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Uma das poucas coisas que me lembro do pensamento kantiano são os dois conceitos de verdade. O que é verdadeiro, segundo o pensador, pode ser concebido de maneira analítica, alicerçada pela razão lógica, ou sintética, fruto da experiência. Mesmo que a teoria de Kant tenha sido questionada e até mesmo negada por físicos posteriores, como o grande Albert Einstein, aplicando-a, com simplicidade infantil, a algumas dimensões da vida, ela ainda faz muito sentido.

Por exemplo. Raciocinando a respeito das dinâmicas da natureza é possível concluir que, praticamente tudo o que é benéfico para essa, se desenvolve a partir da relação “natural” entre os seus elementos, sem uma necessária intervenção (peçonhenta) do ser humano. Esse raciocínio analítico, complementado (e não polarizado) pela síntese “experimental”, cria fundamentos ainda mais sólidos para essa conclusão.

Foi partindo desses pressupostos que, durante uma visita médica, fui surpreendido pelo discurso do  ginecologista da minha esposa, que nos sugeriu métodos anticoncepcionais artificiais se realmente queremos nos prevenir de uma gravidez indesejada.

Bom, só para esclarecer! Não é (somente) o fato de ser cristão que nos faz optar, como família, a usar métodos naturais para uma concepção “planejada”.  Nós também acreditamos que as coisas naturais são as mais benéficas, para nós e principalmente para a mulher (é noto de que os métodos anticonceptivos injetam no corpo feminino substancias químicas que podem dificultar uma futura concepção).

Contudo, certamente, os métodos naturais também têm uma (importante) dimensão espiritual. Como cristãos, nos casamos acreditando que (nosso) Deus tem um papel fundamental para a nossa felicidade e no caminho que construímos como família. Mesmo se optamos, neste momento, em não ter filhos, queremos (e nos esforçamos para) estar abertos ao Seu projeto para nós. ( É fundamental também saber que os métodos naturais, se realizados de maneira séria e responsável, têm um altíssimo índice de sucesso).

Claro, a busca de viver o “natural”, no que diz respeito à concepção responsável, prega muitos sustos! Viver esse método não permite a segurança “100%” de que, depois de cada ciclo da mulher, não haverá um novo ser humano concebido.  Essa insegurança gera uma tensão e um temor mensal, mas que, aos poucos, vai se plasmando “naturalmente” na dinâmica da família.

Enfim, está é uma verdade sintética desafiadora e, sobretudo, fantástica.