crise2Enquanto permanecemos sentados em nossos confortáveis sofás, deliciando-nos com o Show da Vida Real, vai se desenhando no mundo um cenário crítico, digno de reflexão.

De dezembro a fevereiro 750 mil pessoas perderam seu emprego no Brasil, números pequenos se comparado aos 600 mil americanos desempregados só em janeiro de 2009.

“Mas o que eu tenho a ver com isso?” pensaria o mais ingênuo cidadão. Muito, responderia qualquer estudioso econômico ou político em meio ao cenário atual.

Em um ano, 600 trilhões de dólares foram emprestados via crédito nos Estados Unidos e o que se transformou na tal “bolha” é uma dívida de mais de 30 vezes a riqueza “material” do planeta (o PIB mundial é de aproximadamente 50 trilhões e dos EUA 13 tri). Ou seja, as operações financeiras nos Estados Unidos com concessão de crédito e ações do mercado financeiro inventaram uma riqueza irreal que virou uma imensa dívida que deverá ser de alguma forma paga por alguém.

Seguindo as leis do capitalismo pensado por Marx, para que o capital superior sobreviva (geração de riqueza baseada na circulação das mercadorias, típicas de países tecnologicamente desenvolvidos, como o Japão) é necessário que exista o capital inferior (trabalho massivo “braçal”, comum na China) em sintonia.

Traduzindo: O dinheiro precisa encontrar trabalho que o justifique como moeda (valor material). Não pode ser inventado (com especulações), pois só o trabalho (físico) gera riqueza.

Mas, durante anos, não foi isso que aconteceu. Emprestou-se dinheiro inexistente gerando dividas irracionais que agora ameaçam não só os bolsos, mas a paz do planeta.

A situação econômica levou o planeta às questões políticas de regulamentação da moeda, que se choca com o capitalismo liberal de auto regulagem, tão defendido pelos países do hemisfério norte. Enquanto isso, crescem os Movimentos pró-esquerda na América Latina, como possível alternativa à crise financeira.

As manifestações também se multiplicam a cada dia com o aumento do volume mundial de trabalhadores desempregados, que acabam sendo os principais “pagadores” da irresponsabilidade e ganância do setor privado e bancário.

Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT) o número de desempregados em 2009 pode chegar a 50 milhões de trabalhadores. Estima-se que em 2008 o número total de trabalhadores na Canadá , França, Itália, Japão, Reino Unido, Alemanha e Estados Unidos é de 346 milhões (fonte: OCDE – Organização de Cooperação e desenvolvimento econômico).

“Mas o que eu tenho a ver com isso?”

Acho que a resposta para essa pergunta começa a ficar mais clara quando vemos (ou começarmos a ver) que muitos conhecidos perderam seus empregos e entrar no Mercado de Trabalho está se tornando quase impossível nesses tempos de Crise.

Mais gente desempregada aumenta as possibilidades reais de mal estar social e problemas graves potencializados com a criminalidade.

Em 2010, nós brasileiros teremos a difícil missão de escolher um presidente competente para os tempos difíceis que se aproximam. Aqui não se discute mais se é PT ou PSDB, mas se queremos um capitalismo liberal ou intervencionismo estatal para os desdobramentos econômicos. Isso me faz pensar numa pergunta: Por que acreditamos ainda que poucos privilegiados (banqueiros, sobretudo) são mais capazes por gerenciar a vida de milhões de pessoas?

Como recebi em um email:

Dizem que 40 bilhões de dólares seriam necessários para resolver o problema da fome no mundo. Resolver, extinguir. Não haveria mais nenhum menininho terrivelmente magro e sem futuro, em nenhum canto do planeta. Não sei como calcularam este número. Mas digamos que esteja subestimado. Digamos que seja o dobro. Ou o triplo. Com 120 bilhões o mundo seria um lugar mais justo.

Não houve passeata, discurso político ou filosófico ou foto que sensibilizasse. Não houve documentário, ong, lobby ou pressão que resolvesse. Mas em uma semana, os mesmos líderes, as mesmas potências, tiraram da cartola 2.2 trilhões de dólares (700 bi nos EUA, 1.5 tri na Europa) para salvar da fome quem já estava de barriga cheia.”

Que mundo queremos para o futuro? Que mundo vamos deixar para quem vier?