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Aquele gesto, o abraço e a mão no ombro mostravam que nem a doença era capaz de abalar uma amizade profunda. A despedida era realmente um “até Logo”.

Francisco e Bruno sempre foram amigos inseparáveis. Porém, como acontece em toda relação duradoura, a morte foi a única capaz de separá-los.

Naquela tarde chuvosa de verão, enquanto eles caminhavam para o ginásio de esportes, durante a cansativa preparação para os Jogos Regionais, Bruno sentiu uma forte dor no baço, que o derrubou em gemidos quase intermináveis.

Assustado Francisco gritou, mas o socorro não veio. Depois de 30 segundo Bruno parou de gemer e se levantou com dificuldades.

Olhando-se as palavras eram insuficientes para descrever o alívio de ambas as partes. Estavam vivos!

O treino sucessivo aconteceu como todos os dias. Alongamento, aquecimento, treino de fundamentos e coletivo, mas nem Bruno e muito menos Francisco sabiam que era a última vez que jogavam basquete juntos.

Bruno voltou a sentir aquelas dores fortes e naquela mesma noite foi levado pelo irmão para o hospital. Era um tumor no estômago.

O desespero invadiu como um vírus a paz da família de Bruno. Todos os conflitos esquecidos voltaram à tona diante daquela situação.

“Mais um mês de vida”, disse o médico com os olhos lacrimejantes.

Enquanto os pais e familiares se desesperaram, Bruno encarou a situação como os segundos restantes do último quarto de uma final de basquete. Tinha aquele “tempo técnico” para pensar na última estratégia e estava apostando todas as fichas.

Decidiu então aproveitar para conversar com todas as pessoas que tinha construído alguma espécie de relacionamento fraterno, mas também aqueles que, de alguma forma, acabou se desentendendo ou brigando. Queria compartilhar a sua passagem com todos, ajudando cada um a aceitar que “a vitória, muitas vezes exige sacrifícios”, frase preferida do técnico do time em que jogava.

O mês passou rápido, mas nas vésperas do seu “último arremesso” sentia uma felicidade plena. Havia jogado muito bem e agora estava prestes a vencer.

Fechou os olhos e lembrou daquele gesto, do abraço e a mão no ombro mostravam que nem a doença era capaz de abalar uma amizade profunda. Logo, logo estariam juntos carregando o troféu, na infinita Volta Olímpica.