Pequena chama

Em uma das regiões turísticas mais bonitas de Angola, uma pequena chama foi acesa. Com o intuito de olhar para Mussulo além de suas belezas naturais e ir ao encontro do seu povo, refém das injustiças sociais, nasceu um importante projeto, que visa garantir uma vida e um futuro mais digno àqueles que mais precisam.

Arquipélago de Mussulo: patrimônio cultural e natural

Pequena chamaMussulo é um lindo arquipélago, localizado na costa sul de Luanda, capital da Angola. Com um mar calmo e com ondas pequenas, areia branca e fina, imensos coqueiros, ele é, sem dúvida, um dos cartões postais do país africano. Um lugar agradável para descansar e relaxar onde também se organizam várias festas. Um verdadeiro paraíso na terra.

Local de reprodução das tartarugas marinhas, uma de suas ilhas é conhecida como Ilha dos pássaros, por conta da acumulação de aves transitórias. Para além de povos que vieram do centro sul do país, ela é habitada na sua maioria por axiluandas (povo oriundo da ilha de Luanda), gente acolhedora e humilde que têm na pesca a sua actividade principal.

A outra face do Mussulo

Para muitos luandenses o arquipélago é apenas um local de lazer, pois não sabem que, no interior do mesmo, habitam muitas famílias, na sua maioria refugiadas da guerra civil que durou – com intervalos – 27 anos. São cerca de 6000 pessoas que vivem em condições precárias, sem energia pública, água potável e hospital.

Até a pouco tempo existia apenas uma escola do ensino primário e secundário. O índice de mortalidade infantil é muito elevado, devido à má nutrição e a falta de assistência médica.

Diante desta triste realidade, um grupo de pessoas que acredita na fraternidade universal teve a ideia de construir uma escola no arquipélago, com objectivo de ajudar a comunidade, propriamente as crianças dos 3 aos 5 anos de idade.

Escolinha Pequena Chama: Um projecto social

Pequena chamaO projecto “Escolinha Pequena Chama”, nasceu há 13 anos, com a ajuda concreta de algumas famílias portuguesas e italiana,s sensibilizadas com a situação de Mussulo. Após a construção da escola, o projeto recebeu outra importante ajuda, do PAM (Programa Mundial para Alimentação) que ofereceu, por alguns anos, a merenda escolar.

O projecto pedagógico está centrado no propósito de oferecer às crianças uma formação integral, colocando as bases para a formação de hábitos e atitudes coerentes e éticas, juntamente com uma formação da consciência moral e religiosa, com vista a construir e a viver os valores inerentes a uma cultura de Paz, sobre os pilares da fraternidade e solidariedade.

Meu contato pessoal com a Escolinha 

Eu tive a oportunidade de estar várias vezes com as crianças da Escolinha, que são muito lindas. É impressionante ver a “festa” que elas fazem quando alguém chega. Prontificam-se logo em ajudar a carregar as nossas pastas, oferecem-nos coco e contam-nos as experiências vividas.

Foi encantadora a conversa que tive com um dos monitores que trabalhou alguns anos lá. Ele me contou que, quando foi convidado para trabalhar na Escolinha, não sabia o que o esperava, mas o desejo de fazer alguma coisa pelo o mundo falou mais alto e sentia que ali era oportunidade de deixar a sua marca. Muitas dificuldades surgiram posteriormente, como a falta de barcos para a travessia da ilha, as condições de trabalho precárias, que fizeram com que ele se sentisse cansado e pensasse em desistir. Mas o carinho doado gratuitamente pelas crianças o fez perceber que o certo não seria abandonar o projecto, mas sim envolver mais pessoas nas atividades realizadas na Escolinha.

A Pequena Chama hoje

Através das crianças ajudadas, as pessoas envolvidas no projecto puderam conhecer também seus pais e outros jovens da comunidade. Assim, com eles, foi possível organizar várias actividades, ouvir as suas necessidades, partilhar momentos e manter uma boa amizade.

Actualmente existem quatro escolas e três postos de saúde em Mussulo. A Escolinha Pequena Chama é uma referência na região. Nos últimos anos, as salas foram ampliadas permitindo atender um número maior de crianças da comunidade e cinco os monitores/professores vivem na ilha. Além deles, trabalham na escolinha uma pedagoga e uma nutricionista.

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02012012832 (2)Ivete Gwizana Leite Maria Domingos (Ivete Maria) – Formada em Ciências Matemáticas, pela Universidade Agostinho Neto (UAN). Já foi professora, operadora de telemarketing e trabalhou durante 3 anos numa agência de comunicação passando pela área administrativa e de publicidade e eventos. Ivete também teve a possibilidade de realizar um ano de intercâmbio multicultural e inter-religioso na Itália.