Depois que me casei eu percebi que tudo aquilo que considerava bom no casamento estava errado. Casar é muito melhor do que eu poderia um dia ter imaginado. Engana-se porém, quem pensa que é uma situação fácil, feita só de alegrias e paz interior constante. O bom do casamento se apoia em muitos desafios e talvez o maior deles seja a contínua necessidade de renunciar a si mesmo.

Como no futebol ou na vida em geral, a grande lição que somos chamados muitas vezes a aprender (e a relembrar) é a de saber perder. Mas, no que diz respeito ao casamento, renunciar não é necessariamente perder. É fundamental descobrir, desde pequeno, que nem sempre as situações se apresentam da maneira que a gente espera. Pelo bem do outro, as vezes a gente faz grande renúncias, mas nenhuma delas, quando feita por Amor, nos traz somente ônus.

Renunciar não é perder: o efeito bumerangue

RenunciarTendo sempre acreditado na força do Amor, eu cansei de experimentar na minha vida que, cada ação feita buscando a felicidade verdadeira de quem está ao meu lado, sendo uma renúncia pequena ou grande, ela fatalmente retorna para mim de alguma forma, como um efeito bumerangue. A última experiência vivida dessa forma aconteceu na última semana.

Há quase quatro meses, eu e minha esposa chegamos na Europa para que ela possa concluir seus estudos. Antes, tínhamos uma vida maravilhosa no Brasil, cercada de amigos e familiares, além de ótimas perspectivas profissionais e certa estabilidade financeira.

Deixar tudo e começar a vida em um novo continente foi, para nós, abrir mão de muito. Eu, particularmente, acabei também renunciando muitas possibilidades profissionais interessantes, pois, como jornalista, tenho minha rede de contatos, sobretudo, no Brasil.

Mesmo assim, vim para Europa pronto à tudo, para que a minha esposa pudesse realizar seu projeto pessoal, que agora é também um projeto familiar. Fiz isso não por virtude minha ou romantismo. Eu também tive a oportunidade de fazer excelentes experiências formativas e não gostaria que o casamento fosse um impedimento para ela. Entretanto, as consequências dessa nossa escolha, na prática, foram muito mais difíceis de aceitar.

Cheguei em Genebra e tive que começar a aprender uma nova língua, o francês, voltar a praticar o inglês, pois qualquer possibilidade de trabalho aqui é fundamentalmente ligada as habilidades linguísticas. Após as primeiras sondagens de possíveis trabalhos senti que, no final das contas, acabaria trabalhando em algo ligado aos serviços, o que nunca achei menos digno, mas que me parecia uma pena depois do investimento que fiz na minha formação.

Porém, continuei fazendo a minha parte, estudando bastante e procurando estar disponível às pessoas que me pediam alguma ajuda. Depois de algumas semanas, de maneira completamente inesperada, surgiu uma oportunidade de trabalho ligada a minha profissão e na área que sempre quis me engajar (educação). Um ato de generosidade divina que nos marcou como família e que, ainda hoje, tento entender.

Minhas conclusões

Bom, escrevi tudo isso porque, na maioria das vezes, sinto que meus amigos jovens se perdem em seguranças materiais, ou têm medo de se comprometerem para toda vida com a pessoa que amam por todo o “incerto” que o casamento engloba.

Não vou mentir. É verdade: quando nos casamos, a gente não sabe o que nos espera. No bom e no “menos bom”! No meu caso, tranquilizou-me sempre ter exemplos próximos de casais que, apesar das dificuldades, das renúncias, descobriram que a felicidade de uma vida partilhada tem inúmeras facetas positivas. Eu e a Flavia só começamos a nossa aventura, mas aos poucos vamos deslumbrando a beleza inquestionável de algumas delas.

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