mas, voltar para casa, mais que tudo isso, tem sido reencontrar meus grandes amigos – junto (certamente) com a família . Pessoas pelos quais eu e a Flavia decidimos voltar, enfrentar os sacrifícios para  estarmos próximos.

São nesses momentos que a gente percebe que a vida pode ser resumida às relações e o mundo, o país, à cultura… às PESSOAS. É por cada pessoa, cada relacionamento, que valem à pena os sacrifícios, sejam eles profissionais, pessoais, espirituais…

Contudo… a dimensão da morte, muito presente nesse retorno à casa, também me possibilitou fazer reflexões profundas, sem respostas racionais, só a esperança de que existe finalmente um sentido para vida.

Durante a produção da minha tese no Instituto Sophia me deparei, ajudado pela antropologia filosófica, com questionamentos a respeito da morte e o “excursus” (caminho) para a sua compreensão. Contudo, a inexistente resposta racional permite as mais diferentes interpretações e também convida ao protagonismo da vida.

Tenho que admitir, que no “advento” do tão sonhado casamento, encontar-me com a morte ajudou a relativizar o SEMPRE do “Felizes para sempre”, redescobrindo que o SEMPRE da felicidade é a soma da felicidade buscada cotidianamente.

Agora à [vidaloka] continua de outra forma, com outras perspectivas… e a certeza de que o que nos espera no futuro, quando pegamos o caminho correto, é sempre o melhor.

[vidaloka] Despedida

Despedida. Difícil explicar a intensidade do sofrimento vivido no segundo enterro em menos de 2 semanas de Brasil.

Nesses dias vejo a morte se aproximando cada vez mais dos «filhos da minha generação»,  mas também o casamento, a paternidade, o sucesso profissional…

Perder, ganhar, riscos, estabilidade, adquirem progressivamente pesos diferentes, as dores se intensificam e, proporcionalmente, também as felicidades.

Eu fui me despedir de uma amiga paraplégica, que viveu 30 anos a mais do que os médicos previam e que mesmo sem poder andar era “Phd” em construir relacionamentos, distribuir sorrisos, risadas e broncas.  Minha amiga Araceli testemunhava com a vida que felicidade não vem da perfeição fisiológica e sim do impulsos do “motor imóvel” aristotélico.

Contudo, despedidas são (e devem ser) sempre tristes. Produzem um vazio material. Mas a felicidade das boas lembranças enxugam as lágrimas, fazem até rir, mesmo se o sofrimento e, com ele, a saudade, permanecem intensos.

[vidaloka] Fui seguir meu coração… deu no que deu.

Em 2009 uma força biarticulada me impulsionou a deixar tudo e me aventurar no Velho Continente.

A admirável potência dessa “força” exalta a essência daquilo que sempre busquei pessoalmente. Ir embora, deixar família, amigos, cultura, só por um motivo: ser quem acho que eu devo ser.

O percurso intelectual, profissional, acadêmico, exigia que eu fosse embora. Pedia que eu descobrisse o paradigma trinitário, para propô-lo ao mundo da comunicação baseado (quase sempre) em uma dialética de princípios comerciais, ausente de ética, do Outro.

Contudo foi o coração que me deu a certeza de que tudo valeria à pena. No outro lado do Atlântico estava àquela que desejei por uma vida. Muitos caminhos, tantas vezes tortuosos, difíceis, me levaram à minha amada Flavia.

De 2004 à 2012 passaram-se oito anos e daquele primeiro encontro até o nosso aguardado 22 de dezembro muita coisa está sendo vivida, sofrida, buscada. E se chegamos aqui, juntos, profundamente felizes, é porque seguimos nossos corações.

Contudo, me perdoem os Leigos, meu coração é movido pelo Motor Imóvel. Força que já Aristóteles intuía e que nos faz arriscar, nos encoraja a perder todo tipo de segurança material, humana, para conquistar grandes coisas.

Meu Deus, trinitário, tridimensional, relacional. Princípio por quem sempre vivi, acreditei e aonde descubro o significado de cada coisa, a resposta para cada passo que devo dar, momento por momento.

Sábado, 11 de agosto, conclui-se uma outra fase da minha vida. Depois de um pouco mais de 2 anos na Europa volto pro Brasil.

Feliz por tudo que conquistei com tanto sacrifício, procurando não olhar para trás lamentando o que deixo, mas desejando o próximo passo, que se aproxima com alegria e serenidade.

Imensa a gratidão pelas pessoas que conheci e grande a felicidade pelo reencontro com aquelas que, há dois anos, me despedi.

Seguindo meu coração encontrei uma Felicidade verdadeira, exigente, profunda. Escutando o meu Deus encontrei a mulher com quem sonho viver novas (e grandes) aventuras, agora na minha pátria, minha casa.

Não tenho dúvidas que valeu a pena.

Segui meu coração… deu no que deu.

[vidaloka] Fim da tese! A página vira

“Ao Deus que me guia cotidianamente,
à família, meu suporte fundamental,
e à Flavia e seu contínuo sorriso encorajador,
dedico este fruto concreto do meu percurso intelectual”.

Estava já anunciado que o mês de junho seria um dos mais intensos do ano, por envolver dois grandes eventos: a conclusão da tese de mestrado à Sophia e a preparação do noivado.

A 10 dias da conclusão do “temido” mês a exaustão é grande, proporcional porém à felicidade de superar, dia após dia, os desafios que a vida propõe, e conquistar os sonhos ansiosamente aguardados.

Ontem finalmente concluí mais uma parte importante do meu percurso profissional-intelectual. A tese que tenta reunir comunicação, antropologia filosófica e a centralidade do ser humano, como elemento de união entre essas duas importantes ciências, foi sofrida, suada, mas saiu.

Durante os últimos dois meses de trabalho intenso foi realmente difícil conciliar a produção acadêmica aos outros aspectos da vida, a saúde física e psíquica, e principalmente fazer tudo com alegria e um sentimento contínuo de que VALE A PENA.

Foi difícil, mas consegui.

E como as vitórias não são nunca conquistadas somente a partir do esforço individual, é impossível não agradecer à Deus, minha família e à Flavia. Três dimensões essenciais que se completam e se relacionam com o desejo grande de fazer algo “para a humanidade” e investir dons e talentos para a construção de um mundo mais habitável.

Agora a página vira e me concentro na preparação do noivado, que tá aí, para que ele seja, como espero que aconteça também com a tese, um verdadeiro testemunho do amor que nasce da escolha pessoal, que depois é partilhada por um(a) outro(a) e que, doada, revoluciona vidas.

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