Somos se aparecemos

Uma das reflexões mais importantes que um comunicador, ao meu ver, deve SEMPRE fazer diz respeito a sua responsabilidade perante a comunidade em que ele está inserido. Em uma sociedade em que o espaço público é totalmente midiatizado “tudo o que é importante está na mídia, então aqueles que estão na mídia são importantes”, explica o comunicólogo francês, Dominique Wolton. Essa dinâmica social promove uma legião de narcisistas, que parecem viver para “aparecer”, pois isso (infelizmente) define a sua relevância perante os outros. Enfim, somos se aparecemos.

Nesse contexto, não é necessário explicar muito sobre o poder que está nas mãos, tanto de quem comunica, como daqueles que gerenciam as empresas de comunicação.

Contudo, deve ser impedida, a todo custo, a subversão vergonhosa dos meios de comunicação de massa, em que a forma suplanta o conteúdo. A responsabilidade dessas empresas e seus operadores precisa ser socialmente regulamentada, para que, em vez de servir como pedestal funcional para que os detentores do poder (politico e econômico) “apareceram”, as mesmas busquem valorizar aquilo que impulsiona à consciência coletiva, o bem comum.

Segundo Wolton, a “estrelização” da sociedade, que iniciara com o cinema e a imprensa de grande público, vem explodindo a mais de meio século, ilustrando a crise de valores que atravessou nossas sociedades. “Ontem, haviam outros valores: a política, a ciência, a religião etc., enfim, uma diversidade de legitimidades concorrentes. Hoje, tudo se alinhou à logica midiática que se torna a principal legitimidade”.