Ufff!!

Dizem que viagem começa nas vésperas, no momento em que se começa a fazer as malas.

Bom, nesse caso então começo a viajar HOJE!

Ontem vivi a última etapa de preparação. Fui ao “Consolato Generale Italiano” para pegar o passaporte com o visto “de lunga durata”.

Assim que passei pela catraca e recebi minha senha, não me contive o sorriso quando vi que era justamente o número 23. Certeza de sucesso! (superstição?)

Depois de uma hora de espera, tudo certo! Agora sim posso viajar!

Essa introdução teria inúmeras páginas se levasse em consideração todas as “providências” que recebi nos últimos 5 meses. Talvez pudesse escrever um romance, uma linda história de amor, de Deus por mim, em primeiro lugar, mas também por meio de tantas pessoas, conversas. O amor não é uma fantasia, é um sentimento muito concreto.

Mas enfim… vou!

Só que é justamente aqui que eu questiono a primeira frase escrita nesta introdução, pois, para mim, essa viagem começou há muito tempo, há 26 anos!

Quem me conhece sempre me achou ou “estranho” (pejorativo) ou “louco” (positivo) . E posso dizer, de coração, que me encaixo perfeitamente em ambas definições.

Desde que entendi que a minha vida se FAZ na medida em que coloco a disposição meus talentos para construção de projetos verdadeiros de mudanças, (em vez de dar dinheiro para grandes empresas que exploram seus funcionários ou outras que limitem a capacidade de mostrar a Verdade para quem recebe a informação) percebi que faria um caminho “diferente” dos meus colegas de profissão.

Felicidade para mim nunca foi trabalhar em uma grande emissora de TV, nem ser um grande do mundo do jornalismo impresso, da comunicação. Eu nunca quis ter muito dinheiro, nem aparecer na televisão. Para mim Jornalismo não é nada além de um SERVIÇO, algo que me faz SER e consequentemente me dá a responsabilidade perante as pessoas, ao mundo.

Por isso vou atrás dela.

Lembro-me bem da conversa com uma colega na universidade (@amanda kamanchek) que, abismada pelo meu propósito de ser jornalista na África ou no Oriente Médio, me perguntou: “Mas no Brasil já não existem pobres suficientes para ajudarmos?”“_SIM!” – respondi e acrescentei inspirado pelo sentimento que sempre guardei dentro de mim: “ mas existem situações-limites que uma realidade não pode mais reconstruir, pela incapacidade ou impossibilidade do diálogo, e somente alguém ‘de fora’, que não esteja envolvido ou marcado pela situação é capaz de gerar”.

O interessante que o escritor israelense David Grossman, ao participar do Roda Viva, justificou a dificuldade de resolução do conflito Israel-Palestina justamente no fato de que ambas as partes estão muito marcadas, o que dificulta qualquer possibilidade acordo ou de perdão.

Bom, mas acho que a minha justificativa bastou. Entendemos (eu e a Amanda) que esse desejo de deixar a própria pátria, a família, o próprio mundo, para ajudar pessoas em outras situações, realmente nasce no coração de poucos e que traduzimos com uma palavra: vocação!

Não consigo me ver FELIZ sem a busca em realizar esse objetivo e deixo-me levar até ele, não pensando como “destino final”, mas como lugar onde devo estar, atuar e logo, transformar!!

O mestrado na Itália é uma etapa importante antes disso. É a possibilidade de incrementar a excelente formação que tive na PUC-SP, com outra universidade que preza pelo estudo teórico vinculado a vida, a minha maior exigência intelectual. Não dá pra falar em jornalismo, sem FAZER jornalismo!

Mas acho que, acima de tudo, essa mudança de vida, essa nova etapa é um continuar a ser coerente com as escolhas que fiz até aqui.

O objetivo não é estar na África, no Oriente Médio, no Brasil, na Itália. O que vale aqui é a busca consciente de uma felicidade profunda, verdadeira, máxima e não um simples me contentar com a mediocridade que algumas vez acreditei poder aceitar como solução de “mínimo esforço”.

O que me levou a essa viagem, o que impulsiona minhas escolhas é que a Felicidade é diretamente proporcional ao sacrifício.

(continua…)