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“A solidariedade e a fraternidade são elementos que fazem da nossa civilização verdadeiramente humana”, disse o Papa Francisco, durante a sua passagem pelo Brasil na Jornada Mundial da Juventude. E bem, é difícil saber o quão distantes ambos “elementos” estão da nossa realidade.

Nos últimos dias, eu tive o “desprazer” de assistir ao depoimento desumano da gaúcha Maristela Basso, ao vivo, no Jornal da Cultura. Advogada, Doutora em Direito Internacional (Ph.D) e Livre-Docente (Pós-Doutora-Post-Ph.D) em Direito Internacional pela Universidade de São Paulo. Inscrita desde 1983 na OAB/RS, OAB/SP, OAB/RJ e OAB/DF, a advogada possui experiência nos Estados Unidos, Itália, México e Alemanha.

Os títulos são suficientes para preencher muitas páginas do seu curriculum lates, mas a ignorância e o desrespeito que demonstrou em rede nacional deprecia a classe intelectual brasileira, marcada por um elitismo que pouco fez, e pouco faz, pelos mais necessitados.

Comentando o incidente diplomático bilateral ocasionado pela fuga ao Brasil do senador opositor boliviano Roger Pinto Molina, com a ajuda do encarregado de negócios da Embaixada do Brasil em La Paz, Eduardo Sabóia, Maristela Basso disse:

“A Bolívia é insignificante em todas as perspectivas, (…) nós não temos nenhuma relação estratégica com a Bolívia, nós não temos nenhum interesse comercial com a Bolívia, os brasileiros não querem ir para a Bolívia, os bolivianos que vêm de lá e vêm tentando uma vida melhor aqui não contribuem para o desenvolvimento tecnológico, cultural, social, desenvolvimentista do Brasil”.

Faz muito tempo que não sentia tanta vergonha de um cidadão brasileiro. Raramente os nossos representantes conseguem levar ao mundo uma imagem positiva do país, mas, assistindo ao comentário da senhora Basso, percebi que a coisa ainda pode piorar.

A desumanidade do comentário não só denuncia (novamente) o imenso desrespeito que alguns brasileiros vêm demonstrando com os estrangeiros que chegam ao nosso país, mas evidenciam um preconceito vergonhoso, com milhares de adeptos e que “fazem coro” à senhora Basso.

Por outro lado, a veemente contestação do cientista político Carlos Novaes, que também participava da edição do jornal, ao discurso de Maristela Basso, mostra que existem, sim, intelectuais que consideram o respeito um elemento primordial das reflexões sobre os acontecimentos do mundo.

Resgatar a humanidade, a tolerância e, principalmente, a valorização das inúmeras diferenças culturais, nacionais ou importadas (mesmo que não sejam de um “país do Norte”), é fundamental para o “despertar do gigante”. Mas, para isso, é necessário o respeito, que, caso alguém não saiba o que significa, coloco abaixo a definição do dicionário Houaiss.

respeitar     Datação: sXV

n verbo

 transitivo direto –  1     ter respeito, deferência por (alguém ou algo); ter em consideração – Ex.: os filhos respeitam-no

 transitivo direto –  2     demonstrar acatamento ou obediência a; cumprir, observar – Ex.: r. as ordens

 transitivo direto –  3     ter medo de, recear –  Ex.: r. o animal bravio

 transitivo direto –  4     tomar em considerações; ter em conta; atender a – Ex.: r. a vontade do povo

 transitivo direto –  5     não causar qualquer prejuízo a; poupar – Ex.: r. as obras do passado

 transitivo direto –  6     ter cuidado com; não perturbar – Ex.: r. o sono de alguém

 transitivo direto – 7     demonstrar tolerância com; suportar, admitir – Ex.: r. críticas

 transitivo indireto –  8     dizer respeito a; concernir – Ex.: esses fatos respeitam à justiça

 transitivo indireto –  9     estar na direção; estar voltado; apontar – Ex.: quando saiu, o navio respeitava ao norte

 pronominal – 10   guardar o decoro que convém à sua situação, à sua dignidade; dar-se ao respeito