Há poucos meses descobri que serei pai e, de repente, tive de me deparar com um aspecto da minha humanidade até então desconhecido. Perceber o apressado desenrolar das semanas e vivenciar o milagre do desenvolvimento de uma nova vida humana têm sido uma experiência emocionante, mas que também traz novos medos. Será que serei capaz de prover o essencial para minha família? Conseguirei transmitir os valores que recebi dos meus pais, da minha cultura, para minha filha?

Independente do que ouça ou sinta, sei que essa nova perspectiva tem se revelado porque eu e minha esposa tivemos a coragem de escolher viver a maternidade/paternidade, mesmo em tempos tão difíceis. Essa escola de vida também me ajuda a entender a verdadeira extensão do que significa amar alguém.

Recentemente, me deparei com um exemplo bonito, dolorido e verdadeiro que ilustra concretamente esse amor tão particular de pais para filhos. Pouco antes de sua filha completar um ano, meus amigos Carla e Léo perceberam que a pequena Elena não reagia aos estímulos sonoros. Baterias e baterias de exames e com a suspeita de deficiência auditiva confirmada, a vida dos dois deu uma reviravolta. De longe tenho acompanhado a difícil batalha deles para encontrar cuidados apropriados e alternativas médicas que permitam solucionar o caso da Elena. Quanta dor! Mas que luta incrível!

Após muita procura, Carla e Leo descobriram que a única possibilidade de a Elena ouvir é uma cirurgia de implante de tronco cerebral (ABI), que poucos médicos fazem no Brasil e nenhum deles tem resultados satisfatórios no procedimento. A busca incansável levou-os a conhecer um médico na Turquia com mais experiência neste tipo de cirurgia, o que aumentaria muito as chances de uma resposta positiva após o implante. Assim começou uma nova etapa na vida dos dois, com dezenas de atividade para angariar fundos para custear a cirurgia.

Arriscaria dizer que, se não estivesse no advento de me tornar pai, dificilmente entenderia o porque de tanto sacrifício. E se nunca conseguirem os 320 mil reais da cirurgia na Europa? E se o dinheiro chegar, qual a garantia de que a operação vai dar der certo?

Claro que não existe resposta segura para nenhuma dessas perguntas. Mas é isso o que realmente importa? Independente do que o futuro reserva para a pequena Elena, a experiência que está sendo feita ao redor dela já é uma das maiores lições de amor mais genuínas que ela poderia receber. Amor que contagia e que extrapola os limites do lar da Carla e do Leo, cria um sentido profundo de comunidade e move aqueles que estão ao redor da jovem família.

Acredito muito nesse Amor e deixo-me ser movido por ele. Assim, mesmo à distância, encontro-me diariamente com os meus amigos de São Roque.

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Quer ajudar concretamente a pequena Elena? Visite a comunidade do Facebook «Ajude Elena» e veja as inúmeras possibilidades de contribuir.

Lei o artigo do G1 sobre a Elena AQUI