Incluir plenamente

Janeiro é, geralmente, um mês em que muitas pessoas podem finalmente descansar devido às férias. Para mim está sendo exatamente assim. Férias que bom que vocês chegaram! E é nesse espírito que retorno a minha colaboração, desejando a todos um ótimo ano!

Incluir plenamente no cotidiano

Incluir plenamenteCaminhar, sentindo o calor da areia nos pés e as ondas que, ao se aproximarem, trazem o frescor da água, é uma experiência especial que sempre me atraiu. Em um dois dias das minhas férias na praia vi, não muito distante, na areia, sob o guarda sol, uma família numerosa, provavelmente pais, tios, primos, amigos, e entre eles um adolescente em uma cadeira de roda. Uma cena simples que, para alguns, pode parecer comum, para outros pode passar despercebida. A mim causou grande alegria!

Aquele lugar, devido às suas características naturais, apresenta dificuldades para se chegar ao mar. Assim, os obstáculos são bem maiores para pessoas com mobilidade reduzida. Partindo desta perspectiva, estar na areia não significa pouca coisa. No entanto, a alegria que me perpassou foi a de que aquele jovem tinha a possibilidade de estar ali, com os seus familiares, aproveitando as suas férias em um lugar privilegiado pela beleza da natureza, diferente de tantas outras crianças e jovens que conheço e acompanho profissionalmente.

Não conheço as dores, o cotidiano e a vida daquelas pessoas que observei na praia, mas, aquela família, permitindo a participação daquele jovem, pareceu-me dizer: para nós ele é um filho como os outros. Invadida por esses segundos de reflexão e felicidade continuei a caminhar e tudo me pareceu revestido de nova beleza.

Incluir plenamente na Fé

Incluir plenamenteDurante a noite, fui para a missa numa capelinha centenária da pequena localidade e quem vejo aproximar-se do altar? Aquele mesmo jovem que vi na praia, acompanhado de sua mãe. Ele participou de todos os momentos da celebração e também da comunhão eucarística, o que indica ter feito um caminho preparatório na catequese. Uau! Experimentei nova comoção.

A família fez o filho viver sem impedi-lo de viajar, conhecer o mar, estar na areia, mesmo com todas as barreiras, e ajudou-o também a percorrer o mesmo caminho de Fé, de um encontro pessoal com Deus, provavelmente como outros da família realizaram.

Bonito, muito bonito testemunhar, ainda que, anonimamente, esses dois momentos e alegrar-me com a vida daquele jovem, que nem mesmo sabe o bem que sua presença me fez!

Entender, incluir e amar

Compreender as pessoas com deficiências, incluídas integralmente na vida e plena de direitos, é fundamental. Por isso é preciso lutar pelos direitos, é preciso que as cidades preparem-se para acolher as diferenças, diminuindo as barreiras arquitetônicas, favorecendo o acesso e a circulação. É preciso olhar e acolher as diversidades, ir além das barreiras também atitudinais. É preciso, é preciso, é preciso…

Porém, existe algo ainda mais necessário, sem o qual, mesmo tendo garantido todos os direitos, não se garante a realização existencial. Algo que deveria vir antes e depois de cada luta, busca e conquista: o amor pela pessoa. Amor que não aceita privações, exclusões ou reclusões e sim que permite ao outro VOAR!

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 Acessibilidade e inclusão social: preocupação real ou moda? | Karina Gonçalves

Karina Gonçalves da Silva Sobral – Formada em Terapia Ocupacional pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR) em 2007, motivada por questões existenciais e busca de respostas em como lidar com o sofrimento do outro, dos tantos outros que já tinha encontrado nas recentes mas, intensas, práticas como terapeuta ocupacional, concluiu em 2011 a “laurea magistrale” em ciências políticas no Instituto Universitário Sophia, na Itália.  Possui experiências, principalmente, no Serviço Público, na área de saúde mental,  e, atualmente, é terapeuta ocupacional com atuação na educação especial.