Month: July 2013

Children of Men – 2006 – Alfonso Cuarón

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As reflexões a respeito do Apocalipse para onde a humanidade tem, ano após ano, se aproximado, geram inúmeras teorias. O que temos feito com a natureza e consequente não responsabilização individual e coletiva provavelmente acarretará em (mais) eventos extremos que “roubarão” a vida de muitos seres humanos.

Contudo, enquanto isso não acontece, vamos vivendo a nossa vida. Promovendo hábitos consumistas, desperdiçando alimentos, deixando de reciclar o reciclável, dirigindo nossos carros com ar condicionado e encontrando desculpas que justifiquem nosso individualismo.

“Children of Men” (ou, em português, Filhos da Esperança) me fez refletir justamente “de qual fim” o planeta Terra irá sucumbir, se continuamos a viver da maneira como mencionei acima. O filme se passa no ano de 2027, momento da história em que se vive uma crise sem precedentes porque as mulheres não conseguem mais engravidar. O mais novo ser humano morreu aos 18 anos e a humanidade discute seriamente a possibilidade de extinção.

Neste contexto Theodore Faron (Clive Owen), um ex-ativista desiludido que se tornou um burocrata e que vive em uma Londres arrasada pela violência e pelas seitas nacionalistas em guerra, é procurado por sua ex-esposa Julian (Julianne Moore), e apresentado a uma jovem que misteriosamente está grávida. De aí em diante eles passam a protegê-la a qualquer custo, por acreditar que a criança por vir seja a salvação da humanidade.

“Children of Men” é uma adaptação livre do romance “The Children of Men”, de P. D. James e foi indicado ao Oscar 2007(porém, sem vencer) nas categorias de Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Fotografia e Melhor edição.

Um filme bem interessante, que me surpreendeu positivamente.

 PS: O diretor mexicano Alfonso Cuarón dirigiu também o filme “Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban (2004)”

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Reflexões sobre a Fé

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Durante a minha “curta” existência, sempre foi difícil explicar conceitualmente o que a Fé me levou a intuir e conquistar.

Os estudos de “post” graduação me fizeram entender que todo conceito (apropriação) nasce do “excursus” (caminho) do intelecto, que revela a Verdade, na medida e na capacidade do nosso entendimento (e por isso, sempre parcial).

Contudo, a Fé não é simplesmente entendida – intelectualmente – “a priori”, mas é, antes de tudo, “experiência”. Como a grande parte dos conceitos que exploram a nossa “religiosidade antropológica” a Fé não pode ser explicada no simples encadeamento de palavras; ela exige que mergulhemos nela, com todo o nosso ser.

Lendo a nova encíclica do Papa Francisco (Lumen Fidei) redescobri que, socialmente, a Fé sempre foi vista como consequência do “vazio do inexplicável”. Ela é a solução/conceituação para o não conceitual, o não explicável a partir da inexorável razão. É redenção passiva e não força ativa.

E bem… voltando aos acontecimentos da minha vida e procurando “analisá-los” de maneira racional, é difícil encontrar respostas “pensadas” para todos eles. A “lógica” dos acasos, o encaixe perfeito de determinadas situações e as inúmeras soluções aparentemente impossíveis só tem explicação no meu interior. Ao mesmo tempo que elas pareçam, externamente, certezas subjetivas, para mim são, realmente, convicções matemáticas.

As minhas escolhas e os caminhos que tracei pessoalmente foram, em muitos momentos, levados fundamentalmente pela Fé de que existe uma Força Maior, capaz de ILUMINAR, ativamente, as incertezas (as sombras) que a vida apresenta. Procurar escutar essa Força, entendê-la, traduzi-la, consciente de que ela não é jamais, na sua essência, contraditória,  me ajudou a percorrer algumas etapas importantes da vida.

É essa a beleza da Fé, que caminha junto e não em oposição aos caminhos da razão. Por mais que eu tenha a certeza lógica das coisas, o desconhecido, o mistério, está na ontologia da nossa existência, fazendo da Fé um aliado importante da razão, pois capaz de produzir surpresas maiores, realizações impossíveis de prever, de controlar.

A transformação exige coesão e coerência

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Assistindo a Copa das Confederações e os resultados do Brasil na competição, pude redescobrir o valor de uma boa liderança.

Em tempos de transformações políticas em escala nacional, mundial, parece que nada é mais importante do que um instrumento, capaz de canalizar as energias que abastecem as reivindicações, para a concretização dos objetivos e projetos futuros. A famosa coesão. Nisso, acredito eu, o esporte é capaz de ensinar muitas coisas.

Nos últimos três anos, vimos o futebol brasileiro em queda vertiginosa, muito decorrente da corrupção escandalosa dos dirigentes ligados à Confederação Brasileira de Futebol, mas, principalmente, pela incapacidade de liderança do ex-técnico Mano Menezes. Nunca se sabe os interesses que se escondem nas entrelinhas do mundo do futebol, mas analisando as escolhas técnicas de Mano, emergem evidentes as suas limitações.

Pois bem,  Mano foi despedido e no alugar assumiram, juntos, Felipão e Parreira, que são: coração e cabeça, agitação e serenidade, raça e estratégia. A riqueza complementar desses opostos parece ser a chave do sucesso e da recuperação da Seleção Brasileira. Esses dois dos mais vitoriosos treinadores de futebol, além das capacidades profissionais indiscutíveis, são também pessoas verdadeiras, humanas, transparentes e coerentes.

