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Em situações de crise e escassez, vida é movimento. Esse conceito, originário do último filme que assisti (Guerra Mundial Z), exprime uma verdade importante e que me faz lembrar outro filme visto recentemente: Adaptation. As dinâmicas e evoluções da vida exigem um passo “no incerto”, no novo, que deve ser dado com cautela, mas é uma adaptação inevitável.

Ultimamente tenho pensado muito nisso, ancorado nos discursos do Papa Francisco, mais pela sua leitura “intuitiva”, que por motivos religiosos. O Papa, refletindo sobre a situação atual da Igreja Católica, fala da capacidade da Igreja de ir “contra a corrente” da ditadura tecnicista, que coloca a velocidade como medida fundamental no “acompanhar” os avanços sociais.

Acredito que a visão de Francisco é o ponto de equilíbrio e de cautela para que não sejamos tomados pela “ilusão do novo e do rápido”. Mas, por outro lado, não tem, em nenhum sentido, o objetivo de justificar o comodismo.

Adaptar-se aos “sinais dos tempos” é ter a coragem de ousar, de crescer, evoluir, sem simplesmente acreditar que o que já foi feito basta. Adaptar-se é continuar em movimento, é querer viver, pois, pelo contrário (e independentemente da vontade), se morre.

É interessante me dar conta do quanto essa capacidade vai diminuindo ao longo do tempo. A velhice nos faz buscar o “aconchego”, o seguro, o “cômodo”. É isso que nos leva à morte. Continuar “em movimento” exige do corpo, da alma e da mente um contínuo esforço que, contudo, nos faz (re)viver.

Morremos (não necessariamente de maneira literal) quando paramos, conservando o que já temos; quando enterramos a moeda que ganhamos, para não perdê-la; quando tememos as mudanças e não queremos nos adaptar. Porque “vida é movimento”.