23ago2013---mulher-segura-a-filha-no-acampamento-de-refugiados-sirios-quru-gusik-no-iraque-o-numero-de-criancas-refugiadas-pela-guerra-civil-na-siria-chegou-a-1-milhao-afirmaram-nesta-sexta-feira-23-1377263140543_1920x12

Sendo radicalmente a favor da vida e contra qualquer pessoa, governo ou instituição que se sinta no direito de controlá-la, nunca considerei a pena de morte uma possível solução diante de um crime cometido, independente da gravidade.

“Claro, você nunca passou por isso!”, diria alguém que vivenciou uma experiência traumática de violência. Contudo, acredito, cada vez mais, que existe um paralelismo nas mais diferentes experiências de vida, que tira a necessidade de alguém ter de viver tudo para entender os sentimentos por detrás delas. Assim, continuo contra a pena de morte.

Matar é eliminar um individuo que incomoda. A pena de morte denuncia tanto os limites intrínsecos de qualquer ser humano, como a nossa incapacidade de lidar com alguns problemas que, muitas vezes, nós, como sociedade, somos a causa. Matar é almejar o corte do mal pela raiz; é acreditar que, dessa forma, não só se elimina o problema, mas intimidam-se os possíveis futuros agressores.

Bem, se fosse realmente assim, veríamos os casos de violência diminuir, o que não acontece. A resposta violenta a um crime social não educa, não resolve o problema, não promove soluções verdadeiras.

O argumento acima serve também como reflexão, no advento de um possível bombardeio à Síria. Com o uso de armas químicas, o governo do país acabou cometendo um crime gravíssimo perante a Comunidade Internacional. Por isso, é inquestionável a importância de uma dura repreensão aos agressores, para que esse crime não abra precedentes difíceis de mensurar. Mas, pergunto: adianta soltar algumas bombas, mesmo que com alvo estratégico, em um país já castigado pela guerra interna? A resposta violenta irá “ensinar” algo aos agressores?

A resposta é não. Não adianta nada. Como não adianta executar alguém que teve sua existência roubada por problemas psicológicos, ou traumas sociais. Você só tira o problema da frente, não o resolve.

Não sou eu quem toma as decisões, que tem a responsabilidade dos líderes do Conselho de Segurança da ONU, ou dos chefes de estado das grandes potências do mundo. São eles que têm o dever de encontrar soluções “criativas” para uma punição eficaz contra o governo Sírio. Contudo, seria oportuno que eles tivessem a consciência de que uma iminente guerra: só tiraria ainda mais vidas, muitas delas inocentes; só continuaria promovendo o ódio dos países árabes contra o Ocidente; só aumentaria a ameaça terrorista.

Acredito que é preciso intervir a favor do povo Sírio, que está sendo eliminado por um governo irresponsável, inconsequente, genocida, mas é fundamental que essa intervenção seja pensada, articulada coletivamente e de maneira inteligente.  De nada adianta fornecer armamentos para os conflitos no Oriente Médio e depois condenar a violência descomedida. Isso se chama hipocrisia.

Diante de tudo, o mais importante é jamais se esquecer do imenso valor da PAZ. Ignorá-lo pode causar um grande arrependimento.