Para lidar com pessoas focadas em um grande projeto é necessário, antes de tudo, coerência. Ouvindo as declarações dos jogadores a respeito do ambiente na seleção, dá pra perceber que o testemunho dos membros da comissão técnica “revolucionou”, já “de dentro”, a Seleção Brasileira.

Voltando para a política e pensando os desdobramentos  da Revolta do vinagre, percebi que estamos em uma outra conjuntura. A mobilização contra o GOVERNO se fragmentou em inúmeras reivindicações e o seu caráter apartidário parece impedir que as vozes ressoem de maneira unitária, na figura de líderes capazes de gerar coesão entre todos os anseios.

Não sei o quanto essa falta de personificação das lideranças promove (ou ajuda a promover) o apartidarismo e, até mesmo, o ANTI partidarismo. Contudo, é fundamental encontrar uma forma de construir, democraticamente, um projeto comum e não simplesmente renegar o status quo da política nacional.

Acredito que a saída nasce sempre da “harmonia das diferenças”. Uma proposta talvez seria encontrar formas de fomentar uma abertura institucional, para que o povo e os políticos profissionais trabalhem juntos pelo bem do Brasil. O voto distrital parece ser um caminho.

Além de um Movimento

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Ontem, uma experiência interessante, simbólica, fruto do erro banal de quem publicou uma mensagem inadequada em um grupo que participo no facebook, me fez pensar no quão relativo pode ser pertencer a uma “instituição” religiosa.

No mês passado escrevi um texto sobre ser ateu, que exprimia bem qual tipo de religiosidade considero adequada, levando em conta, principalmente, a importância de ela promover o bem pessoal e comunitário.

A foto e a mensagem de ontem me mostrou, novamente, que nem sempre o pertencimento a um grupo religioso nos faz pessoas melhores, sérias e, principalmente, coerentes.

Nada contra as escolhas do “publicador” e a sua intenção, a principio bonita, de partilhar uma alegria pessoal com a “multidão” virtual que, acredita-se, tem o mesmo Ideal que ele. Foi na verdade a forma e o conteúdo da exposição pública que gerou um certo desconforto generalizado e me fez refletir sobre o  significado do acontecimento.

Na história da humanidade, muitos Movimentos religiosos vieram, transformaram a sociedade vigente e depois passaram. Interessante é perceber que dois fatores principais: a difusão e a morte do fundador, influenciaram no gradativo declínio dos ideais originais e na fragmentação da vida comunitária que girava em torno dessas ideias. Esse é um risco que qualquer Movimento, religioso (ou não), pode correr.

(Vimos nos recentes protestos políticos – para sair do universo religioso – que, quanto mais “a luta” se difundia, mais ela perdia sua unidade, se despedaçando em infinitas causas e, de certo modo, perdendo as demandas centrais que motivaram o movimento).

Na verdade, o que mais tenho me perguntado nos últimos dias é: como fazer com que a “luta” plasme a nossa cultura cidadã, transformando a maneira de fazer políticas, de sermos agentes políticos? E, no caso de um grupo religioso: o que fazer para que o Ideal seja estilo de vida e não se transforme em uma simples estrutura moralista que nos faz ser, publicamente, de um jeito e “por trás”, de outro?

Mais do que seguir ou não um Movimento, é preciso buscar a harmonia da coerência no nosso estilo de vida. Cada escolha exige, na sua essência, o sacrifício pessoal e o compromisso comunitário. Por isso ela deve ser verdadeira, antes de tudo, para quem a fez.

São questionamentos pessoais que cada um deve buscar refletir, para não viver uma vida esquizofrênica.

Basta de sermos só o país do futebol

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Passada a alegria de ver o Brasil ganhando mais um campeonato de futebol, acordei e fui trabalhar. Nenhum sinal aparente de festa nas ruas da minha São Paulo, ninguém falando só do jogo de ontem no trabalho, nada de exageros de patriotismo e uma única certeza: felizmente, não somos mais só o País do futebol.

No último século, fomos vistos internacionalmente assim: País do futebol (como também do carnaval = mulatas seminuas dançando, das praias, da desigualdade social, da violência).  Esse “status” é, na minha opinião, mais sinal depreciativo, que admiração e respeito pelo Brasil.

Mas, de maneira inesperada (como foi a ascensão do time de futebol brasileiro na Copa das Confederações) despontamos, corajosamente, sedentos de mudanças sociais, cansados de aceitar comodamente os desmandos e descasos da classe política do Brasil e fomos, como um povo, para a rua.

Esse sinal visível de tomada de consciência é a oportunidade que sonhávamos para exigir um país mais justo, menos corrupto e transformar nossos valores, nossa hospitalidade, alegria, em um patrimônio social, um legado para as próximas gerações.

A vitória no futebol não é NADA comparável as vitórias sociais que os protestos em todo o país vem produzindo, nos corações e mentes das pessoas, mesmo que ainda as mudanças concretas sejam pequenas – individual e coletivamente -, mas é inevitável: #ogiganteacordou.

Com a mesma paixão que milhares de torcedores cantavam o hino do Brasil antes de cada jogo de futebol, outros milhares foram às ruas, pacificamente, exigir uma VITÓRIA SOCIAL, quem sabe, com a mesma dedicação, respeito e seriedade que Scolari exigiu de seus jogadores na Copa das Confederações. (Infelizmente a Dilma parece não entender a pedagogia por trás do esporte).

Agora é hora de se preparar para o grande evento político de 2014: As eleições! Mas para isso, temos que treinar muito a nossa cidadania, cobrando a classe política, promovendo a consciência social e a formação, para sermos o país que todos esperamos… Campeão em educação, saúde, justiça social, respeito, honestidade….

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